A Crise

Francisco Martins Rodrigues

Maio/Junho de 2001


Primeira Edição: Política Operária nº 80, Mai-Jun 2001

Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando Araújo.

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No espaço de alguns meses, a taxa de crescimento da economia americana passou de 4% para menos de 1%. A procura interna de bens está em baixa. Na Wall Street “evaporam-se” capitais de centenas de milhares de milhões de dólares. No Japão, o marasmo continua, apesar das medidas frenéticas para reanimar a economia. Na Argentina e na Turquia a crise declarou-se. Toda a América Latina está em recessão. Para já não falar da África...

Mesmo assim, o Banco Central Europeu afirma, tranquilizador, que o “abrandamento da economia americana não deve ter consequências importantes sobre a economia da UE”.

Então o argumento da “globalização”, sempre invocado quando se trata de impor aos operários contratos a prazo, baixas de salários, cortes de regalias, despedimentos, agora já não funciona? Com o entrelaçamento inaudito da economia mundial; com o enorme peso do mercado americano nas trocas internacionais; com a longa experiência da burguesia americana em transferir o fardo das suas crises para as costas dos outros; com a capacidade de chantagem que lhe dá a NATO - querem convencer-nos de que a Europa vai continuar a ser “uma zona de estabilidade e de crescimento”?

A crise já ronda a Europa e a economia portuguesa, ultramarginal e vulnerável, começa a sentir-lhe os primeiros solavancos. O Orçamento Rectificativo anunciado pelo Governo resume-se em poucas palavras: fazer pagar mais aos trabalhadores para animar os capitalistas. É hora de preparar o movimento operário para resistir À ofensiva que aí vem e cuja meta é fazer-nos “apertar o cinto”, ou seja, passar fome.


Inclusão 18/08/2019