Armamento das Massas Revolucionárias. Edificação do Exército do Povo

Vo Nguyen Giap


III - O Papel Criador do Nosso Partido e do Nosso Povo no Armamento das Massas Revolucionárias e na Edificação do Exército do Povo


CAPA

O nosso partido, desde o seu incio, assumiu a missão histórica de dirigir a revolução de libertação nacional numa época nova, inaugurando a mais brilhante era da nossa história, a era da independência, da liberdade e do socialismo.

O nosso povo levou a cabo insurreições e guerras nacionais para reconquistar, e salvaguardar a independência nacional ao longo de vários milénios de edificação e defesa do país. Nos últimos quarenta anos, guiado pela linha revolucionária do Partido, desencadeou, e conduziu insurreições populares e guerras do povo sucessivas para reconquistar e salvaguardar a independência nacional e para edificar e defender o nosso regime democrático e popular, o nosso regime socialista.

O nosso povo sublevou-se e, com a Revolução de Agosto, levou a vitória à insurreição geral, eliminou o jugo dos fascistas japoneses e franceses e fundou a República Democrática do Vietnam, o primeiro Estado de democracia popular do Sueste Asiático. Levou a bom termo a primeira guerra de resistência sagrada, fez fracassar a guerra de agressão, dos colonialistas franceses, libertou metade do pais e fez progredir o Norte para o socialismo. Hoje conduz brilhantemente a resistência contra os imperialistas americanos, a mais gloriosa e a maior guerra contra uma invasão estrangeira na história do nosso povo, para libertar o Sul, salvaguardar o Norte, caminhar no sentido da reunificão pacífica do país e contribuir para a obra revolucionária dos povos do mundo.

Jamais na sua história o nosso povo conduzira uma luta tão longa marcada por insurreições armadas e guerras revolucionárias que se estendem ao longo de dezenas de anos. O nosso povo nunca tinha estado perante agressores tão ferozes, do fascismo japonês na Ásia ao imperialismo francês, velha potência colonialista da Europa, e por fim o imperialismo americano, o chefe de fila do imperialismo o inimigo número um da humanidade.

Com heroísmo e uma vontade de ferro, o nosso povo tem alcançado grandes vitórias, estreitamente ligadas ao nascimento da classe operária vietnamita, a direcção do nosso Partido e do venerado presidente Ho Chi Minh e as condições e circunstâncias históricas da nossa época inaugurada pela Grande Revolução de Outubro.

Para cumprir a tarefa histórica de vencer os agressores, pela independência, pela liberdade e pelo socialismo, o nosso povo mobilizou o conjunto do país e bateu-se, com uma coragem excepcional sob a direcção do Partido. Ao organizar as forças políticas das massas, o nosso Partido, na base deste grande exército resolveu brilhantemente o problema da organização militar do povo e edificou as forças armadas populares.

As forças armadas populares constituem um dos factores determinantes da vitória da luta revolucionária no nosso país. O seu desenvolvimento enquadra-se no desenvolvimento das insurreições armadas e das guerras revolucionárias com vista à realização da linha do Partido. A análise do novo desenvolvimento das insurreições armadas e das guerras revolucionárias leva também à boa compreensão do espírito criador do nosso Partido e do nosso povo na edificação das forças armadas revolucionárias.

O nosso povo conheceu outrora insurreições populares e guerras do povo dirigidas pela classe feudal. Conheceu igualmente insurreições populares e guerras do povo saídas de movimentos camponeses, nascidas da aliança entre movimentos camponeses e movimentos nacionais. Nos nossos dias, as insurreições popuIares e as guerras do povo são dirigidas pela classe operária e nascem das grandes correntes revolucionárias: revolução de libertação nacional e revolução socialista.

Aplicando de modo criador o marxismo-leninismo às condições concretas da luta revolucionária no nosso pais, perpetuando e enriquecendo a tradição de luta gloriosa da nossa nacão contra o invasor estrangeiro, o Partido e o nosso povo levaram a um nivel superior as insurreições armadas e a guerra revolucionária e deram-lhes um conteúdo novo e uma nova quaIidade quanto aos objectivos criticos, as formas e métodos de luta e à poderosa força de ofensiva.

Outrora, o objectivo político, das insurreições e guerras nacionais era a reconquista e a salva-guarda da independência nacional, contra os feudais estrangeiros; ao mesmo tempo, visavam edificar, defender e desenvolver o regime feudal no plano interno. Através das insurreições e guerras nacionais, os camponeses conquistavam certos direitos democráticos, mas sempre no quadro do regime feudal da política da classe feudal que queria “jogar com as forças do povo” e desempenhava então um papel positivo.

Actuatmente, as insurreições armadas e as guerras revolucionárias têm um objectivo político derrubar a dominação do imperialismo e dos seus lacaios, derrotar a guerra de agressão imperialista e alcançar a independência nacional, a democracia popular e o socialismo, edificar, defender e desenvolver o regime democrático popular, o regime socialista.

Este objectivo político é igualmente a tarefa fundamental imediata que o nosso Partido aponta para a revolução vietnamita. Segundo, a linha revolucionária do Partido, a tarefa de libertação nacional liga-se à conquista dos direitos democráticos, a via da libertação nacional liga-se à da revolução socialista, a tarefa revolucionária do nosso país liga-se aos dos povos do mundo. As insurreções armadas e as guerras revolucionárias dirigidas pelo nosso Partido visam libertar a independência total para a Pátria. Visam igualmente libertar as classes exploradas e satisfazer os direitos e interesses do povo trabalhador, em todos os domínios, em primeiro lugar, os dos operários e camponeses, contribuindo ao mesmo tempo para a obra revolucionária dos povos do mundo. Este objectivo político das insurreições e guerras é justamente o objectivo pelo qual se batem as organizações militares revolucionárias, e as forças armadas populares e é a fonte da sua força.

