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Neste dossier inclui-se o capítulo que se segue e que fez parte do relatório do sector operário ao I Congresso do P.R.P. em Setembro de 1973. Voltamos a incluir este pequeno capítulo no volume do dossier P.R.P.
Achamos que não podíamos deixar de incluir no dossier Brigadas Revolucionárias o que foi a preparação do 1.º de Maio de 1973. Como se verá pela descrição, a preparação das várias acções que precederam o primeiro de Maio, disse respeito não só às Brigadas, mas, e sobretudo, ao sector operário, e a outros sectores de luta. Pela primeira vez a organização actuou como um todo, conjugando acções armadas com acções de massas e levando à prática aquilo que era dito nos documentos. Isto pressupôs um grande esforço orgânico e a organização actuou como um partido quando ainda não se intitulava como tal. Das acções do primeiro de Maio de 1973 até ao Congresso de Setembro de 1973 em que foi criado o P.R.P., desenrola-se um período durante o qual não é realizada qualquer acção.
Foram meses de preparação do Congresso, no sentido de consolidar a organização e de estabelecer uma clara definição.
Mas foi no 1.º de Maio de 1973 que o Partido se concretizou. Nas acções que se fizeram e nas que se não fizeram. Na preparação e na crítica. Em tudo isso as Brigadas foram apenas um dos vários sectores de luta, um dos vários contributos. E deste modo se ultrapassaram a si próprias, para ser parte integrante duma luta global, para serem uma das muitas formas de luta. Aí também a prática da violência foi estendida a toda a organização, participando nas acções à quase totalidade dos militantes. Assim se concretizava o objectivo determinado de generalizar a prática da violência e de não a reservar para «técnicos» ou «especializados».
Seguem-se os três pontos deste capítulo: Preparação, Balanço, Revisão do 1.º de Maio. Mantem-se a redação integral, tal como foi escrito pelos camaradas da direcção do Sector Operário. Através dele sente-se também o que era a vida da organização em pleno fascismo.
Estabeleceu-se como objectivos da movimentação dos trabalhadores para este dia: desmascarar sobretudo o processo de contratação colectiva de modo a transformar as reivindicações económicas em lutas políticas de massas e, portanto, ser um convite à organização clandestina da classe ope- rária.
Considerámos justas para este dia as seguintes acções:
Por isso, considerámos que a paralização dos transportes colectivos não era justa, porque não permitia aos trabalhadores o acesso aos locais de trabalho, sendo por isto uma medida desmobilizadora em relação aos objectivos.
Surgiram possibilidades de apoio de sectores a nível de comissões de unidade e de grupos de estudantes combativos, já com certa experiência neste tipo de trabalho.
Fizemos o ponto da preparação do dia 1.º de Maio:
Decidiu-se então o lançamento de taxas especiais para provocar o engarrafamento do trânsito e assim dificultar a intervenção imediata da polícia de choque, permitindo deste modo a manifestação ruidosa.
O corte da electricidade não foi possível devido a deficiências técnicas dos detonadores, apesar dos camaradas das Brigadas terem o plano da execução completo.
Na verdade, muitos militantes nos locais de trabalho estavam preparados, ainda que sem comités unitários formados na maior parte dos casos, para aproveitarem politicamente o momento da paralização, até porque estavam informados da possibilidade de corte da electricidade.
De qualquer modo, era a primeira vez que o aparelho armado do Movimento actuava com prazos fixos. Pareceu-nos de grande importância esta experiência para futuras acções conjuntas.
Viu-se ainda que cada acção armada deve ser acompanhada imediatamente de informação às massas, porque o impacto produzido pode ser atenuado ou até desacreditado por boatos da Pide.
Sentiu-se agora a necessidade absoluta da montagem de uma maior rede de infra-estruturas a nível de produção da informação (máquinas de escrever, policopiadores); que a capacidade de decisão, na altura da manifestação, deveria ser mais eficaz, devendo portanto atender-se aos meios de deslocação dos elementos de ligação; que os meios de apoio (tachas, neste caso) devem ser devidamente testados, para não surgirem supresas nos momentos decisivos.
Inclusão | 17/06/2019 |