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Vivemos atualmente um período em que outra superpotência, o social-imperialismo soviético, exporta seus capitais e trata de explorar diferentes povos. Os capitais exportados por essa superpotência emanam da mais-valia realizada na União Soviética, que transformou-se num país capitalista.
A restauração do capitalismo conduziu a uma polarização da sociedade soviética contemporânea, em que uma pequena parcela domina e explora a esmagadora maioria do povo. Atualmente, uma classe à parte, burguesa, exploradora, criou-se e tomou forma, é a camada composta pelos burocratas, os tecnocratas, a intelectualidade criadora e superior, que se apropria e partilha entre si a mais-valia arrancada com a selvagem exploração da classe operária e das amplas massas trabalhadoras. Distintamente dos paises de capitalismo clássico, onde essa mais-valia é apropriada na proporção do capital de cada capitalista, na União Soviética e demais países revisionistas ela é distribuída de acordo com o posto ocupado pelos elementos da camada superior burguesa na hierarquia estatal, econômica, científica, cultural, etc. Os altos vencimentos, as gratificações usuais e especiais, os prêmios e estímulos, os favoritismos, etc., transformaram-se em toda uma instituição para a apropriação da mais-valia extraída às custas do suor dos trabalhadores. A camada que representa o "capitalista coletivo" salvaguarda essa pilhagem através de uma infinidade de leis e normas que garantem a opressão e a exploração capitalistas.
A economia soviética já se integrou no sistema do capitalismo mundial. Enquanto os capitais norte-americanos, alemães, japoneses, etc. penetraram profundamente na União Soviética, capitais soviéticos são exportados para outros países e se fundem sob diversas formas com os capitais locais.
É fato sabido que a União Soviética explora economicamente em primeiro lugar os países satélites. Mas agora ela concorre e luta com outros Estados capitalistas por mercados, por esferas de investimentos, pela pilhagem de matérias primas, pela manutenção das leis neocolonialistas no comércio mundial, etc.
A nova burguesia soviética exporta capitais para estender sua hegemonia, mas ao fazê-lo defronta-se com a concorrência, não só do imperialismo norte-americano, que é muito poderoso, mas também dos outros Estados capitalistas desenvolvidos, como o Japão, a Inglaterra, a Alemanha Ocidental, a França, etc. Para auferir superlucros, esses Estados exportam capitais tanto para a Ásia, África e América Latina como também para os países da Europa Oriental, que estão sob a tutela da União Soviética revisionista. Exportam capitais inclusive para a própria União Soviética.
As camarilhas dominantes dos países ditos socialistas, União Soviética, Checoslováquia, Polônia, etc., e agora também a China, permitem o afluxo de capitais estrangeiros em seus países pois esses capitais servem a elas, enquanto pesam sobre as costas dos povos. Os países do Comecon estão mergulhados em grandes dívidas. Possuem uma dívida de 50 bilhões de dólares junto aos países ocidentais.
A Iugoslávia foi um dos primeiros países revisionistas a permitir a penetração de capitais estrangeiros em sua economia. No início ela contraiu créditos, depois comprou patentes e a seguir passou à constituição de empresas mistas. Em 1967 aprovou-se na Iugoslávia uma lei permitindo a criação de empresas mistas com 49% de capital de companhias estrangeiras. Em 1977 havia no país 170 dessas empresas. A Iugoslávia assegurou as condições mais favoráveis para as empresas capitalistas desenvolverem sua atividade e garantirem o máximo de lucro.
O fenômeno ocorrido na Iugoslávia comprova que os capitais estrangeiros ali investidos constituem um dos fatores decisivos de sua transformação num país capitalista. Os Estados Unidos e outros ricos países capitalistas não perderam com esses investimentos, pelo contrário, auferiram grandes lucros, aumentando a miséria da classe operária e do campesinato da Iugoslávia. Lênin disse que a exportação de capitais é uma sólida base para a exploração da maioria das nações e países do mundo, para o parasitismo capitalista de um punhado de Estados riquíssimos.
Os Estados capitalistas também auferirão grandes lucros na China. Estamos vendo como os capitais norte-americanos, japoneses, alemães ocidentais, etc. precipitam-se para a China aos bilhões de dólares. Assinou-se com os japoneses acordos para exploração conjunta das jazidas petrolíferas e do potencial energético do rio Yangtsé. Assinou-se com os alemães um acordo para a construção de minas de carvão e assim por diante. Os investimentos que são e serão feitos na China trarão seguramente lucros satisfatórios para os capitalistas estrangeiros, mas ao mesmo tempo fortalecerão as bases do capitalismo na China.
A exportação de capitais de um país capitalista para outro, capitalista ou revisionista, seja grande ou pequeno o Estado que exporta ou importa, é sempre uma das formas de exploração dos povos pelo capital. Essa exploração traz consigo a dependência econômica e política do país que recebe esses capitais.
Lênin acentuou que, depois de apoderar-se do mercado interno, os monopólios lutam para redividir e conquistar economicamente o mercado mundial de produtos industrializados e matérias primas. A concorrência e a sede de lucros levam os monopolistas dos diferentes paises a concluir acordos temporários, entrar em alianças e uniões para dividir os mercados no plano internacional, vender manufaturados e comprar matérias primas. Mesmo quando possuem reservas de matérias primas e energéticas, os Estados capitalistas desenvolvidos precipitam-se sobre os demais países, pois os custos de produção nestes últimos são mais reduzidos e acima de tudo o salário dos operários é várias vezes mais baixo.