Quanto às forças, as insurreições e guerras nacionais dispunham outrora da grande força de “todo o país conjugando os seus esforços” e apoiavam-se no patriotismo ardente e no espirito de coesão do nosso povo; por outro lado, os grupos feudais progressistas recorriam a certas formas de democracia para levar as massas a participar na luta. O nosso povo venceu assim inimigos que tinham muito mais poder do que ele. No entanto, esta força de “todo o país conjugando os seus esforços” tinha os limites inerentes às condições históricas, aos antagonismos de classe entre os feudais e os camponeses.

Nos nossos dias, as insurreições armadas e as guerras revolucionárias vão buscar uma força nova “ao bloco de união de todo o povo na base da aliança operário-camponesa dirigida pela classe operária”. Assenta na perfeita identificação de interesses, entre a classe operária e o conjunto do povo trabalhador, bem como de todas as outras camadas patrióticas, tanto na conquista da independência nacional como na edificação do novo regime social. É a força de um patriotismo ardente aliada a uma elevada consciência de classe de uma indomável combatividade aliada à inteligência criadora das largas massas populares, principalmente dos operários e camponeses, na luta pela sua própria libertação, pela libertação nacional, pela libertação das suas classes, pela conquista e salvaguarda do direito de serem donos do seu próprio país e dos seus destinos.

A força do novo regime social, regime democrático popular e socialista, claramente superior em todos os aspectos a qualquer regime baseado na exploração. O poder das forças armadas populares reside no fato de se apoiarem na força invencível do bloco de união de todo o povo tendo por base a aliança operário-camponesa e na superioridade do novo regime social.

Por outro lado, o nosso povo beneficia “da ajuda e apoio da revolução mundial”, em primeiro lugar dos países irmãos do campo socialista, enquanto que os nossos antepassados na época feudal só podiam contar com as suas próprias forças. Esta ajuda internacional, reforçando consideravelmente o nosso povo, tornou-se um factor muito importante de vitória.

Quanto aos métodos de luta, o nosso povo, que apreendeu os ensinamentos marxistas-leninistas sobre a violência revolucionária, herdou e enriqueceu as experiências dos nossos antepassados no campo das insurreições populares e das guerras do povo, criando novos métodos de luta para assegurar a vitória. Estes métodos concretizam sob várias formas a lei do desenvolvimento da violência revolucionária no nosso pais e a posição e o poder de ofensiva das nossas correntes revolucionárias na posição de ofensiva geral da revolução mundial. Métodos de luta na insurreição e na guerra em que participam as forças de “todo o povo”, “toda a nação”e “todo o país” e em que as forças politicas e armadas, tanto no campo, como nas cidades, o exército popular e as forças armadas de massas presentes em toda a parte aplicam múltiplas formas de luta em diversas frentes, essencialmente coordenando a luta armada com a luta política, criando uma força global o maíor possível para alcançar a vitória. O conjunto destes métodos constitui um modo particular de conduzir a insurreição e a guerra, criando numa época nova uma arte militar original e criadora.

Devido ao conteudo novo e à nova qualidade dos objectivos politicos e das forças e métodos de luta e graças à força acumulada no decurso de quatro mil anos de edificação e defesa do país, a insurreição armada e a guerra revolucionária dispõem hoje de uma força inteiramente nova. Força na qual se apoiam o nosso Partido e o nosso povo para resolver brilhantemente um problema que os nossos antepassados não tinham: “O que deve fazer um pequeno povo economicamente atrasado para vencer a agressão de poderosos países imperialistas que têm não só uma população muito mais numerosa mas também uma economia muito desenvolvida, uma indústria moderna, um enorme potencial económico e militar e um exército numéricamente superior e, ao mesmo tempo, equipado com armas e meios técnicos mais modernos”.

Hoje, tal como no passado, temos que opor o pequeno número ao grande número. No entanto, a situação actual é muito diferente. Dantes, os nossos agressores eram geralmente poderosos mas estavam, tal como nós, num regime feudal.

Os seus efectivos eram superiores mas, quanto a armamento e técnicas, tinham um nivel muito igual ao nosso ou por vezes, mesmo inferior. Hoje, os nossos dominadores e agressores são inimigos poderosos, imperialismos, incluindo o seu chefe de fila, o imperialismo americano. Conduzem uma guerra injusta e têm um regime social reaccionário. Têm, por outro lado, uma economia desenvolvida, uma indústria moderna, um imenso potencial económico e militar, um exército mais numeroso e equipamentos técnicos muito mais modernos que os nossos. O nosso pais, pelo contrário, é pequeno, o nosso território pouco extenso e a população pouco numerosa. Mas as nossas insurreições e guerras são justas; após a conquista do poder, o nosso povo instaurou um regime político avançado, mas a economia é ainda atrasada e essencialmente agrícola, a base material e técnica é muito limitada, consequências de um estagnante regime feudal milenário, de mais de um século de colonização, e de dezenas de guerras consecutivas após a tomada do poder pelo povo. Apesar da ajuda considerável dos paises irmãos do campo socialista, o nosso povo tem no entanto que se apoiar essencialmente na sua própria economia para vencer agressores que dispõm de um potencial económico, e militar muito mais poderoso.

No processo de direcção da luta revolucionária do nosso povo, o nosso Partido e o presidente Ho Chi Minh, para levarem a bom termo as insurreições armadas e as guerras revolucionárias, criaram, organizaram e treinaram as heróicas e invencíveis forças armadas populares vietnamitas.

