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Ainda o meu canto dolente
e a minha tristeza
no Congo, na Geórgia, no Amazonas
Ainda
o meu sonho de batuque em noites de luar
Ainda os meus braços
ainda os meus olhos
ainda os meus gritos.
Ainda o dorso vergastado
o coração abandonado
a alma entregue à fé
ainda a dúvida.
E sobre os meus cantos
os meus sonhos
os meus olhos
os meus gritos
sobre o meu mundo isolado
o tempo parado.
Ainda o meu espírito
ainda o quissange
a marimba
a viola
o saxofone
ainda os meus ritmos de ritual orgíaco.
Ainda a minha vida
oferecida à Vida.
ainda o meu desejo.
Ainda o meu sonho
o meu grito
o meu braço
a sustentar o meu Querer.
E nas sanzalas
nas casas
nos subúrbios das cidades
para lá das linhas
nos recantos escuros das casas ricas
onde os negros murmuram: ainda
O meu Desejo
transformado em força
inspirando as consciêcias desesperadas.
Inclusão | 05/11/2016 |