É conhecida a luta que vem se travando pela conquista das jazidas e dos mercados de petróleo. Em decorrência dela, dezenas, centenas de empresas e associações privadas foram destruídas e chegou-se a uma situação em que o cartel internacional do petróleo, que une sete grandes monopólios (cinco norte-americanos, um inglês e um anglo-holandês, as famosas Esso, Texaco, Shell, etc.), controla mais de 60% da extração e comercialização do petróleo nos países capitalistas do mundo ocidental e refina cerca de 54% desse óleo.
Essa divisão das fontes de produção e dos mercados consumidores também se estende atualmente aos minérios de cobre e estanho, ao urânio e outros minerais preciosos e estratégicos.
Muitos dos antigos países colonialistas, como a Inglaterra e a França, concluíram com as ex-colônias acordos especiais, ditos preferenciais, de colaboração, etc., que lhes asseguram privilégios econômicos e comerciais quase exclusivos. As chamadas zonas do dólar, da libra, do franco, do rublo, mostram uma divisão econômica do mundo entre os diversos monopólios e Estados imperialistas.
O imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e as demais potências imperialistas garantem o lucro máximo por diversos meios, através do comércio discriminatório e desigual com as antigas colônias. Somente os países "em desenvolvimento", excetuando os da OPEP, possuem hoje um saldo comercial passivo de quase 34 bilhões de dólares.
Sobretudo nas atuais condições de crise econômica, os monopólios concluem acordos diretos com os governos dos países capitalistas, quanto às cotas de produção, aos preços, ao escoamento dos produtos, etc. A existência de organismos como o Mercado Comum Europeu, o Comecon, etc., também evidencia a divisão econômica existente hoje no mundo.
Essa divisão econômica do mundo, o domínio dos monopólios, sua tutela sobre a vida e o desenvolvimento econômico de outros países, acirram ainda mais não só a contradição entre o trabalho e o capital como as contradições entre os povos e o imperialismo e as contradições inter-imperialistas.
A teoria chinesa dos "três mundos", que procura conciliar o "terceiro" com o "segundo" mundo e com o imperialismo norte-americano, desconhece essa realidade. Não deseja enxergar que a ofensiva irrefreável dos monopólios norte-americanos, ingleses, alemães, japoneses, franceses, etc., rumo ao que a China chama de "terceiro mundo", aumenta a resistência dos povos a todas as potências imperialistas e hegemonistas e amplia as condições objetivas para a luta irreconciliável entre eles. Por outro lado, o desenvolvimento desigual das potências imperialistas, que é uma lei objetiva do desenvolvimento do capitalismo, leva a uma concorrência e a atritos irredutíveis na luta pela expansão econômica em todo o mundo.
Ao procurar conciliar essas contradições e repetir a mesma velha pregação da social-democracia e dos revisionistas de todos os matizes, a teoria chinesa dos "três mundos" entra em contradição flagrante com a estratégia leninista, que visa não negar mas sim aprofundar essas contradições de forma a preparar o proletariado para a revolução e os povos para a libertação.
Em sua análise do imperialismo, Lênin pôs em evidência que, com a passagem do capitalismo pré-monopolista à sua fase superior e final, ao imperialismo, conclui-se a divisão territorial do mundo entre as grandes potências imperialistas.
"... o traço característico do período que nos ocupa é a repartição definitiva da Terra, definitiva não no sentido de que seja impossível redividí-la - pelo contrário, novas divisões são possíveis e inevitáveis -, mas no sentido de que a política colonial dos países capitalistas já terminou a conquista de todas as terras não ocupadas que havia em nosso planeta. Pela primeira vez, o mundo já se encontra repartido, de modo que daqui por diante poderá haver unicamente redivisões, ou seja, a passagem de territórios de um 'proprietário' para outro...". (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pgs. 308-309).
O velho colonialismo clássico, que explorava física, econômica, política e ideologicamente a maioria dos povos do mundo, transformou-se depois da II Guerra Mundial num novo colonialismo. Esse novo colonialismo compreende todo um sistema de medidas econômicas, políticas, militares e ideológicas, que o imperialismo erigiu objetivando manter seu domínio, garantir o controle político e a exploração econômica das ex-colônias e de muitos outros países, adequando-se às novas condições criadas no após-guerra.
Quais são essas novas condições?
Os países imperialistas - França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Japão e América do Norte - não tinham condições de manter pela força, no após-guerra, a situação que existia anteriormente. A França, por exemplo, não podia mais manter como colônias, como antes, o Marrocos, a Argélia, a Tunísia e outros países da África. Podemos dizer o mesmo do imperialismo inglês, do italiano e outros.
A II Guerra Mundial provocou uma mudança radical na correlação de forças no mundo. Levou à destruição das grandes potências fascistas, mas também abalou desde os alicerces e debilitou muito as velhas potências colonialistas. A guerra antifascista despertou em toda parte, mesmo nos países que não foram incluídos na sua voragem, o problema da libertação nacional. Os povos das ex-colônias que participaram da guerra juntamente com os países da coalizão antifascista para escapar do jugo do fascismo não podiam retroceder e tolerar por mais tempo o jugo colonial. A Vitória da União Soviética sobre o nazismo, a criação do campo socialista, a libertação da China, deram um impulso poderosíssimo ao despertar da consciência nacional e da luta de libertação dos povos. As amplas massas dos povos colonizados conseguiram compreender que a situação anterior tinha de mudar. Eclodiram lutas de libertação na Indochina, no Norte da África, etc.