Em estreita ligação com o desenvolvimento da insurreição popular e da guerra do povo, as forças armadas populares vietnamitas, actual organização militar do nosso povo, conheceram um novo desenvolvimento quanto à sua natureza de classe, organização, equipamento, armamento, arte militar e força de combate.

De um ponto de vista de classe, as forças armadas nas insurreições e guerras nacionais eram outrora organizadas e dirigidas principalmente pela classe feudal, da qual recebiam a marca de classe; havia uma certa identidade de pontos de vista entre as tropas insurrectas dos representantes da classe feudal, o exército do Estado feudal e o povo quanto ao interesse nacional e aos objectivos de luta, o que dava às forças armadas nacionais um poder considerável no combate contra os feudais estrangeiros. Mas, o exército do Estado feudal e o povo estavam separados por interesses de classe; o primeiro servia de instrumento a uma minoria para submeter e dominar a maioria da nação, os camponeses. Esta oposição de interesses de classe limitava a conformidade de pontos de vista quanto ao interesse nacional e aos objectivos da luta nas insurreições e guerras nacionais e travava o poder combativo do exército nacional naquela época.

Hoje, as nossas forças armadas são de um tipo novo, são uma organização militar de tipo novo, edificada e dirigida pelo Partido da classe operária, da qual têm a “marca de classe”. São a organização militar do povo, do povo trabalhador em primeiro lugar e fundamentalmente dos operários e camponeses e do povo, de diferentes, nacionalidades que vive no nosso território. O objectivo da sua luta é o objectivo da revolução, tal como está definido pelo Partido. Os quadros e combatentes do nosso exército saíram principalmente das camadas revolucionárias e sobretudo das massas operárias e camponesas. As forças armadas são um instrumento do Partido e do Estado — Estado de democracia popular, Estado socialista — nas insurreições armadas e guerras revolucionárias levadas a cabo sob a direcção do Partido contra os agressores e os traidores a seu soldo. Entre as forças armadas populares, o exército do Estado e o povo, não só reina uma perfeita conformidade quanto aos interesses nacionais e aos objectivos da luta nacional, mas há igualmente uma perfeita identidade quanto aos interesses de classe e aos objectivos da luta pela edificação e desenvolvimento do novo regime social.

Esta conformidade de objectivos entre as forças armadas e o povo, tanto, no plano externo como no plano interno, a consciência dos interesses nacionais e de classe, o patriotismo, o interesse no novo regime social e o internacionalismo proletário estão na origem da “alta combatividade, do heroísmo revolucionario” das forças armadas populares, é por isso que as forças armadas populares vietnamitas são um exército profundamente “fiel ao Partido e ao povo, prontas a combaterem e a sacrificarem-se pela independência, pela liberdade da pátria, pelo socialismo, capazes de levarem a bom termo qualquer tarefa, de superarem qualquer dificuldade, de vencerem qualquer inimigo(1). O poder invencível das forças armadas populares provém acima de tudo da direcção do Partido, da natureza revolucionária das forças armadas, dos laços de sangue que unem o exército ao povo. Assim, o reforço da direcção do Partido no seio do exército, a intensificação do trabalho politico e a edificação do exército, a todos os niveis, apoiando-se na formação politica e ideológica, constituem uma garantia fundamental para a elevação do seu poder combativo.

Quanto à forma de organização das forças, o nosso Partido aplicou de modo criador as teses marxistas-leninistas sobre a organização militar do proletariado e continuou e enriqueceu a experiência adquirida na organização das forças armadas; a partir das condições politicas e sociais e da base material e técnica existente, levou a cabo em todo o lado com êxito “o armamento de todo o povo”, e efectivou “o armamento das massas revolucionárias e a edificação do exército popular com três categorias de tropas”: tropas regulares, tropas regionais e milícias populares. Organizou ainda as “forças armadas de segurança popular”. “As forças armadas populares” tinham origem nas forças políticas de massa, constituídas progressivamente a partir das forças armadas de massa, que se organizaram gradualmente em exército do povo. As forças armadas de massa provinham das pequenas unidades de autodefesa e de guerrilha, tomaram rapidamente grande envergadura, melhorando dia-a-dia o seu nível de organização e equipamento. A partir das primeiras secções e companhias, o exército popular tornou-se um exército poderoso com uma organização e um equipamento técnico em constante progresso, passando rapidamente de um exército composto unicamente por infantaria a um exército regular moderno com diferentes armas. As forças armadas de massa e o exército popular coordenam sempre estreitamente a sua acção, seja na insurreição nacional, na guerra do povo, ou pela defesa nacional, na guerra de libertação ou na guerra de defesa da Pátria.

“O profundo carácter de massa” é um traço característico das forças armadas populares. Graças à política de “união de todo o povo” que mobilizou todo o povo no combate pelos objectivos da revolução, a participação popular no combate, é maior do que em qualquer periodo anterior da nossa história. Houve um desenvolvimento por saltos do “carácter de massas” da organização militar revolucionária nascida das lutas revolucionárias, de que falava Engels. Depois da tomada do poder e da instauração do Estado de democracia popular e do Estado socialista dirigidos pelo Partido, as forças armadas populares tornaram-se o instrumento de violência do nosso Estado para combater os inimigos externos e internos, a fim de salvaguardar o regime, o poder revolucionário e os interesses do povo. O povo, participa por vontade própria no combate pela defesa do Estado, do regime; o Estado pode armar amplamente o povo e, nesta base, edificar um poderoso exército popular. Tal como tinham previsto os fundadores da ciência militar proletária, a libertação do proletariado passa também pelo plano milltar dando origem a forças armadas de um tipo novo, muito mais numerosas que o exército nascido da revolução burguesa.

