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SEXTA-FEIRA,
28 de MAIO de 1976
Existem Estados socialistas, mas nem todos os partidos comunistas e operários que os dirigem se mantêm em posições verdadeiramente marxistas-leninistas. Entre eles, há elementos nitidamente antimarxistas. É o caso da China. Esse país é guiado pelo “Pensamento Mao Zedong”, que não é uma aplicação firme do marxismo-leninismo. Há nele ideias fundamentais errôneas, oportunistas e até mesmo revisionistas disfarçadas. O “Pensamento Mao Zedong”, que guia a China, não luta pela revolução nem pela unidade do proletariado. Embora não considere abertamente a China um “grande Estado” e a si mesmo uma “ideia universal” que substitua o marxismo-leninismo, é isso que pretende na prática. Para os chineses, quem não segue o “Pensamento Mao Zedong” e não o iguala ao marxismo-leninismo não é marxista-leninista, ou não é considerado como tal. O “Pensamento Mao Zedong” criou grande confusão nas fileiras do proletariado chinês e mundial.
Na China reina a anarquia e há duas ou vinte linhas [políticas] entre o partido e o povo. Ninguém sabe quem detém o poder ou quem irá tomá-lo. O Partido Comunista da China não foi erguido sobre nem está baseado nos princípios e normas marxistas-leninistas. A ditadura do proletariado não está operando lá.
A confusão da China se espalhou e continua se espalhando para parte do proletariado mundial e dos partidos comunistas marxistas-leninistas. Muitos desses partidos não estão de acordo nem com o “Pensamento Mao Zedong” nem com as ações da China, mas não dizem isso abertamente. Lá opera o culto ao grande Estado — que reputam “proletário”, mas não é — e o culto a Mao — que é Mao Zedong e nada mais, e que sobretudo não é nem Marx, nem Engels, nem Lênin, nem Stálin.
Os lacaios pseudomarxistas que se infiltraram nas fileiras de alguns partidos comunistas marxistas-leninistas exaltam o culto a Mao e o colocam acima de tudo. A burguesia, também, reconhece o valor da China, de Mao e do “Pensamento Mao Zedong”, e os propaga. Todo grupo revolucionário, todo partido comunista marxista-leninista, incluindo todo grupo anarquista, como o de Sartre, por exemplo, entre outros, é rotulado como “maoísta” pela burguesia. Isso agrada a China e Mao. A China mantém laços com todos e os ajuda simplesmente porque exaltam a Mao e seguem a sua política confusa e desordenada. O antissovietismo se tornou o único leitmotiv da direção chinesa, e não por uma base ideológica correta, mas sim sob a bandeira do “Pensamento Mao Zedong” pela dominação do proletariado e do mundo “comunista”.
Nessas condições e por essas ideias, o Partido Comunista da China parou de convidar partidos comunistas marxistas-leninistas para os seus congressos e passou a realizar apenas encontros bilaterais com cada partido comunista marxista-leninista, aos quais preconiza o “Pensamento Mao Zedong”, aconselha a atacar a União Soviética, mas não os Estados Unidos da América, e prega a colaboração com a burguesia reacionária local, até mesmo com Franco e Pinochet.
Mao e o maoísmo se tornaram um dos obstáculos mais sérios para a unidade do proletariado mundial e os novos partidos comunistas e operários marxistas-leninistas. Portanto, devemos combater em todos os aspectos este novo mal disfarçado com a nossa infalível teoria marxista-leninista.
O marxismo-leninismo não faz diferença entre partidos grandes e partidos pequenos. Portanto, independentemente do Partido Comunista da China ser um partido grande, o nosso partido está em pé de igualdade com ele. Quando o Partido Comunista da China comete erros, como está fazendo agora, o nosso partido, longe de seguir suas ideias equivocadas e caminhos incorretos, combate-o — não diretamente no presente momento, e sim indiretamente — em seus posicionamentos abertos e públicos, por meio dos quais todos podem identificar claramente quais são as diferenças entre o Partido do Trabalho da Albânia e o Partido Comunista da China.
Se o Partido Comunista da China não retificar sua linha e prosseguir no seu curso errôneo, o Partido do Trabalho da Albânia terá que iniciar, no interesse da revolução proletária, uma polêmica aberta com ele.
Nota da tradução:
(1) Nota do diário político de Enver Hoxha, publicada pela primeira vez em 1979 no compilado “Reflexões sobre a China”. (retornar ao texto)