Forçados por essa situação, muitos países colonialistas compreenderam que o velho modo de exploração e administração das colônias, sem qualquer liberdade ou independência, estava ultrapassado. As potências imperialistas, colonialistas, chegaram a essa conclusão não movidas por sentimentos democráticos ou pelo desejo de dar liberdade aos povos, mas empurradas pelos povos colonizados e por sua debilidade militar, econômica, política, ideológica para manter o velho colonialismo. Mas o imperialismo francês inglês, italiano, norte-americano, etc. não queria renunciar à exploração desses povos e países. As circunstâncias obrigaram cada uma das potências imperialistas a conceder autonomia ou prometer liberdade e independência a esses povos após certo tempo. Nesse período, que diziam fixar para que se criasse uma consciência de autodeterminação e se preparasse quadros nativos, elas visavam na verdade urdir novas formas de exploração imperialista, o novo colonialismo, dando a países e povos a falsa impressão de haverem conquistado a liberdade.
Essa foi uma fase do após-guerra em que o imperialismo mundial sofreu uma grande derrota, em que a crise do sistema colonial do imperialismo se acentuou ainda mais. Nesse período de putrefação do capitalismo devido ao enfraquecimento do imperialismo na II Guerra Mundial, os Estados Unidos aproveitaram e criaram uma nova e profunda forma de exploração dos povos coloniais supostamente livres e independentes. Alastraram seu poderio imperialista em países que eram colônias de outras potências imperialistas, então debilitadas de uma ou de outra maneira.
Embora tivessem conseguido essa "independência" e essa "liberdade", dadas à sua maneira pelas antigas potências colonialistas, vários povos de ex-colônias foram obrigados a empunhar armas, pois os imperialistas não se dispunham a conceder imediatamente tal "liberdade" e "independência". Os imperialistas franceses, sobretudo, procuravam manter no após-guerra a força ou "grandeza" da França. Dessa forma, os povos da Argélia, do Vietnã e muitos outros iniciaram a prolongada luta de libertação que finalmente coroaram com a vitória. Não entraremos aqui em detalhes sobre como alcançaram essa vitória, quais foram as forças sociais que combateram, etc. O fato é que o velho imperialismo francês e inglês debilitou-se. Comprovou-se assim a tese de Lênin de que o imperialismo está em decomposição, de que a velha sociedade capitalista-imperialista está sendo minada pelos movimentos revolucionários e pelas aspirações de liberdade dos povos oprimidos e escravizados.
Durante esse período o imperialismo norte-americano empanturrou-se, ampliou a zona do dólar, colocou sob seu controle territórios da zona do franco, da libra esterlina e, para manter seu poderio hegemônico imperialista, que consistia na máxima exploração dos povos, criou muitas bases militares e instalou camarilhas políticas pró-americanas em muitos países que haviam supostamente conquistado a liberdade e a independência. Essa exploração naturalmente era acompanhada de uma série de mudanças de estrutura e de superestrutura.
O capital financeiro criou também uma ideologia própria, que o guia na exploração do proletariado e na conquista do mundo. Completa a dominação dos povos e a legitimação desse domínio com formas variadas e adocicadas, advogando e concedendo certa liberdade, certa independência, criando também uns tantos partidos ditos democráticos, etc.
Juntamente com as inversões de capitais norte-americanos, com a criação de bancos e das chamadas multinacionais, exporta-se também o modo de vida norte-americano, com a degenerescência que lhe é própria.
A exportação de capitais pelas grandes potências imperialistas cria colônias, que hoje são os países onde reina o neocolonialismo. Esses países têm uma independência meramente formal. Em outras palavras, hoje como antes desenvolve-se o mesmo processo de exportação de capitais, mas de formas distintas, com explicações e propaganda "adocicada". A exploração dos povos desses países até a medula permanece sempre a mesma e mais selvagem ainda; prossegue igualmente a pilhagem dos recursos naturais.
A maior potência neocolonialista de nosso tempo são os Estados Unidos da América. Os investimentos de capitais governamentais e privados dos Estados Unidos nas ex-colônias, países dependentes e semi-dependentes no triênio 1973/75 representavam cerca de 36% de todos os investimentos dos países capitalistas e revisionistas mais desenvolvidos nas mesmas áreas. (Anuário Estatístico da RFA, 1977).
Os tratados e acordos econômicos, políticos e militares entre as potências imperialistas e as ex-colônias são escravizantes, são armas nas mãos do imperialismo para manter esses países avassalados. Hoje, como ontem, soam muito atuais as palavras de Lênin, que acentuava que:
"... é indispensável explicar e desmascarar incansavelmente perante as amplas massas trabalhadoras de todos os países, sobretudo dos países atrasados, o engodo sistematicamente empregado pelas potências imperialistas, que, fingindo criar Estados politicamente independentes, criam na verdade Estados sob sua completa dependência dos pontos de vista econômico, financeiro e militar..." (V. 1. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXXI, pg. 159).
