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Entre nós, dadas as condições de país semicolonial, bestialmente explorado pelo imperialismo, grande parte da pequena burguesia mais pobre já percebeu que outra perspectiva não tem senão a sua integral proletarização, daí a simpatia apenas tímida que tem pelo Partido Comunista do Brasil, refletida nas centenas de milhares de votos nas eleições. O processo fatal, ininterrupto e cada vez mais acelerado da pauperização dessa parte da pequena burguesia, porém, torna-la-á, em futuro próximo, menos tímida e radicalizará grandes camadas.
Apesar de tão precária situação econômica e social do Brasil, a verdade é que estamos vivendo o século do socialismo e cada vez mais amplas camadas de trabalhadores brasileiros adquirem consciência do seu papel histórico de coveiros do capitalismo e construtores da nova sociedade, e isto é mais importante do que tudo, como também muitos elementos dos mais esclarecidos e valorosos da burguesia, principalmente da pequena burguesia, dela se destacam e se põem corajosa, desprendida e abnegadamente ombro a ombro com o proletariado nacional a lutar pela libertação nacional e social.
Os exemplos de Prestes, o ex-Cavaleiro da Esperança da nossa pequena burguesia, e Agildo Barata, para só falar nos que conheço, são de emocionar e impressionar as mais amplas massas trabalhadoras do Brasil, tão torpe e vilmente exploradas pelo imperialismo.
Prestes e Agildo, pequeno-burgueses, militares, tiveram no cenário semicolonial brasileiro as maiores oportunidades de obter os mais altos postos, que repetidamente lhes ofereciam, e desfrutarem, por consequência, as mesmas vantagens e delícias que desfrutam quantos se transformaram em instrumentos conscientes ou não do imperialismo no Brasil.
Preferiram, contudo, abrir mão de uma situação certa, cômoda e agradável, por força da consciência socialista que conquistaram no estudo do Socialismo e, proletarizando-se, engajaram-se na luta pela libertação nacional e social, de braço com as massas trabalhadoras, muito embora isso lhes custasse a maior soma possível de sacrifícios pessoais de toda ordem.
Contra esses bravos e incorruptos lutadores, da mesma forma que aos comunistas em geral, os inconscientes e instrumentos mercenários do imperialismo assacam as infâmias mais soezes, as calúnias mais pútridas, numa tentativa inútil de desfigurá-los aos olhos do povo, que cada vez mais saberá amá-los e admirá-los, porque eles representam a renúncia aos prazeres fáceis à custa da traição dos supremos interesses de nossa pátria, representam admiravelmente o espírito heróico e de sacrifício de nosso povo neles encarnado.
Marx já havia previsto que homens excepcionais da classe dominante, como comprovam Prestes e muitos dos seus companheiros no Brasil, se lançariam à luta contra o capitalismo. Tal fato constitui uma fatalidade histórica, verificável em todos os países do mundo.
“Nas épocas, enfim, em que a luta de classes se aproxima do momento decisivo, o processo de desagregação se reveste, no interior da classe dominante, no interior de toda a velha sociedade, de um caráter de tal maneira violento e de tal maneira brutal, que uma pequena fração da classe dominante se destaca dessa classe e se une à classe revolucionária, à classe que tem nas mãos o futuro. Assim como, antigamente, parte da nobreza se passou para a burguesia, parte da burguesia passa-se agora ao proletariado, principalmente parte dos ideólogos burgueses que, à força de trabalho, se elevaram até à compreensão teórica do conjunto do movimento histórico.
(Marx e Engels — Manifesto do Partido Comunista — Cap. I — Burgueses e proletários — Págs. 88-89 — Edit. Calvino, 1945).
E justamente por isso, porque tais homens excepcionais, de braço dado com as camadas mais esclarecidas do operariado industrial e agrícola, sustentam, entre nós, bem alto, a bandeira dos supremos interesses do nosso povo, da nossa Pátria, tal como nos ensina a História, não haverá reação, força capaz de impedir que os trabalhadores sempre e mais entrem e cerrem fileiras em torno do Partido que historicamente se revelou como sendo o seu verdadeiro e único partido de classe, o Partido Comunista, dirigindo-o para o cumprimento do seu grande destino histórico.
Ninguém, hoje, esclarecido, mesmo sem ser comunista, como é o meu caso, em sã consciência, poderá negar que o Partido Comunista do Brasil constitui o núcleo consequente de libertação nacional e social, que se encontra à frente, patriótica e abnegadamente, dos que odeiam as guerras imperialistas, dos que são anti-imperialistas, dos patriotas sinceros, dos que de verdade amam a pátria brasileira, porque somente executando o progressista programa mínimo do PCB, será possível o Brasil lutar vantajosamente pela paz e contra a exploração imperialista, colocando-se, por consequência, nos trilhos do progresso que levam ao socialismo, com a concomitante elevação rápida do padrão de vida do trabalhador brasileiro em geral.
Enquanto a clique dominante, para defender e manter os seus privilégios, põe as riquezas do Brasil e a mocidade brasileira à disposição incondicional da voracidade do impiedoso imperialismo guerreiro ianque, provando assim, de forma clara e indiscutível, que a independência política de nossa Pátria é uma oprobriosa ficção, visto que por inteiro ela está subjugada econômica, financeira, política e militarmente, como procedem os comunistas brasileiros? A vanguarda proletária brasileira, representando os supremos interesses de nossa Pátria e do nosso povo, luta bravamente para libertar-nos da brutal e cínica dominação e espoliação imperialista.