O nosso Partido dá sempre grande importância à questão da base material e técnica, do equipamento e do armamento. Isto porque o homem e o armamento, são os elementos fundamentais do poder combativo das forças armadas, sendo o primeiro o mais fundamental e determinante. Engels disse que o que tem um papel revolucionário é a invenção de armas mais aperfeiçoadas e as mudanças que se operam no soldado, na força do homem em combate. As forças armadas populares são uma “colectividade de homens” com a consciência revolucionária desperta, animados por uma elevada combatividade e por um espírito de disciplina livremente consentida; organizados segundo formas adequadas, utilizam o melhor possivel as armas e meios de que dispõem e têm “métodos de combate” apropriados para vencer o inimigo.

No decurso da insurreição armada e da guerra revolucionária, a consciência revolucionária do povo evoluiu sensivelmente no aspecto qualitativo, formaram-se os “homens novos” da nação vietnamita, os “combatentes vietnamitas” da nova época, mas a base material e técnica continuou a ser muito limitada. O nosso Partido definiu bem a união dialéctica que existe entre o homem, o armamento e os métodos de combate e analisou a interação destes factores para preconizar a organização militar mais adequada. Apesar de a economia nacional ser ainda atrasada, o nosso Partido soube apoiar-se na consciência revolucionária do povo, no espirito revolucionário radical do combatente, na moral muito elevada do exército, no “carácter de massas”, nos métodos de combate variados que aplicam todas as armas e todos os meios disponiveís, armas e meios rudimentares ou relativamente modernos, aos quais se vêm acrescentando progressivamente armas e meios modernos — para resistir às espingardas automáticas, tanques, canhões, aviões e navios do inimigo. Graças à sua valentia, inteligência e métodos de combate criadores, as nossas forças armadas populares utilizaram o melhor possivel e desenvolveram o poder das suas armas e equipamentos, desde os engenhos rudimentares, paus de bambú, armadilhas de pedra, garrotes, laços, manguales… até as armas e meios mais ou menos modernos, às realizações técnicas militates do século XX, canhões, tanques, aviões, foguetes, etc., para aniquilar o inimigo.

Com um exército pouco numeroso, mas poderoso porque operava em coordenação com as forças armadas de massa, e com as suas consideráveis forças politicas, o nosso povo, com armas e meios de guerra inferiores, derrotou exércitos de agressão muito mais numerosos. Com inferioridade no plano numérico e técnico, derrotou exércitos de agressão dotados de armas e meios de guerra muito mais modernos.

No entanto, sempre fomos de opinião que uma base material e técnica medíocre constitui uma grande fraqueza que é preciso superar. Quanto mais moderno for o armamento mais possibilidades têm as forças armadas revolucionárias de aumentar o seu poder de combate.

O nosso Partido dá sempre grande importância ao aperfeiçoamento de armamento, à “modernização” do exército. A questão do equipamento das forças armadas resolvemo-la apoiando-nos nas massas, batendo-nos com o que temos, com as armas capturadas ao inimigo, e com as que nós próprios podemos fabricar quando as condições o permitem, aproveitando ao máximo a ajuda dos países irmãos do campo socialista e melhorando constantemente o nosso armamento.

Depois da tomada do poder pelo povo o nosso Partido apoiou-se no novo regime social progressivamente edificado, na base de uma economia cada vez mais desenvolvida e conseguiu um forte apoio internacional para renovar o equipamento das forças armadas populares, assegurar-lhes um nivel técnico cada vez mais moderno e cada vez em maior escala. Pode-se dizer que o equipamento técnico das forças armadas reflecte a economia e o nivel de desenvolvimento, das forças produtivas não somente do pais mas também dos países irmãos do campo socialista. Assim, esse equipamento foi sendo progressivamente modernizado; não foi só o exército popular a receber armas e meios modernos, as forças armadas de massa foram igualmente equipadas com armas e meios cada vez mais modernos e mais adaptados às necessidades de aumentar constantemente a sua força em combate.

As nossas forças armadas passaram por um longo processo de desenvolvimento. Inicialmente eram reduzidas, pouco numerosas e fracas, tendo-se alargado, crescido e sido reforçados ao longo de vários decénios de lutas plenos de sacrifícios e difiiculdades, mas também marcados por vitórias gloriosas: do movimento dos Sovietes de Nguyen Tinh à Revolução de Agosto, da resistência contra os colonialistas franceses aos anos de edificação pacífica do Norte, da resistência à guerra de destruição sistemática pelas forças aéreas e navais dos Estados Unidos à resistência actual contra a agressão americana nas duas zonas do país. No decurso desta longa e encarniçada luta contra os mais crueís e poderosos agressores da nossa época, o nosso Partido, tendo em conta em cada etapa tarefas revolucionárias, formas de luta e o adversário concreto, resolveu de uma maneira criadora os problemas de armamento de todo o povo, da edificação do exército popular e do armamento das massas revolucionárias, de acordo com as condições e circunstâncias históricas concretas. As nossas forças armadas acumularam assim uma experiência rica e preciosa; em cada etapa, resolveram com sucesso os problemas-chave postos pelo combate, a fim de edificarem e acrescerem a sua força, de se desenvolverem regularmente, de vencerem qualquer inimigo, de realizarem feitos gloriosos e de cumprirem, com éxito, todas as tarefas que lhes eram confiadas pelo Partido e pelo povo.