Para manter os povos dominados, o imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e as demais potências imperialistas velhas e novas instigam, onde quer que possam, rixas entre Estados vizinhos ou entre distintos grupos sociais dentro de um país; e depois interferem nos assuntos internos dos outros, no papel de árbitros ou de defensores de uma das partes, justificam sua presença econômica, política e militar. Os fatos mostram que sempre que as superpotências intrometeram nos assuntos internos dos povos, os problemas ficaram por solucionar, ou desembocaram na consolidação das posições do imperialismo e do social-imperialismo nos países em questão. Os acontecimentos no Oriente Médio, o conflito entre a Somália e a Etiópia, a guerra entre o Camboja e o Vietnã, etc. atestam esta verdade.
Os Estados Unidos, a União Soviética e todos os demais países capitalistas consolidam, juntamente com seus investimentos, as posições que possuem nos países que os aceitam, lutam por mercados e zonas de influência. Isso cria atritos entre diversos Estados capitalistas, entre grandes consórcios que não são ligados entre si nem interdependentes. Esses atritos instigam guerras locais e podem levar a uma conflagração geral. Segundo ensina o leninismo, a guerra deflagrada por tais motivos, seja ela local ou geral, tem caráter rapace e não libertador. Somente quando os povos se erguem contra invasores estrangeiros, quando se levantam contra a burguesia capitalista nativa que se encontra estreitamente ligada ao imperialismo, ao social-imperialismo e ao capital mundial, essa guerra é justa, é libertadora.
Os representantes do grande capital internacional falam muito na suposta necessidade de modificar o atual sistema de relações econômicas internacionais e de criar uma "nova ordem econômica mundial", apoiada também pelos dirigentes chineses. Segundo eles, essa "nova ordem econômica" servirá de "base para a estabilidade global". Os revisionistas soviéticos por seu turno falam na criação da chamada nova estrutura das relações econômicas internacionais.
São estes os esforços e planos das potências imperialistas e neocolonialistas, desejosas de dar alento e prolongar a vida do neocolonialismo, de manter a opressão e a pilhagem dos povos. Mas as leis do desenvolvimento do capitalismo e do imperialismo não se submetem aos desejos nem às invenções teóricas da burguesia e dos revisionistas. Como disse Lênin, a saída dessas contradições é a luta conseqüente contra o colonialismo e o neocolonialismo, a revolução.
Ao analisar os traços econômicos fundamentais do imperialismo, Lênin definiu também seu lugar histórico. Acentuou que o imperialismo é não só a fase superior mas também a última fase do capitalismo, é a ante-sala da revolução proletária. Lênin disse que:
"O imperialismo é uma fase histórica específica do capitalismo..., é (1) capitalismo monopolista; (2) capitalismo parasitário ou em decomposição; (3) capitalismo agonizante." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXIII, pg. 122).
A realidade do mundo capitalista atual confirma plenamente esta conclusão.
Conforme demonstrou Lênin, o monopólio é a base econômica de todas as mazelas econômico-sociais do imperialismo. Os monopólios são impotentes para superar as contradições da economia capitalista. Lênin vinculava organicamente o parasitismo e a decomposição do imperialismo com a tendência do monopólio para frear em geral o desenvolvimento das forças produtivas, para aprofundar o desenvolvimento desproporcional dos ramos econômicos e ao nível de toda a economia nacional, para não explorar capacidades produtivas humanas e materiais, com a tendência a entravar a aplicação das novidades da ciência e da técnica em favor das massas e do progresso de toda a sociedade.
A ambição do lucro, a concorrência, obrigam os monopólios a investir na introdução de técnicas avançadas no processo produtivo. Mas em todo o processo histórico do desenvolvimento do imperialismo o que domina é a tendência ao desenvolvimento desproporcional e contido.
Os gastos na pesquisa e desenvolvimento da ciência no campo industrial, especialmente na indústria bélica, nos Estados Unidos, por exemplo, passaram de 2 bilhões de dólares em 1950 para cerca de 11 bilhões em 1965 e por volta de 30 bilhões em 1972. Muitas vezes as grandes firmas também encontram dificuldades na pesquisa científica, mas assim que fazem uma descoberta compram a patente, contratam operários qualificados e, unicamente onde seus interesses o ditam, colocam-na em prática.
Naturalmente, os setores principais e que apresentam mais interesse para os investimentos destinados ao desenvolvimento e à revolução da técnica têm prioridade, pois asseguram maiores lucros. O primeiro lugar fica com a indústria bélica, pois também é ela que apresenta a taxa de lucro mais elevada. Nos Estados Unidos, por exemplo, em 1964 investiu-se 3 bilhões e 565 milhões de dólares em pesquisa científica no setor de aeronáutica e mísseis. No mesmo ano investia-se 1 bilhão e 537 mil dólares na indústria elétrica e de telecomunicações, 196 milhões na indústria química, 136 milhões na de máquinas, 174 milhões na automobilística, 172 milhões na de instrumentos científicos, 38 milhões na de produtos de borracha, 8 milhões na de querosene, 9 milhões na de metano, etc.
Como expressão da decomposição do imperialismo, a militarização da economia tornou-se, nas atuais condições, um traço característico de todos os países capitalistas e revisionistas. Mas o processo de militarização da economia assumiu dimensões nunca vistas particularmente nos Estados Unidos e na União Soviética. Os gastos militares diretos das duas partes cobraram proporções astronômicas, compreendendo conjuntamente uma soma de mais de 240 bilhões de dólares anuais.
