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Exmª Senhora
Com algum atraso, de que desde já pedimos desculpa, respondemos à sua carta de 21 de Julho. Gostaríamos de corresponder à sua proposta de intercâmbio e colaboração, mas existe um mal-entendido: não somos anarquistas. Somos mencionados na revista “Utopia” apenas porque fazemos permuta com essa revista. Do mesmo modo, a editora a que estamos ligados, edições Dinossauro, e a sua publicação “Contraponto”, não são de orientação anarquista. A propósito, podemos esclarecer que a “Utopia” continua a publicar-se.
Sem outro assunto, somos, com os melhores cumprimentos,
Cara Amiga:
Correspondendo ao seu interesse em conhecer mais sobre as nossas posições enviamos-lhe, a título de oferta, o último número da nossa revista. Se estiver interessada em assiná-la, poderá preencher a ficha que juntamos, devolvendo-a com cheque ou vale postal ao nosso endereço. Enviamos também um catálogo das edições Dinossauro, a que estamos ligados, para lhe permitir conhecer o tipo de livros que editamos.
Com os nossos melhores cumprimentos
Cara Amiga:
Respondemos com atraso às suas duas cartas, esperando que não nos leve a mal, mas isso deve-se às nossas dificuldades já conhecidas neste tipo de publicações. Agrada-nos saber que tem apreciado as revistas que lhe enviámos. A propósito, um esclarecimento: a secção “Livro negro do capitalismo” não tem nada a ver com o livro do mesmo nome que foi há tempo publicado; resolvemos chamar assim a uma série de artigos de nossa autoria, depois de ter saído o “Livro negro do comunismo”. Vamos continuar nos próximos números, porque a lista dos crimes do capitalismo é realmente inesgotável.
No que se refere à sua produção poética, agradecemos a oferta, mas, como terá visto, não temos na revista uma secção de poesia, a não ser a divulgação que fazemos na contracapa de poesias de autores célebres. Se tiver interesse em colaborar com quaisquer apreciações ou comentários políticos, por exemplo, sobre a situação na Madeira, teremos muito gosto em apreciar o seu trabalho
Quanto à sua pergunta sobre a nossa filiação política: somos um pequeno núcleo de antigos membros do PC(R) e da UDP, que abandonámos cm 1984 e a nossa actividade está por agora bastante limitada à edição da revista e pouco mais. Por acaso, estamos neste momento a participar numa comissão para a comemoração do 25 de Abril popular, em contraponto com as comemorações oficiais, carregadas de muita hipocrisia, como decerto sabe. Como base para a nossa iniciativa, elaborámos um Apelo de que lhe mando cópia. Destina-se a ser publicado com assinaturas de apoio. Se por acaso estiver de acordo com ele e conhecer outras pessoas interessadas, poderia devolvê-lo para o nosso endereço até ao fim deste mês com as assinaturas recolhidas.
Por agora é tudo. Aceite as nossas saudações amigas.
Estimada Amiga:
Devo-lhe desculpas por estar a responder a três cartas suas e não ter acusado recepção das assinaturas que com tão boa vontade recolheu para o apelo do 25 de Abril. Aconteceu que o nosso empenhamento na comemoração do 25 de Abril e, logo a seguir, numa campanha contra a intervenção da NATO nos Balcãs, nos obrigou, dado as nossas reduzidas forças, a deixar para trás outras coisas. Entre elas, a correspondência, que se foi amontoando, e não foi só o seu caso.
Mando-lhe junto os dois últimos números da P.O., que julgo ainda não conhece. Por eles verá que a sua assinatura e as que recolheu não constam do Apelo que foi divulgado. Lamentavelmente, para imprimirmos e divulgarmos o Apelo com a devida antecedência, não pudemos esperar pelas assinaturas todas, pelo que muitas enviadas de fora pelo correio não foram incluídas. Pensamos fazer oportunamente uma reedição incluindo todas as assinaturas que não entraram na primeira. De qualquer modo, o objectivo principal, que era levar ao conhecimento de mais pessoas o documento e ganhar a sua adesão, não foi perdido. Ficamos-lhe gratos pelo esforço que desenvolveu para divulgar aí (…) este Apelo. Talvez lhe permita abordar futuramente algumas dessas pessoas para outras iniciativas ou dar-lhes a conhecer a nossa revista.
Mando também junto uns folhetos editados pelos colectivos “Acção contra a Guerra”, constituídos por diversas pessoas de esquerda aqui em Lisboa e que têm desenvolvido propaganda contra os bombardeamentos “humanitários” da NATO: fizemos sessões públicas, distribuímos panfletos, colámos cartazes, etc. Este grupo de pessoas tenciona agora dar continuidade ao trabalho de contra-informação editando uma folha com notícias acerca dos crimes do imperialismo americano e europeu. Quem sabe, talvez possa vir a formar aí (…) um colectivo para divulgar esta folha? Logo que houver mais publicações enviar-lhe-ei.
Por hoje ê tudo. Se tiver algumas informações daí, recortes da imprensa, etc., que lhe pareçam úteis para comentar na nossa revista, agradeço que mos envie. Renovando as minhas desculpas pelo atraso, aceite as minhas saudações
Inclusão | 12/11/2018 |