Desde a sua fundação, o nosso Partido definiu no seu programa revolucionário o seu ponto de vista sobre a revolução, sempre concebida como acção violenta, e indicou a via da luta armada para a tomada do poder, definindo a linha ,de edificação das forças. No “programa político sucinto” de Fevereiro de 1930, o presidente Ho Chi Minh preconizou “a organização do Exército dos operários e camponeses”. Em seguida, as “Teses Politicas”, de Outubro de 1930, também puseram claramente o problema do “armamento dos operários e camponeses”, da “criação de um exército” e, ao mesmo tempo, indicou a orientação de “unidades operário-camponesas de autodefesa”. Assim, desde o inicio, o Partido preconizou “o armamento das massas e a edificação do exército e ao m.esmo tempo indicou a orientação de classe a dar à organização das forças armadas revolucionárias.

Mal o nosso Partido foi fundado, levantou-se uma tempestade revolucionária que atingiu o auge com o movimento dos Sovietes de Nghe Tinh (1930-1931). Pela primeira vez no nosso país, as massas operárias e camponesas sublevaram-se sob a direcção, do Partido, usaram a violência para derrubar o jugo dos colonialistas, dos mandarins e dos tiranos locais e fundaram o poder dos Sovietes, lançando o pânico nas fileiras dos colonialistas e dos feudais.

Os Sovietes de Nghe Tinh, apesar da sua existência breve, tiveram um grande significado. Representaram os primeiros passos decisivos para todo o processo ulterior de desenvolvimento da revolução no nosso país. Afirmaram o direito, e a capacidade de direcção, da classe operária, de que o nosso Partido é a vanguarda. Foram testemunho do poder das massas operárias e camponesas, do bloco da aliança operário-camponesa dirigido pela classe operária. Indicaram a via da revolução violenta e os métodos de utilização da violência revolucionária das massas para conquistar o poder. Tratou-se de um ensaio geral sob a direcção do nosso Partido para o triunfo da insurreição geral quinze anos mais tarde.

As nossas forças armadas populares eram nos anos trinta organizações de autodefesa, embrião das forças armadas de massa e também do futuro exército revolucionário. A autodefesa era organizada por operários e camponeses, nas cidades e nos campos, como protecção na sua luta contra o inimigo.

As unidades de autodefesa eram de grande utilidade. No decurso de uma manifestação e greve realizadas pelos operários da plantação de borracha de Phu Rieng em Fevereiro de 1930, as forças operárias de autodefesa resistiram aos soldados, partirapartiram o braço de um sargento francês, obrigaram o adversário a retirar-se e protegeram os manifestantes. A conferência de Nha Be, nos fins de 1930, em consequência da qual 700 a 800 operários abandonaram o trabalho, ficou a dever o seu sucesso ao fato de “as forças operárias de autodefesa de Nha Be terem ferido um polícia na cabeça e lhe terem tirado a arma, obrigando-o a libertar o conferencista. A multidão só dispersou quando terminou o discurso”(2). O movimento dos Sovietes de Nghe Tinh viu operários e camponeses armados com paus, foices, e lanças sublevarem-se para castigar os tiranos locais, destruirem as instalações do mandarim e a prisão do distrito, cercarem o quartel e fundarem o poder... Numerosas aldeias e fábricas formaram brigadas operário-camponesas cujos membros foram escolhidos entre a elite das associações operárias, das associações camponesas ou da União da Juventude Comunista. A concentração realizada em 18 de Setembro de 1930 em Thanh Chuong (provincia de Nghe An) com mais de 20 000 pessoas para festejar a vitória contou com a protecção de mais de um milhar de membros das forças de autodefesa.

O nosso Partido combateu as concepções e atitudes erradas quanto à organização de auto-defesa. Alguns condenavam a sua formação, julgando-a arriscada. Em certos lugares só se organizou provisóriamente ou, se estava organizada, não era apoiada por um trabalho de explicação e de agitação, no seio das massas, não tinha treino militar, etc.

No referente ao armamento, das massas, o Partido indicava: “quando as condições estiverem maduras, será preciso, custe o que custar, desencadear uma luta sangrenta, que será empreendida pelos operários e camponeses sob a direcção do Partido, uma acção armada para a conquista do poder”; “se não se preparasse a tempo o armamento das massas, não se poderia levar a bom termo a revolução”; “paralelamente ao treino militar e à preparação para o armamento das massas, é preciso que nos oponhamos enérgicamente à acção violenta prematura, as tendências que apenas se preocupam com o fabrico de armas e descuidam o trabalho quotidiano junto das massas trabalhadoras…”

Quanto às formas de organização, o Partido indicava: “as brigadas operárias e camponesas de autodefesa diferem dos destacamentos de guerrilha e também não constituem o exército vermelho. Não podemos organizar em qualquer momento o exército vermelho e os destacamentos de guerrilha, ao passo qua as brigadas de auto-defesa podem e devem ser organizadas sem demora, desde que exista agitação revolucionária, qualquer que seja a sua força”; “nenhuma empresa ou aldeia onde existam bases do Partido, da união da juventude ou das associações revolucionárias de massas deve deixar de ter a sua organização de autodefesa”; “é preciso organizar ao mesmo tempo brigadas permanentes de autodefesa e numerosas forças de autodefesa entre as massas...”.

Em relação à direcção do Partido e à natureza de classe, “as brigadas de autodefesa dos operários e camponeses revolucionários são colocadas sob a direcção centralizada do Comité militar central do Partido”. “É preciso, assegurar constantemente o carácter revolucionário, das brigadas de autodefesa... assegurar a estrita direcção do Partido na organização de autodefesa permanente, para o que é preciso que os membros, mais resolutos do Partido e da União dos Jovens participem na autodefesa e no seu comando. O chefe de brigada e o delegado do Partido devem assegurar em conjunto o comando. No que respeita às actividades quotidianas, a brigada está subordinada à instância correspondente do Partido. Para as actividades militares em geral, depende do escalão superior da autodefesa e do comité militar do Partido do escalão correspondente(3).

