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Primeira Edição: L’Unità
Tradução: Elita de Medeiros - da versão disponível em https://www.marxists.org/archive/gramsci/1925/12/operations.htm
HTML: Fernando Araújo.
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1. A linha política adotada pelo Comitê Central e depois pelo V Congresso, totalmente alinhada com a situação política italiana, permitiu que nosso partido desenvolvesse suas forças e o elevasse a um grau de influência política real que nunca teve. Permitiu ao partido fazer grandes progressos no caminho de uma preparação política eficaz. Hoje estamos ligados à classe operária de uma forma muito superior a qualquer outra na vida do nosso Partido. Além disso, favorecidos pela situação objetiva, começamos e encaminhamos resolutamente o caminho para a solução do problema dos laços políticos com a classe camponesa de uma maneira nunca feita antes.
Podemos afirmar que a linha seguida pelo Partido durante o primeiro período de sua existência, e especialmente quando as divergências com a Internacional eram agudas, nunca poderiam ter nos trazido ao ponto em que estamos agora. Se o partido tivesse adotado a tática que Bordiga propôs, nunca poderia ter lucrado com a situação após o crime contra Matteoti; de fato, nunca teria conseguido exercer, em nenhum momento de sua atividade, uma influência sobre amplas camadas das massas, e não teria sido tão capaz de arrancar as massas trabalhadoras da influência dos partidos contrarrevolucionários e do meio da estrada para, assim, estender gradualmente sua influência até o grau atual.
Afirmamos que somente a tática que o Comitê Central seguiu, em conformidade com as deliberações dos congressos mundiais dos últimos dois anos, permitiu colocar, em termos reais, o problema de criar, na Itália, o partido da classe trabalhadora como partido de massa, e não como uma seita completamente separada das massas e fossilizada na repetição da fraseologia revolucionária vazia. Além disso, afirmamos que um retorno à tática de Bordiga nos faria perder rapidamente tudo o que obtivemos e, portanto, haveria as mais graves consequências, não apenas para o partido, também para a classe trabalhadora.
Colocada entre a organização sectária de Bordiga e as formações contrarrevolucionárias em estado de ruína (Maximalistas, Unitaristas, Aventiani e similares), a classe trabalhadora cairia na passividade, inércia e desintegração de que nós a resgatamos.
2. No que diz respeito às políticas do partido no período entre o IV e o V Congressos Mundiais, se é verdade que nesse período houve, na medida em que se tratava das mesmas diretrizes gerais, incerteza e oscilação, é ainda mais verdade que a responsabilidade por esse fato recai sobre quem, com o intuito de continuar a luta contra a Internacional, não hesitou em abrir uma grave crise no partido, sobretudo favorecendo a formação de uma direita que não tinha outra razão de ser senão a sua fidelidade às diretivas da Internacional, contra a qual o partido foi mobilizado. Seguir Bordiga, hoje, significaria reproduzir uma situação como a do passado. Mas felizmente não há sinais de que o partido queira segui-lo.
3. A respeito da organização: não hesitamos em afirmar que uma organização como a nossa, no primeiro período de sua existência, representou um enorme avanço em relação à rotina social-democrata e maximalista da época. Se isso atendesse à situação da época, não seria nada apropriado para resolver os problemas que agora se colocam para o partido: em primeiro lugar, o problema de manter em condições de trabalho seu contato com as camadas mais amplas da classe trabalhadora, bem como o problema de seu funcionamento como partido da própria classe trabalhadora. O problema de organizar o Partido Comunista como partido da classe trabalhadora e partido de massas só foi colocado no atual Comitê Central. Como consequência de sua orientação política geral, o Comitê Central liderado por Bordiga não viu esse problema. Não podemos dizer que isso foi resolvido hoje, mas o processo certamente foi iniciado, e foram feitos enormes progressos em direção à sua resolução.
4. Quanto ao trabalho organizacional prático, não acreditamos que tudo o que foi feito pelo atual Comitê Central tenha sido bom. Acreditamos que houve defeitos e falhas e que ainda existem. Contudo, se levarmos em conta as condições em que o trabalho do partido se desenvolveu após o V Congresso Mundial, não podemos fazer nada menos do que dizer que esses defeitos desaparecem quando colocados diante do enorme trabalho de reorganização realizado para chegar à presente situação, pois partimos de uma situação em que toda a estrutura antiga havia desmoronado e precisava ser reconstruída com novos critérios e empregando novo material.
O camarada Bordiga sabe dessas coisas, e basta que ele saiba que, considerando as várias condições objetivas (hoje, para que uma carta vá do centro para a periferia é preciso um trabalho dez vezes maior do que o necessário no tempo de Bordiga), o atual aparato partidário é menor do que era antes, o que significa que o número de funcionários é relativamente menor. Mas mesmo que houvesse mais deles, afirmamos que eles seriam escolhidos com base no mais rigoroso dos critérios, e que seu trabalho seria controlado com base em critérios ainda mais rigorosos. Estamos certos de que os tão desprezados funcionários do partido são, hoje, um grupo disciplinado e consciente de revolucionários profissionais inteiramente dedicados à causa do partido e da classe.
5. Resta saber se é verdade que o Comitê Central envenenou as condições de vida do partido com sectarismo. Pois bem, se Bordiga se refere, como sem dúvida o faz, às ações enérgicas e implacáveis do Comitê Central para esmagar a tentativa fracionária que tomou o nome de Comitê da Entente, só podemos dizer que, se outra tentativa desse tipo for iniciada, estamos prontos hoje, amanhã e sempre para esmagá-la com a mesma energia implacável.
Mas estamos convencidos de que, quando todos os camaradas tomarem nota de até que ponto as ações do Comitê da Entente nos levariam no caminho para a dissolução do partido, eles descobrirão que deveriam ter sido ainda mais duros ao estigmatizar suas ações. Quem está no Partido Comunista e quer trabalhar de forma disciplinada, sob as diretrizes que a Internacional estabeleceu e que trabalha para sua aplicação, nunca descobrirá que as condições de vida estão envenenadas. Mas aquele que quer repetir o esforço louco de romper a unidade do partido, opor-se à Internacional e dissolver a assembleia, para essas pessoas não há dúvida de que o ar do nosso partido, após o III Congresso, não será respirável.