Em sua política de hegemonia e domínio mundial, os Estados Unidos e a União Soviética também empregam em ampla escala o tráfico de armas, que é outra expressão clara da putrefação do imperialismo. Eles vendem a cada ano armas num valor de mais de 20 bilhões de dólares. A Inglaterra, a Alemanha Ocidental, a França, a Itália e outros Estados imperialistas também vendem armamentos. Os clientes ordinários desse comércio imperialista são camarilhas reacionárias e fascistas como as do Chile, Brasil, Argentina, Israel, Espanha, Coréia do Sul, Rodésia, República da África do Sul, etc. Também são clientes os países ricos em matérias primas estratégicas ou petróleo, que os imperialistas tentam seduzir com armas, a troco da pilhagem de seus recursos.
A eclosão cada vez mais amiudada das crises econômicas de superprodução testemunha claramente a decomposição e o parasitismo do capitalismo monopolista atual. A eclosão das crises, que agora tornaram-se muito profundas, comprova a justeza da teoria marxista sobre o caráter anárquico, espontâneo e desproporcional da produção e do consumo; e desmente as "teorias" burguesas do desenvolvimento do capitalismo "sem crises", ou da transformação do capitalismo num "capitalismo dirigido".
A lei geral da acumulação capitalista, descoberta por Marx, atua com força ainda maior na sociedade capitalista atual: enquanto de um lado aumenta a pobreza dos trabalhadores, do outro crescem os lucros dos capitalistas. Aprofunda-se o processo de polarização da sociedade em proletários e burgueses, estes últimos representando um número limitado de pessoas.
Possuindo maiores condições econômicas para corromper as camadas superiores do proletariado, a aristocracia operária, o sistema imperialista atual incrementou-as em proporções muito vastas.
Hoje em dia a oligarquia financeira emprega amplamente essa aristocracia para enganar e confundir o proletariado, para extinguir seu ímpeto revolucionário. Aqueles que Lênin chamava socialistas de palavras, mas imperialistas de fato, saem ordinariamente da aristocracia operária. Esta caracterização de Lênin inclui a social-democracia, os "partidos operários burgueses", os dirigentes oportunistas dos sindicatos, os revisionistas contemporâneos, etc. Lênin acentua que o imperialismo liga-se com o oportunismo, que os oportunistas ajudam a manter e reforçar o imperialismo. Dizia ele que:
"... os mais perigosos são aqueles que não desejam compreender que a luta contra o imperialismo é uma frase vazia e falsa se não se encontra indissoluvelmente ligada à luta contra o oportunismo". (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 367).
Também se observa claramente a decomposição do imperialismo no aumento e aprofundamento da reação em todos os campos e sobretudo no político e social. Como confirma a prática, a burguesia monopolista, ao ver que a luta de classes se acirra, arranca a máscara, negando às massas trabalhadoras até os poucos direitos que elas conquistaram a preço de sangue. Prova disso são os regimes e ditaduras fascistas instaurados em numerosos países.
Todo esse sistema apodrecido, que encontra-se numa situação caótica, é sustentado por um grande exército pretoriano, por uma polícia numerosíssima, fortemente mobilizada e armada até os dentes. Todas essas forças militar-policiais entram em ação para evitar ou esmagar qualquer resistência que ultrapasse os quadros definidos por um emaranhado de leis feitas pela burguesia no poder. Os quadros do exército e das demais armas repressivas vivem à farta e recebem polpudos soldos. Na Itália, por exemplo, só se ouve falar no exército, na polícia, nos carabineiros, nos agentes de segurança, que são condecorados, mas também mortos.
Nessa situação tão confusa reinante nos Estados burgueses, desenvolveu-se e espraiou-se o banditismo, que é engendro do próprio sistema capitalista, expressão de sua degenerescência, espelho do desespero e da desorientação provocados pelo sistema burguês de opressão e exploração. A burguesia procura conter as manifestações de banditismo que lhe causam problemas e que criam inquietude para o Estado burguês. Mas incita e emprega o banditismo para aterrorizar as amplas massas trabalhadoras, que vivem na miséria. Em muitos países capitalistas o banditismo converteu-se numa indústria e difundiu-se desde os assaltos a bancos, a lojas, até os seqüestros de pessoas, exigindo-se grandes resgates para libertá-las. Em alguns países, o banditismo está organizado em diferentes agrupamentos. Tais agrupamentos possuem alguns nomes que soam "revolucionários", "comunistas", etc. A burguesia deixa-lhes campo livre para atuarem a fim de preparar a situação e justificar a consumação de um golpe de Estado fascista. Para desmoralizar a revolução e o socialismo, apresenta-se essa atividade bandidesca como se fosse desenvolvida por "grupos comunistas" que supostamente atuariam contra o sistema burguês.