Pode-se considerar que estes são “os principios básicos mas fundamentais do Partido no que respeita à edificação das forças armadas revolucionárias do nosso povo”. Estas ideias e a prática do movimento dos Sovietes de Nghe Tinh mostram que o nosso Partido e o nosso povo aplicaram desde muito cedo e de modo criador os ensinamentos marxistas-leninistas sobre “a violência revolucionária, o armamento das massas revolucionárias e a edificação do exército vermelho operário-camponês às condições concretas do nosso país.

Nos anos de 1936-1939, face ao perigo constituído pela preparação activa de uma guerra mundial por parte dos fascistas alemães, italianos e japoneses, o nosso Partido modificou a orientação da luta. Abandonou temporariamente as palavras de ordem “derrotar os imperialistas franceses” e expropriar as terras dos proprietários rurais para as distribuir aos camponeses”, preconizou a fundação da Frente Democrática Indo-Chinesa”, concentrando assim a luta contra os reaccionários coloniais, reis e mandarins feudais. Exigia por outro lado o exercício das liberdades democráticas, o melhoramento do nível de vida, a resistência contra os agressores fascistas e a salvaguarda da paz mundial. Mudou igualmente as formas de luta, passando da luta clandestina à luta aberta combinada com actividades clandestinas, aliando com habilidade as formas legais e semilegais, às ilegais. Pode assim desencadear um movimento de uma amplitude e intensidade sem precedentes nas cidades e nos campos, conseguindo despertar politicamente milhões de homens, elevar a consciência de classe das massas operárias e camponesas e inculcar o patriotismo aos compatriotas de todo o país.

Era uma situação rara nas condições de um país colonizado. Depois do movimento dos Sovietes de Nghe Tinh (1930-1931), a edificação das “forças políticas” e o desencadeamento, da luta politica” no periodo da Frente popular (1936-1939) constituiram um novo passo fundamental na preparação das forças políticas e das forças armadas para os combates decisivos, tanto no campo da luta politica como no da luta armada do nosso povo no período revolucionário que se seguiu, o período de preparação da insurreição armada e da insurreição geral para a conquista do poder.

Eclodiu a segunda guerra mundial. Enquanto na Europa os imperialistas franceses se rendiam aos fascistas alemães e, na Ásia, ofereciam a Indochina aos militares japoneses, o nosso povo sublevou-se heroicamente contra os fascismos japonês e francês. As insurreições de Bac Son, Nam Ky e Do Luong marcaram o início de um novo período de luta revolucionária no nosso país.

O Comité Central do Partido, na sua sexta Conferência, em 1939, e depois na sétima, em 1940, definiu uma nova orientação, para a direcçao estratégica, sublinhando a libertação nacional como tarefa primordial, e adiando a palavra de ordem sobre a revolução agrária, a fim de poder concentrar as forças contra o imperialismo e os seus lacaios. Na primavera de 1941, a oitava Conferência do Comité Central, presidida por Ho Chi Minh, especificou uma nova orientação. Precisando que a revolução, era no imediato uma “revolução de libertação nacional”, preconizou a criação da “Frente Viet Minh” (Liga para a inde-pendência do Vietnam), englobando as associações de salvação nacional das diferentes camadas sociais. A Conferência decidiu, por outro, lado, edificar e desenvolver as “forças armadas revolucionárias”, organizar “brigadas de autodefesa”, “pequenos grupos de guerrilha de salvação nacional”, “destacamentos permanentes de guerrilha”, criar “bases da revolução”, dar um forte impulso, às actividades a todos os níveis “passar progressivamente da luta politica à luta armada”, articular estreitamente estas formas de luta e preparar-se activamente para a insurreição armada com vista à conquista do poder.

O movimento revolucionário estava efervescente em todo o país. A Frente Viet Minh, exército político da revolução desenvolvia-se rápida e vigorosamente primeiro, no campo e em seguida nas cidades, apesar do terror exercido pelos fascistas franceses e japoneses. As forças armadas de massa também se desenvolviam rapidamente, apoiadas nas forças politicas de massa, sobretudo depois do apelo do Comité Central do Partido para “se arranjar em armas e se expulsar o inimigo comum”.

Estavam criados numerosos destacamentos de guerrilha. O “destacamento, de Bac Son”, nascido durante a insurreição de Bac Son, desenvoleu-se e transformou-se no Exército de salvação nacional nos fins de 1940. Com a criação da “Brigada de propaganda para a libertação do Vietnam”, em Dezembro de 1944, a decisão, do nosso Partido quanto a resistência nacional, ao armamento de todo o povo, à edificação do exército e das forças armadas regionais foi mencionada na directiva do presidente Ho Chi Minh:

“na medida em que a nossa resistência é uma resistência de todo o povo, importa mobilizar todo o povo, armar todo o povo. Quando juntarmos as nossas forças para constituir as primeiras tropas, será também necessário que se mantenham as forças regionais para coordenarem a sua acção e para as ajudarem a todos os niveis...”

Tal como o nosso Partido tinha previsto, os japoneses derrotaram os franceses a 9 de Março de 1945. Desencadeou-se em toda a parte um impetuoso movimento de resistência contra os japoneses, premissa da insurreição geral. A revolução desenvolvia-se por insurreições e guerrilhas locais em várias regiões. As forças armadas unificavam-se para se transformarem no “Exécito e libertação. As organizações de “auto-defesa” e de “autodefesa de choque” desenvolviam-se mais ou menos em todo o lado. Conseguiu-se criar a “zona libertada”, englobando seis províncias do Viet Bac, que se tornou a base essencial da revolução, em todo o país e o embrião da futura República Democrática do Vietnam.

