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Primeira Edição: The Call, 26 de dezembro 1918, página 4
Tradução: Talita Guglak da versão disponível em https://www.marxists.org/archive/montefiore/1918/12/26.htm
HTML: Fernando Araújo.
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As eleições que nos foram impostas por nossos Junkers inescrupulosos, lideradas por seu galês demagogo, acabaram. Quanto aos resultados de nossas candidaturas do Partido Socialista Britânico (B.S.P.), esperamos por elas com calma filosófica, bastante cientes de que se a atual onda de revolta organizada não invadir Westminster e varrer os políticos falastrões e advogados mentirosos, a próxima, que terá se fortalecido em um ano ou dois, fará. A eleição recente foi um esquema planejado e profundamente consolidada por parte do inimigo, é visível no funcionamento do voto das mulheres e na astúcia vaidosa em apressar o dia da votação antes do retorno dos soldados e dos marinheiros. É de conhecimento que há anos as mulheres eleitoras municipais eram a espinha dorsal da ignorância e da reação; elas foram assim cuidadosamente selecionadas como eleitoras parlamentares, e a elas foi adicionada a grande massa de mulheres casadas cujos maridos são contribuintes. Todas as mulheres jovens, bem estudadas, mais evoluídas e com consciência de classe foram cuidadosamente excluídas na urna eleitoral da importante eleição que decidiria qual classe reconstruiria o mundo após a guerra dos capitalistas o deixar em ruínas. Novamente, que chance nossos soldados e marinheiros tiveram nos portos e confins no extremo norte da Rússia, nos desertos arenosos da Mesopotâmia, do Egito ou da Palestina, de ponderar as questões as quais esta eleição recente foi travada? Como podem eles, nessas partes remotas do mundo, terem acesso à literatura escrita por sua classe, para sua classe, a fim de refutar as promessas baratas e mentirosas e a retórica do mestre e da classe lucrativa? Veja a questão da moradia, que o Sr. Lloyd George em cada um de seus discursos colocou mais notavelmente diante dos olhos de suas eleitoras. Será que os milhares de soldados e suas esposas percebem que não pode haver resposta à questão da moradia enquanto as terras estiverem nas mãos dos proprietários privados? Os camponeses russos perceberam isso e fizeram a socialização das terras com base em sua exigência. Logo veio a socialização de outras coisas (como as ferrovias, os canais, as fábricas, as minas, e as oficinas) essenciais para a vida do povo; e assim, somente assim, a questão da habitação poderia ser resolvida na Grã-Bretanha. Se o aluguel tivesse de ser pago somente pelo terreno e o lucro pago pelo ferro, pela madeira, pelo cimento, pelos tijolos, pelas telhas usadas na construção de casas necessárias, os aluguéis seriam avaliados em uma taxa além do que os trabalhadores podem pagar, como é o caso nos esquemas de Garden City. O soldado lutou pelo seus país, lutou pelo seu lar. Ele deve ter seu lar e seu jardim, ele merece isso; mas ele deve tê-lo sem gerar lucros aos proprietários e acionistas. Novamente, na questão da formação, o Sr. Lloyd George em seus discursos eleitorais discutiu sobre os filhos dos trabalhadores recebendo a mesma formação dos filhos dos ricos. Ninguém pode saber melhor que o Primeiro-Ministro que tal estado educacional das coisas é impossível enquanto todos os privilégios estão com as classes dominantes, e todos os recursos educacionais mais ricos estão nas mãos deles. Ora, esses privilégios especiais foram, na Lei de Reforma de 1832, duplamente seguros mantendo a representação parlamentar às Universidades, e dando a estas um dia de votação especial, para que assim a Votação do Privilégio Plural pudesse ser exercida. Até que podemos de fato democratizar nossa formação, para que nenhum professor nas Escolas do Conselho tenha de ser chamado a ensinar uma sala com mais de vinte crianças, e até que essas crianças sejam mantidas pela comunidade em condições de saúde que as permitam receberem uma instrução rentável, não teremos começado a “tornar o mundo seguro para a democracia”.
Está dentro dos limites da possibilidade que os presunçosos anúncios nas colunas do “Daily Mail”, em que o Sr. Lloyd George declara apoio a ele e a seus amigos lucrativos nas urnas, alegando que “ele venceu a guerra, e dado votos às mulheres”, pode passar pelo censor mais facilmente do que a literatura do Partido Trabalhista, e que na costa de Murman e no Mar Negro nossos soldados e nossos marinheiros podem às vezes confundir ficção com fatos. É bom, portanto, que eles sejam capazes de ler as opiniões de alguns sobre essa questão de “ganhar a guerra”, que não podem ser acusados do socialismo, e que ainda não apoiam o Sr. George em sua afirmação de que ele ganhou a guerra. Lord Mersey, ao assumir o posto do Sr. Asquith em junho deste ano disse: “Ninguém poderia prever quando a paz viria, e mesmo assim muitos anos devem se passar até que possamos dizer quem foi o vencedor da guerra”. E Lord Buckmaster teria dito em um discurso no National Liberal Club: “Os verdadeiros vencedores da guerra serão determinados dez ou vinte anos depois, e eles serão a nação que poderá enfrentar o descontentamento crescente de um povo desiludido, para evitar a fome crescente, e salvar seu povo da falência universal que a Europa está acelerando a cada dia em ritmo vertiginoso. Portanto, na opinião dos que não são demagogos à procura de votos, a guerra ainda não foi vencida, as nações do mundo estão ameaçadas com a “fome crescente e a falência”, e o povo está desiludido, de forma geral. Isto. Importante fazer uma nota para referência futura desses pontos interessantes, uma vez que são os problemas efusivos que, supostamente afetam, de maneira especial, os países que optaram pelo bolchevismo! Quanto à alegação do Sr. Lloyd George que ele deu voto às mulheres, e, portanto, merece a gratidão destas, nossa resposta é que apenas os soldados lutaram para vencer a guerra, então as mulheres lutaram para conseguir sua liberdade política. Elas ainda não terminaram sua luta porque os soldados ainda não têm suas casas pelas quais lutaram, e apenas algumas mulheres foram emancipadas e a resposta delas ao Sr. Lloyd George é: “Obrigada por nada”.
Enquanto isso nosso trabalho de formação, organização e agitação torna-se cada vez mais árduo. Nós, marxistas, defendemos a interpretação que sozinha pode ajudar o povo a cristalizar seus átomos espalhados de rebelião em uma inteligente, ordenada, insistente exigência, apoiada pela ação política e industrial. Nunca os capitalistas forneceram tantas condições favoráveis para a disseminação da formação industrial e a agitação. Para a continuidade da guerra deles, eles trouxeram trabalho dos confins do mundo, e o fermento da luta de vida e morte das massas, lutando corpo a corpo pelos interesses de seus mestres e opressores, ensinou ao povo o que mais nada poderia ter ensinado a eles, que se a vida vale a pena ser vivida, vale a pena ser controlada, e que daqui para frente nem imperadores, reis, políticos, nem padres deveria controlar os destinos dos trabalhadores mais do que eles mesmos, através de seus próprios conselhos soviéticos, eleitos somente pelos trabalhadores, deve tomar e manter o benefício de toda a comunidade o poder que administra todas as coisas que são necessárias para a vida em comunidade. Dessa forma, não será qualquer país que venceu a guerra, mas serão os trabalhadores do mundo que a vencerão, e que ao mesmo tempo ganharão o mundo para os trabalhadores.