Podemos dizer à guisa de conclusão que na situação atual do imperialismo em seu conjunto, do imperialismo norte-americano, do social-imperialismo soviético e também dos demais imperialismos, o imperialismo, seja qual for, está na fase do debilitamento e da putrefação. E que, através da revolução, a velha sociedade será destruída pelos alicerces e substituída por uma nova sociedade, pela sociedade socialista. Esta nova sociedade socialista existe e ampliar-se-á, desenvolver-se-á, conquistará terreno, independente dos revisionistas soviéticos terem traído o socialismo na União Soviética, independente de que na China domina o oportunismo e está se erguendo um novo social-imperialismo, independente de que o capitalismo tenha sido restaurado nos antigos países de democracia popular. O socialismo seguirá seu caminho e triunfará por meio de luta e de esforços contra o imperialismo e o capitalismo mundial, mas jamais e de forma alguma por meio de reformas, pela via parlamentar e pacífica, como pregava Kruschov e como pregam todos os revisionistas. Triunfará permanecendo fiel à teoria leninista sobre o imperialismo e a revolução proletária e jamais segundo as atuais teorias revisionistas que proclamam o capitalismo monopolista de Estado como uma fase nova e específica do capitalismo, como o "surgimento de elementos socialistas no seio do capitalismo".
Partindo-se da conclusão de Lênin sobre a natureza e o lugar histórico do imperialismo, todo o imperialismo mundial, enquanto sistema social, não tem mais aquele poder dominante exclusivo de antes, em conseqüência das contradições que o corroem por dentro e das lutas libertadoras e revolucionárias dos povos. É essa a dialética da história e ela comprova e tese marxista-leninista de que o imperialismo está em declínio, está em decadência, está em decomposição.
O enfraquecimento do capitalismo e do imperialismo é hoje a tendência principal da história mundial. Marx e Lênin o demonstraram, baseando-se em dados concretos, nos acontecimentos da história, na dialética materialista. A tendência à união dos esforços dos Estados que se opõem ao imperialismo também conduz ao debilitamento deste. Mas esta segunda tendência, absolutizada como é pela China, sem se fazer as necessárias diferenciações, sem se estudar as situações específicas, não conduz a um caminho correto. Ao pretender que o imperialismo norte-americano está em declínio e é menos poderoso do que o social-imperialismo soviético, ao proclamar o "terceiro mundo" como principal força motriz de nossa época, os dirigentes chineses incitam na prática à capitulação e à submissão perante a burguesia.
É verdade que os povos exigem a libertação, mas devem conquistá-la unicamente com luta, com esforços e tendo à frente uma direção combativa. Marx, Engels, Lênin e Stálin nos ensinam que esta direção é o proletariado de cada país. Mas o proletariado e seus partidos marxista-leninistas devem fazer bem as análises políticas, econômicas e militares, colocar todas elas na balança, adotar decisões e definir uma estratégia e uma tática adequadas, tendo sempre em vista a preparação e a realização da revolução. Se não se tem em vista a revolução, como fazem os chineses, nem as análises, nem as ações, nem a estratégia e nem as táticas podem ser marxista-leninistas, revolucionárias.
Não podemos ter nenhuma ilusão quanto a qualquer tipo de imperialismo, seja ele forte ou menos forte. A natureza do imperialismo cria as condições para a expansão econômica e política, para a deflagração de guerras, pois seu caráter intrínseco é explorador, agressivo. Portanto, enganar as amplas massas dos povos que exigem a libertação, dizendo-lhes que a alcançarão sob a guia de teorias revisionistas como a dos "três mundos", é cometer um crime contra os povos e a revolução.
Nossa época, como nos ensina Lênin, é a época do imperialismo e das revoluções proletárias. Nós, marxista-leninistas, devemos deduzir disso que precisamos combater com o máximo desabrimento o imperialismo mundial, qualquer imperialismo, qualquer potência capitalista que explora o proletariado e os povos. Acentuamos a tese leninista de que a revolução encontra-se hoje na ordem do dia. O mundo avançará rumo a uma nova sociedade, que será a sociedade socialista, O capitalismo mundial, o imperialismo e o social-imperialismo apodrecerão ainda mais e sucumbirão através da revolução.
Lênin nos ensina a combater até o fim o imperialismo, a criticá-lo na ampla acepção do termo e a levantar as classes oprimidas contra a política imperialista, contra a burguesia. A análise marxista-leninista do atual desenvolvimento do imperialismo mostra claramente que não há nada a mudar na análise e nas conclusões de Lênin sobre o imperialismo, sobre sua natureza e características, sobre a revolução. Os esforços de todos os oportunistas, desde os social-democratas até os revisionistas kruschovianos e chineses, para desvirtuar as teses leninistas sobre o imperialismo são contra-revolucionários. Seu objetivo é negar a revolução, embelezar o imperialismo, prolongar a vida do capitalismo.
Quando Lênin desmascara o imperialismo e seus apologistas do tipo de Bernstein, Kautsky, Hilferding e todos os demais oportunistas da II Internacional, observa que:
"A ideologia imperialista penetra, inclusive, no seio da classe operária. Não há uma muralha da China entre esta e as demais classes. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 347).
Mas, desgraçadamente, até a "muralha chinesa" agora foi demolida e a propaganda e a ideologia imperialistas penetraram na China. Os oportunistas chineses não são nada originais. Ao trilhar o caminho de Kautsky e companhia, também eles embelezam o imperialismo em geral e o norte-americano em particular, apresentando este último como um imperialismo que se encontra em retirada e no qual os povos devem se apoiar para defender-se dos social-imperialistas soviéticos.