O exército revolucionário estava criado, paralelamente, às numerosas forças armadas das massas organizadas a partir das associações de salvação nacional, guerrilheiros do Nam Ky(4) Exército de salvação nacional e Brigada de propaganda para a libertação do Vietnam. Pela primeira vez no nosso país, estavam criadas forças armadas revolucionárias, um exército de tipo novo, verdadeiramente do povo, organizado e dirigido pelo nosso Partido.

A Segunda Guerra Mundial estava a terminar. Os fascistas alemães e italianos tinham-se rendido; estava igualmente a soar a hora final dos fascistas japoneses. A 2.ª Conferência nacional do Partido, realizada a 13 de Agosto de 1945 em Tan Trao, decidiu desencadear a insurreição geral. A insurreição geral eclodiu e a sua vitória na capital, Hanói, a 19 de Agosto de 1945, teve um efeito decisivo sobre a situação revolucionária em todo o pais. Rapidamente ganhou as provincias de Bac Bo a Trung Bo e Nam Bo, das cidades aos campos. A insurreição geral de Agosto de 1945 tinha triunfado”. No espaço de alguns dias, o regime colonial instalado há cerca de cem anos e o multimilenário regime feudal foram derrubados. A 2 de Setembro de 1945, em Hanói, o presidente Ho Chi Minh leu a “Declaração de Independência”: nasceu a “República Democrática do Vietnam”; uma era nova se abria.

A insurreição geral de Agosto de 1945 foi uma “insurreição de todo o povo” dirigida pelo Partido da classe operária. Respondendo ao seu apelo, todo o povo se sublevou, nas cidades e nos campos, aliando estreitamente as forças politicas às forças armadas, e conquistou o poder pela insurreição armada.

“A vitória da Revolução de Agosto deve-se fundamentalmente ao fato de as forças políticas do povo, terem aproveitado a tempo as ocasião mais favorável para o lançamento da insurreição, e a tomada do poder. Mas se o nosso Partido, não tivesse previamente edificado as forças armadas e estabelecido amplas bases para servirem de apoio às forças e ao movimento de luta politica e se estando as condições maduras, não se tivesse desencadeado rapidamente a insurreição armada, não teria sido possível o triunfo tão rápido da revolução”(5).

O imenso exército politico da revolução englobava milhões de compatriotas; com uma ampla organização das suas forças armadas, constituiu a força essencial que assegurou o triunfo da insurreição. Na acção das massas que se ergueram em armas para atacar directamente e derrubar o poder inimigo, é muito dificil distinguir claramente as forças políticas das imensas forças armadas de massa. Podemos dizer que as “forças armadas” do nosso povo no momento da insurreição geral de Agosto eram compostas, por um lado, pelas unidades do Exército de libertação e, por outro, pelas forças de autodefesa, por uma mutiplicidade de pequenos grupos de guerrilha compreendendo dezenas de milhar de pessoas organizadas a partir das associações de salvação nacional. É preciso, por outro lado, ter em conta as grandes massas que, no momento favorável, se ergueram, armando-se com o que tinham à mão: paus, martelos, foices, lanças, machados, etc., para a conquista do poder. Nesta impetuosa ofensiva de todo o nosso povo no conjunto do território, as forças armadas de massa multiplicaram-se progressivamente, alcançando efectivos consideráveis, com um ímpeto irresistivel e um imenso poder ofensivo. Nestas condições, o nosso exército de libertação, que contava apenas com alguns milhares de combatentes, tinha grande prestigio e uma posição de força, dispunha de grande poder em combate, conseguia destruir o moral do inimigo e estimulava vigorosamente a sublevação das massas revolucionárias.

A experiência da Revolução de Agosto mostra-nos até que ponto, um país colonizado em que todas as liberdades democráticas estavam suprimidas e onde era proibida qualquer arma, era dificil organizar a partir do zero, um exército revolucionário de grande envergadura para vencer o exército dos dominadores, bem organizado e equipado. Uma vez definido o objectivo politico da insurreição, para a levar a bom termo é também essencial “dispor de uma poderosa força politica, um exército politico numeroso, e a partir desta base dispor das forças armadas de massa amplamente organizadas, com um exército revolucionário de um certo nivel”.

O grande exército político das massas e as suas forças armadas amplamente organizadas tornaram-se as forças essenciais que permitiram levar a insurreição à vitória. Isso deve-se ao fato de o nosso Partido se ter empenhado na sua edificação e treino durante todo o processo de direcção da revolução e de ter sabido prever e aproveitar a tempo a ocasião favorável para a insurreição.

“O momento para dar o golpe decisivo, o momento para desencadear a insurreção, deve ser o momento em que a crise tenha atingido o seu ponto culminante, em que a vanguarda esteja pronta a bater-se até ao fim e em que nas fileiras do adversário a confusão seja maior”(6).

Então, perante a força da ofensiva popular, os dominadores deixam de ter, no essencial, vontade ou possibilidade de utilizar as suas tropas para combater a insurreição.

Uma das questões cruciais da arte insurreccional, é aproveitar a tempo a “ocasião favorável”. Para a Insurreição geral de Agosto, o nosso Partido previu e aproveitou perfeitamente a ocasião favorável, levou a bom termo os preparativos e desencadeou na altura oportuna a insurreição. Após a capitulação dos fascistas japoneses, o seu exército na Indochina estava desmoralizado, a maioria dos militares japoneses já não tinha vontade de utilizar as suas tropas para combater a insurreição.

