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Aonde conduz a reprodução capitalista ampliada? Quais são as tendências do desenvolvimento da economia capitalista?
A concentração e a centralização do capital, o crescimento das grandes empresas, são os primeiros resultados do desenvolvimento capitalista.
A procura do lucro e a concorrência obrigam, já o dissemos, o capitalista a recorrer à acumulação. Mas como a acumulação lhe dá a possibilidade de aumentar o lucro e de resistir à concorrência?
A causa essencial deste fato está no desenvolvimento das empresas, que se torna possível pela acumulação.
As maiores empresas são, em regra geral, nas condições do capitalismo, as mais firmes e as mais lucrativas.
Que vantagem oferecem elas em comparação com as pequenas empresas?
Os baixos preços das mercadorias são a principal arma dos capitalistas, na concorrência. Diz Carlos Marx, no Manifesto Comunista, que eles constituem “a artilharia pesada da burguesia”.
A grande produção tem, mais do que a pequena, possibilidade de recorrer aos melhoramentos técnicos a fim de diminuir os preços. Os progressos da ciência e da técnica estão à sua disposição, podendo instalar laboratórios e pôr a seu serviço os inventores e os engenheiros mais talentosos. A superioridade técnica de uma empresa assegura a possibilidade de produzir com um gasto de tempo inferior ao que é socialmente necessário, assegurando por isto um superlucro diferencial, mesmo no caso de venda das mercadorias a preços inferiores aos do mercado.
A grande produção, dispondo de uma abundante mão-de-obra, tem mais facilidade cm recorrer à especialização e à divisão do trabalho e, por consequência, a uma nova diminuição do preço de custo.
Certas despesas, mesmo, aumentam muito menos que a própria produção; tais são as despesas de manutenção do edifício, aquecimento, iluminação, guarda, administração. Quanto maior é a produção, tanto mais trabalho tem a empresa e menos são as despesas por unidade de mercadoria.
A grande produção é também muito superior à pequena, no mercado, na venda das mercadorias, na compra de matérias primas e auxiliares, etc. Comprar por atacado é ter sempre mais barato, evitar intermediários, exercer pressão sobre os vendedores, etc.
A grande produção inspira mais confiança no mundo dos negócios e obtém mais facilmente em melhores condições e a prazos mais longos.
Recebendo mais lucros, a grande produção cresce mais depressa e resiste melhor aos imprevistos, às dificuldades, às calamidades, etc.
Todas estas razões tornam inevitáveis, no decorrer do desenvolvimento capitalista, o desenvolvimento das grandes empresas, a concentração e a centralização da produção e também a concentração e a centralização do capital.
Que significam estas expressões e que diferença há entre elas?
Todo capital individual representa uma concentração mais ou menos grande dos meios de produção e a dominação correspondente sobre um exército mais ou menos grande de operários. Toda acumulação se torna um meio de nova acumulação e, com o aumento da massa das riquezas, agindo como capital, ela aumenta a concentração nas mãos dos capitalistas individuais e estende por isto a base da produção a uma grande escala e os métodos especificamente capitalistas de produção. O crescimento do capital social realiza-se graças ao crescimento dos numerosos capitais individuais.
Ao mesmo tempo, dos capitais primitivos destacam-se novos capitais, que se põem em campo como capitais independentes. A divisão dos bens nas famílias capitalistas desempenha papel importante. O número de capitalistas cresce mais ou menos com a acumulação do capital.
A este parcelamento do capital social em numerosos capitais individuais, a este afastamento das partes do capital social vis-à-vis um do outro, opõe-se sua atração. Esta já não é a simples concentração idêntica à acumulação dos meios de produção e da dominação do trabalho. E’ uma concentração de capitais já formados, é a abolição de sua independência individual, a expropriação do capitalista pelo capitalista, a transformação de grande número de pequenos capitais em pequeno número de grandes capitais. Este processo distingue-se do primeiro pelo fato de que ele apenas pressupõe uma modificação da repartição dos capitais existentes e já em funcionamento e que o seu campo de ação não é, consequentemente, limitado nem pelo crescimento absoluto do capital social, nem pelas fronteiras absolutas da acumulação. O capital concentra-se aqui numa prodigiosa massa, em poucas mãos, porque ele foge de numerosas outras mãos. Isto é, para dizer verdadeiramente, uma centralização ao contrário da acumulação e da concentração.(1)
À medida que se desenvolve o capitalismo, a organização de novas empresas e o desenvolvimento das empresas já existentes exigem uma inversão na produção de um capital tão considerável que somente os grandes capitalistas se acham em condições de fornecer; e, quanto mais se desenvolve o capitalismo, mais cresce o mínimo de capitais indispensáveis à organização de uma empresa.
Sem concentração e centralização do capital, seria impossível, no regime capitalista, o desenvolvimento da técnica.
A centralização do capital, reunindo numa poderosa corrente os capitais outrora dispersos, torna possível a fundação de empresas grandiosas que estariam acima das forças dos capitalistas individuais, e multiplica a potência do capital, reforçando por sua vez a acumulação.
continua>>>Notas de rodapé:
(1) C. Marx: O Capital, vol. I. (retornar ao texto)
Inclusão | 16/06/2019 |