Conceitos Fundamentais de O Capital
Manual de Economia Política

I. Lapidus e K. V. Ostrovitianov


Livro nono: O imperialismo e a queda do capitalismo
Capítulo XXIV - Transformação da concorrência em monopólio e formação do capital financeiro - O regulador dos monopólios
121. Monopólios capitalistas e empresas “selvagens”


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A formação dos monopólios capitalistas não significa absolutamente o desaparecimento das empresas não associadas, chamadas “selvagens”. Os números que mencionamos o indicam suficientemente.

Os cartéis, os trustes, os sindicatos e todas as outras associações capitalistas vão de encontro frequentemente à resistência de capitalistas mais ou menos fortes que, por diversos motivos, não querem entrar na associação.

A luta contra esses capitalistas “selvagens” é geralmente encarniçada e dispendiosa.

Os monopólios chegam a vender com prejuízo para arruinar o “selvagem”, pela concorrência; procuram privá-lo da matéria prima, entendendo-se com os fornecedores desta; procuram privá-lo da mão-de-obra, entendendo-se com os sindicatos operários; procuram privá-lo dos meios de transporte e de crédito; procuram eliminá-lo do mercado; compram as ações da empresa inimiga e as vendem na Bolsa, de modo que lhe cause prejuízo, abalando a confiança que inspira; chegando mesmo aos atentados contra os armazéns e à sabotagem das mercadorias do concorrente.

Esta luta termina habitualmente pelo desaparecimento ou pela submissão dos “selvagens”. Acontece também que ela os obrigue a se organizarem. A luta continua nesse caso entre associações rivais e a vitória coroa o mais forte.

Na economia capitalista, chegada à sua última fase de desenvolvimento, ao lado dos monopólios e de seus grandes concorrentes “selvagens”, podem entretanto subsistir empresas. relativamente pouco importantes. Estas pequenas empresas mantêm-se geralmente as indústrias de uma técnica relativamente atrasada, onde a produção tem por fim satisfazer as exigências individuais dos fregueses (produção de artigos de luxo, de instrumentos de precisão, etc.).

Esta produção está, compreende-se facilmente, completamente submetida aos grandes capitalistas e não pode ter um papel independente.

Observemos, ainda, que os grandes capitalistas, combatendo as empresas que permanecem independentes, estão interessados na existência de um certo número dentre elas.

Variando sem cessar a procura de mercadorias na sociedade capitalista, e sendo a diminuição da produção particularmente desvantajosa para as grandes empresas, os monopólios esforçam-se em regular sua produção de modo a não fornecer senão os pedidos mais regulares. O resto dos pedidos — as partes variáveis destes — eles as banadonam às empresas não associadas, que assumem desde então todos os riscos devidos as flutuações do mercado.

As empresas “selvagens” desempenham, assim, em face dos monopólios capitalistas, uma função protetora.


 

Inclusão 10/06/2023