Foi precisamente nesta conjuntura que o exército político das massas e as suas grandes forças armadas se sublevaram, aplicaram plenamente toda a sua potência, derrubaram o poder inimigo e se apoderaram do poder para o povo.

Apesar de tudo, era necessário, dispor de um “exército revolucionário” relativamente organizado, que pudesse servir de força de choque para atacar e aniquilar uma parte do exército e da administração inimigas, que pudesse paralisar e desintegrar as forças inimigas onde quer que elas combatessem a insurreição; só assim se podiam exortar as massas a avançar e se podiam criar as condições favoráveis ao sucesso da insurreição.

Durante a Revolução de Agosto, no decurso das insurreições parciais e das guerrilhas locais preparatórias da insurreição geral, deram-se numerosos conflitos armados entre o exército revolucionário e o exército, reaccionário. Mesmo no decurso da insurreição geral, na ascenção da sublevação das massas, deram-se combates deste género em certas localidades. Assim, sendo as imensas forças politicas das massas armadas as forças essenciais para a insurreição, o apoio do exército revolucionário estimulou a sua coragem e possibilitou o triunfo da insurreição. O apoio do exército de libertação, apesar de ser pouco numeroso, é uma experiência positiva, um ponto importante da Revolução de Agosto.

Para levar a insurreição à vitória, é preciso também assegurar um trabalho de agitação junto das tropas inimigas para as conquistar, paralisar, desintegrar as suas fileiras, aniquilar a sua von-tade de combate, torná-las passivas, hesitantes, impedi-las de intervir e de combater as massas insurrectas, ou para que se aliem a elas.

Lenine disse:

“Só o avanço conjugado das massas operárias, dos camponeses, e da melhor parte do exército (inimigo — nota do editor) pode criar as condições para uma insurreição vitoriosa, isto é, oportuna”(7).

O “trabalho de agitação junto das tropas inimigas” tem pois um significado estratégico nas insurreições diferente do que tem num con'fronto entre dois exércitos, onde, se também, é importante fazer agitação, junto dos soldados inimigos, o essencial é aniquilar, vencer o exército adversário.

“Uma verdadeira vitória da insurreição sobre as tropas... uma vitória como numa batalha entre exércitos, é uma coisa das mais raras... Em todo o caso, a vitória foi alcançada porque a tropa se recusou a marchar, porque faltava o espírito de decisão, nos chefes militares ou porque tinham mãos atadas”(8).

Esse trabalho de agitação foi realizado essencialmente pelas forças políticas, com um certo apoio das unidades do exército revolucionário. De fato, na Revolução de Agosto, as massas apoiaram-se nas suas imensas forças, realizando um trabalho de agitação e de persuasão entre as tropas inimigas que permitiu a quase paralisação, das forças japonesas e dos soldados vietnamitas que combatiam nas suas fileiras, permitiu torná-los passivos e pouco decididos a baterem-se contra as forças insurreccionais: em certos sítios, os soldados vietnamitas passaram-se para o lado da revolução.

O trabalho de agitação deve ser realizado, mas se os dominadores, mantiverem ainda a possibilidade e a vontade de utilizar o seu exército para combater a insurreição, será preciso desenvolver resolutamente a posição ofensiva da revolução, intensificar a luta armada, alargar e reformar o exército revolucionário para vencer o exército reaccionário, transformar a insurreição armada em guerra revolucionária.

Em resumo, na Revolução de Agosto, o nosso Partido soube conduzir o povo à tomada do poder em todo o país, graças a uma linha política e de organização das forças correctas, desencadeando no momento oportuno uma insurreição de todo o povo, conseguindo articular o poderoso potencial do numeroso exército político, das massas com as bem organizadas forças armadas.

A revolução de Agosto, constituiu o primeiro triunfo do marxismo-leninismo num país colonial e semi-feudal. Demonstrou que “na actual conjuntura internacional favorárel, um pequeno povo oprimido e dominado pode perfeitamente sublevar-se e conquistar o poder por uma insurreição armada, para eliminar o jugo dos imperialistas dotados de um enorme aparelho de dominação e de um exército profissional equipado com as mais modernas armas”.

Mal o poder conquistado em todo o país estava consolidado, os colonialistas franceses desencadearam uma guerra de reconquista.

“Antes sacrificar tudo do que perder a pátria, do que tombar novamente na escravidão”. Respondendo a este apelo do presidente Ho Chi Minh o nosso povo, num ímpeto irresistivel, ergueu-se para resistir ao agressor e salvaguardar a independência da Patria e o poder popular recentemente instaurado. A insurreição de todo o povo na revolução de Agosto desenvolveu-se como guerra do povo, “uma guerra de libertação que era ao mesmo, tempo uma guerra pela defesa da Pátria”.

A resistência contra os colonialistas franceses foi uma resistência “de todo o povo, em todas as frentes, uma guerra longa, em que tivemos que nos apoiar nas nossas próprias forças”(9).

A resistência desencadeou-se primeiro em Nam Bo e es suas forças armadas, dando provas de uma coragem ímpar, opuseram-se com armas rudimentares, incluindo lanças de bambu, às tropas francesas dotadas com canhões, tanques e aviões e apoiadas pelas tropas inglesas e japonesas.

Em 19 de Dezembro de 1946, a resistência estendia-se a todo o país. As nossas “forças armadas populares”, mal equipadas, inexperientes, mas animadas de coragem e de um alto espírito de sacrificio travaram em coordenação com as populações das cidades um combate desigual mas glorioso, para imobilizar o inimigo, flagelá-lo e infligir-lhe perdas sensiveis.

Depois, a resistência deslocou-se progressivamente da cidade para o campo. