Mensagem aos Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas

Francisco Martins Rodrigues

Junho de 1985


Primeira Edição: Texto de FMR aprovado na Assembleia Constitutiva da OCPO, Junho de 1985.

Fonte: Francisco Martins Rodrigues - Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando A. S. Araújo.

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Lisboa, Junho de 1985

Ao constituir-se, a Organização Comunista “Política Operária” considera seu dever dirigir-se aos partidos e organizações marxistas-leninistas, para os informar sobre as condições em que surgiu e dos objectivos que pretende alcançar.

A OCPO resulta de uma cisão ocorrida no Partido Comunista (Reconstruido) em finais de 1984, devido a um processo de luta interna que vinha desde há tempo a desenvolver-se naquele partido.

Efectivamente, no 4º Congresso do PC(R), de Março de 1983, foi submetida a profunda crítica a actividade anterior do partido. O congresso considerou que a política do PC(R) desde a sua fundação esteve dominada por uma plataforma centrista de compromisso operário-pequeno-burguês, expressa nas seguintes questões:

O 4º Congresso do PC(R) concluiu que a “via do 25 de Abril do povo”, ao procurar fundir os interesses revolucionários da classe operária com o reformismo da pequena burguesia democrática numa corrente popular única, impedia a formação de uma vanguarda proletária revolucionária, perpetuava a menoridade política da classe operária, limitava a luta contra o revisionismo, alimentava a crise permanente no partido e ameaçava conduzi-lo à degeneração oportunista.

O congresso definiu novos fundamentos para a táctica do partido, guiados pelo objectivo da hegemonia do proletariado, encarregou o CC de elaborar o projecto de programa do partido, determinou uma luta sistemática contra o oportunismo de direita e o centrismo, traçou um plano de bolchevização do partido, assente em fortes células de fábrica, etc.

Contudo, imediatamente após o congresso, o CC eleito começou a manifestar forte resistência a levar à prática a viragem profunda exigida pela instância suprema do partido. Limitou ao máximo a crítica ao centrismo, adiou as tarefas centrais de que fora encarregado e passou, em aliança com a ala direita do partido, a atacar a ala esquerda, que estivera na origem do 4º Congresso.

Nesse processo de luta interna, conduzido em flagrante desrespeito pelo congresso, o CC passou a impedir todo o debate nos organismos partidários, atropelando as normas estatutárias e caluniando a esquerda do partido como “anarco-trotskista”. Foram assim despromovidos para a base com pretextos fúteis três membros do CC e vários membros de comités regionais, que se batiam pela aplicação das resoluções do 4º Congresso.

Este processo antileninista culminou em Outubro-Novembro de 1984 com o abandono do PC(R) por 40 membros (3 deles do CC eleito, 8 de comités regionais, a quase totalidade dos redactores do órgão central, etc.), que estão na origem do agrupamento agora criado.

É objectivo da Organização Comunista “Política Operária” agora constituída desenvolver actividade de propaganda, agitação e organização junto do movimento operário, sobretudo através da edição de uma revista de crítica marxista-leninista, que lance os alicerces do programa, da estratégia, da táctica e dos estatutos do futuro Partido Comunista, que urge construir em Portugal. É para nós claro que o PC(R) já não pode vir a ser esse partido. É também nosso objectivo contribuir para o ultrapassar da crise em que se debate o movimento marxista-leninista internacional.

Entre os problemas teóricos e ideológicos que “Política Operária” se propõe clarificar dum ponto de vista marxista-leninista, destacamos:

  1. balanço crítico à experiência da construção do socialismo, ao processo de degenerescência da URSS e ao papel de Staline, enquanto questão principal do marxismo nos nossos dias;
  2. balanço ao papel de Mao Tsetung e do maoísmo na degeneração da revolução chinesa;
  3. crítica ao 7º Congresso da IC, ao relatório de Dimitrov e à sua política de Frente Única e Frente Popular, como origem da degeneração dos partidos comunistas no mundo capitalista;
  4. crítica à teoria da Democracia Popular como falsificação da teoria leninista da revolução e causa da degenerescência dos regimes da Europa de Leste;

Neste sentido nos propomos trabalhar, unidos com os marxistas-leninistas de todos os países.

A Assembleia Constitutiva da OCPO


Inclusão 16/10/2018