Idêntica luta se desenvolve em todos os países dependentes e coloniais, razão por que os imperialistas e seus serviçais odeiam os comunistas, A história se repete, embora sobre bases novas. Da mesma forma que antigamente, à época da queda do feudalismo, a palavra “jacobino” provocava nos aristocratas de todos os países um sentimento de horror e ódio; hoje, época da eliminação do capitalismo, a palavra “comunista” provoca também um sentimento de horror e ódio entre os imperialistas de todos os países capitalistas.
Lênin já havia dito:
“Depois da revolução proletária na Rússia, das vitórias da referida revolução no terreno internacional, inesperadas para a burguesia e os filisteus, o mundo inteiro se transformou e a burguesia em todas as partes também se modificou. A burguesia está assustada pelo ‘bolchevismo’, está irritada contra ele até quase o limite de perder a razão, e justamente por isto acelera, por um lado, o desenvolvimento dos acontecimentos, e por outro lado concentra a atenção no esmagamento do bolchevismo pela força, debilitando com isso a sua posição em outros terrenos. Os comunistas de todos os países adiantados devem levar em couta estas duas circunstancias para sua tática.
Quando os kadetes russos e Kerenski iniciaram uma perseguição furiosa contra os bolcheviques — sobretudo depois de abril de 1917 e mais ainda em junho e julho do mesmo ano — ultrapassaram os limites. Os milhões de exemplares dos periódicos burgueses que gritavam em todos os tons contra os bolcheviques, nos ajudaram a conseguir que as massas valorizassem o bolchevismo, e graças ao “zelo” da burguesia, impregnou-se de discussões sobre o bolchevismo. No momento atual, os milionários de todos os países se conduzem de tal modo na escala internacional, que lhe devemos estar reconhecidos de todo o coração. Perseguem o bolchevismo com o mesmo zelo com que antes o perseguiram Kerenski e companhia e, como este, também ultrapassam os limites e nos ajudam. Quando a burguesia francesa converte o bolchevismo em ponto central da campanha eleitoral, injuriando por seu bolchevismo a socialistas relativamente moderados ou vacilantes; quando a burguesia norte-americana, perdendo completamente a cabeça, detém milhares e milhares de indivíduos suspeitosos de bolchevismo e cria um ambiente de pânico propagando por todas as partes a notícia de conspirações bolcheviques; quando a burguesia inglesa, a mais “sólida” de todas as burguesias do mundo, com todo o seu talento e sua experiência, comete inverossímeis tolices, funda riquíssimas “Sociedades para a luta contra o bolchevismo”, cria uma literatura especial sobre este último, toma a seu serviço, para a luta contra o bolchevismo, um quadro pessoal suplementar de sábios, agitadores, padres, devemos nos inclinar e agradecer aos senhores capitalistas. Eles trabalham para nós, nos ajudam a interessar as massas na questão da natureza e da significação do bolchevismo. E não podem agir de outro modo, porque já fracassaram em seus intentos de “silenciar” em torno do bolchevismo e afogá-lo.
Porém, ao mesmo tempo, a burguesia vê no bolchevismo quase que unicamente um dos seus aspectos: a insurreição, a violência, o terror; por isto se prepara particularmente para resistir e rechaçar o bolchevismo neste terreno. É possível que em casos isolados, em alguns países, em tais ou quais períodos breves, consigam este objetivo; é preciso contar com esta possibilidade, que para nós nada tem de temível. O comunismo “brota” em todos os aspectos da vida social, manifesta-se decididamente por todas as partes, o “contágio” (para empregar a comparação favorita da burguesia e da polícia burguesa, c a mais ‘‘agradável” para elas) penetrou profundamente em todos os poros do organismo e o impregnou por completo. Sé se “obtura” com um cuidado particular uma das saídas, o contágio encontrará outra, às vezes completamente inesperada; a vida triunfa por cima de tudo. Que a burguesia se sobressalte, se irrite, até perder a cabeça, que ultrapasse as medidas, que cometa absurdos, que se vingue de antemão dos bolcheviques e se esforce para aniquilar (na índia, na Hungria, na Alemanha, etc.) centenas, milhares, centenas de milhares de bolcheviques de amanhã ou de ontem; — ao agir assim procede como procederam todas as classes condenadas pela história a desaparecer.
(Lênin — A doença infantil do “Esquerdismo” no Comunismo — Cap. X — Págs. 117-19 — Ed. Vitória, 1946).
Mas,
“A teoria do marxismo, iluminada pelos raios brilhantes da nova experiência dos operários revolucionários — experiência de riqueza universal —, ajudou-nos a compreender as leis que regem o desenvolvimento dos acontecimentos. Essa teoria ajudará aos proletários de todo o mundo que lutam pela abolição da escravidão assalariada capitalista, a adquirir uma consciência mais clara dos objetivos de sua luta, a marchar com passo mais firme pela rota já traçada, a conquistar a vitória com maior segurança e solidez e a garanti-la.
(Lênin — Obras Escogidas — T. II — Pág. 542 — ELE, 1948 — Lo conquistado y refrendado).
Esta a simples verdade, que acabará entrando pelos olhos mesmo do mais atrasado dos brasileiros, trabalhador ou burguês.