A semelhança entre as "teorias" dos revisionistas chineses e as de Kautsky é por demais evidente. Em seu tempo, este último tentava defender a política colonial do imperialismo ocultar sua atividade de exploração e expansão, deformando a teoria marxista sobre o desenvolvimento do capitalismo. Atualmente os dirigentes chineses estão fazendo o mesmo. Desejosos de apoiar o imperialismo norte-americano e sua política neocolonialista, promulgam teorias absurdas, supostamente apoiadas em Marx ou em Lênin. Mas, para se usar a linguagem de Lênin, a "teoria" chinesa é uma chafurdice no lodaçal do revisionismo e do oportunismo.
A teoria de Kautsky difundia a ilusão de que nas condições do capitalismo monopolista existiria a possibilidade de outra política, não anexionista. Lênin acentuava a esse respeito:
"O essencial consiste em que Kautsky separa a política do imperialismo de sua economia, interpretando as anexações como uma política 'preferida' pelo capital financeiro e opondo a ela outra política burguesa, possível, segundo ele, sobre a mesma base do capital financeiro. Resulta daí que os monopólios na economia são compatíveis com a atuação não monopolista, não violenta, não anexionista em política. Resulta que a repartição territorial do mundo, concluída precisamente na época do capital financeiro e que constitui a base da peculiaridade das formas atuais da rivalidade entre os maiores Estados capitalistas, é compatível com uma política não imperialista. Isso leva a se dissimular, a se atenuar as contradições mais importantes da fase atual do capitalismo ao invés de pô-las a descoberto em toda a sua profundidade; chega-se assim a um reformismo burguês em lugar do marxismo." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pg. 328).
Ignorando o fato de que os monopólios, o capital financeiro, dominam o campo econômico nos Estados Unidos e de que são precisamente eles que ditam a política interna e externa, os revisionistas chineses falam de um imperialismo pacífico, que não exige mais a expansão e inclusive está em retirada. Os dirigentes chineses "esquecem" o que disse Stálin, que os traços e exigências principais da lei econômica fundamental do capitalismo atual são:
"... assegurar o máximo de lucro capitalista explorando, arruinando e empobrecendo a maioria da população de determinado país, escravizando e despojando sistematicamente os povos de outros países, sobretudo dos países atrasados, enfim, desencadeando guerras e militarizando a economia nacional, com vistas a assegurar o máximo de lucros". (J. V. Stálin, Problemas Econômicos do Socialismo na URSS, pg. 45, Tirana, 1974).
Assim, as "novas" teorias dos dirigentes chineses testemunham que eles entoam a velha cantilena de Kautsky com um novo refrão.
Ao desmascarar os chefes da II Internacional, que desejavam fazer uma distinção entre as potências imperialistas, dividindo-as em mais e menos agressivas, Lênin acentuava que se tratava de uma postura antimarxista. Essa atitude levou os partidos da II Internacional às posições do chauvinismo, à traição aberta à causa do proletariado e da revolução. Em nossa época - dizia Lênin - não se pode colocar o problema de qual dos Estados imperialistas envolvidos na I Guerra Mundial, num ou noutro campo, é o "mal maior".
"A democracia moderna - diz ele - só será fiel a si mesma se não se aliar a nenhuma burguesia imperialista, se declarar que 'as duas são piores', se buscar em cada país a derrota da burguesia imperialista. Qualquer outra solução será, de fato, nacional-liberal, que nada tem em comum com o verdadeiro internacionalismo. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI, pgs. 145-146).
Nas condições atuais, caso se aceitasse a tese chinesa segundo a qual o social-imperialismo soviético é mais agressivo do que o imperialismo norte-americano, passar-se-ia à traição aberta à revolução, à missão histórica da classe operária, passar-se-ia às posições da II Internacional. As duas superpotências imperialistas representam no mesmo grau o inimigo e o perigo principal para o socialismo, para a liberdade e independência dos povos, para a soberania das nações. Elas são os principais defensores do capitalismo mundial.
Para ocultar sua traição aos povos, os dirigentes chineses dizem que as relações entre os grandes monopólios e alguns países que têm grandes riquezas criam uma situação que pode evitar inclusive os conflitos entre as potências monopolistas e os povos. Trata-se de um grande absurdo, uma tentativa de fazer passar por mansa a fera imperialista, de criar um clima de falsa euforia, como se o investimento de capital criasse bem-estar para o povo do país onde ele é realizado e assim não mais existissem contradições antagônicas entre os imperialistas e os povos desses países. Essa teoria falsificada pregada atualmente pelos dirigentes chineses foi concebida pelo imperialismo para estender seu domínio por todo o mundo, para ajudar as camarilhas reacionárias dominantes em diversos países a oprimir seu povo e a leiloar o país aos estrangeiros.
Essas "teorias" são a repetição, sob novas e refinadas vestes, das teorias reacionárias dos oportunistas da II Internacional. Na época da I Guerra Mundial, Lênin desmascarou a teoria antimarxista do "ultra-imperialismo", de Kautsky. Este dizia que, nas condições do imperialismo, as guerras poderiam ser evitadas através de um acordo entre os capitalistas de diversos países.
Na polêmica com Kautsky, Lênin dizia que:
"... as alianças 'inter-imperialistas' ou 'ultraimperialistas' na realidade capitalista, e não na vulgar fantasia pequeno-burguesa dos curas ingleses ou do 'marxista' alemão Kautsky - seja qual for a forma que assumam: de uma coalizão imperialista contra outra coalizão imperialista ou a de uma aliança geral de todas as potências imperialistas -, não passam, inevitavelmente, de 'tréguas' entre as guerras". (V. I. Lênin. Obras, ed. albanesa, vol. XXII, pgs. 359-360).
Estes ensinamentos de Lênin são muito atuais nas condições de hoje, em que os revisionistas chineses falam e esforçam-se febrilmente para criar uma aliança e uma grande frente mundial com todos os Estados e regimes fascistas e feudais, capitalistas e imperialistas, inclusive os Estados Unidos, contra o social-imperialismo soviético.
As alianças entre os países imperialistas - ressaltava Lênin - podem ser criadas, mas com o único objetivo de esmagar conjuntamente a revolução, o socialismo, de saquear conjuntamente as colônias e países dependentes e semidependentes.
A exemplo dos chefes da II Internacional, os revisionistas chineses substituíram a palavra de ordem do Manifesto Comunista "Proletários de todos os países, uní-vos !" pela palavra de ordem pragmática de "Unamo-nos a todos os susceptíveis de serem unidos", contra o social-imperialismo soviético.
A teoria dos "três mundos", inventada pelos dirigentes chineses, não analisa o desenvolvimento histórico do imperialismo sob o prisma marxista-leninista. Analisa-o sob um prisma genérico, ignorando as contradições de nossa época, tão claramente definidas por Marx e Lênin. Seguindo essa "teoria", a China "socialista" une-se com o imperialismo norte-americano e com o "segundo mundo", ou seja, com os demais imperialistas, que exploram os povos, e conclama o "terceiro mundo", os povos que aspiram combater o imperialismo e o capitalismo mundial, seja ele o norte-americano ou o social-imperialismo soviético, a unirem-se apenas contra o social-imperialismo soviético.
A teoria titista dos países "não-alinhados" é tão antimarxista quanto a teoria dos "três mundos".
Essas duas "teorias" são os trilhos de uma mesma ferrovia, sobre a qual passa o trem do imperialismo norte-americano e do social-imperialismo soviético, cuja carga são as riquezas saqueadas aos povos do mundo. Os titistas e os revisionistas chineses procuram abrir uns tantos furos nos vagões desse trem imperialista e social-imperialista, para deixar cair um pouco de óleo, um pouco de açúcar, algum dólar, alguma libra, algum franco ou algum rublo. Esses trilhos, que se assentam sobre o dorso dos povos oprimidos e procuram mantê-los constantemente subjugados, são duas teorias tão reacionárias quanto todas as demais teorias antimarxistas dos trotskistas, anarquistas, bukarinistas, kruschovianos, togliattistas, carrillistas, marchaistas, etc.
A vida comprova continuamente as geniais teses de Lênin sobre o imperialismo. O capitalismo ingressou em sua fase de decomposição. Essa situação suscita a revolta dos povos e empurra-os para a revolução. A luta dos povos contra o imperialismo e contra as camarilhas capitalistas burguesas cresce sob formas diferentes e com intensidade diferente. A quantidade transformar-se-á indubitavelmente em qualidade. Isso ocorrerá primeiro nos países que constituem os elos mais débeis da cadeia capitalista, onde a consciência e a organização da classe operária alcançaram um nível elevado, onde a compreensão política e ideológica do problema aprofundou-se.
O imperialismo intensificou a bárbara opressão e exploração dos povos. Mas ao mesmo tempo os povos do mundo também tornam-se cada vez mais conscientes de que não se pode mais viver na sociedade capitalista de hoje, onde as massas trabalhadoras não são menos oprimidas e exploradas do que no período anterior à Guerra.
Apesar de seus esforços e dos de seus adeptos, o imperialismo não poderá nem agora e nem tampouco mais tarde encontrar estabilidade na tentativa de instaurar a hegemonia sobre os povos. Não poderá encontra-la devido ao despertar da consciência da classe operária e das massas trabalhadoras oprimidas, que querem a libertação, e também devido às inevitáveis contradições inter-imperialistas.
Os povos estão vendo e mais tarde verão ainda melhor que o imperialismo e o capitalismo mundial não se apóiam apenas na força econômica, militar, política, ideológica das duas superpotências, mas também nas classes ricas que mantêm os povos de seus países subjugados, explorados, amedrontados, para que não se ponham de pé pela conquista da verdadeira liberdade e independência.
As amplas massas dos diferentes povos do mundo começaram a compreender igualmente que se deve derrubar a atual sociedade burguês-capitalista, o sistema explorador do imperialismo mundial. Para os povos isso não é apenas urna aspiração, em muitos países eles inclusive pegaram em armas.
Portanto, não há necessidade de se teorizar dividindo o mundo em três ou quatro partes, em "alinhados" e "não-alinhados", mas de encarar e interpretar corretamente o grande processo histórico objetivo segundo os ensinamentos do marxismo-leninismo. O mundo está dividido em dois, o mundo do capitalismo e o novo mundo do socialismo, que estão em guerra sem quartel entre si. Nesta luta triunfará o novo, o mundo socialista, enquanto a velha sociedade capitalista, a sociedade burguesa e imperialista, será destroçada.
(Primeira parte: III - A Revolução e os Povos >>>)
Inclusão | 03/11/2005 |
Última alteração | 14/04/2014 |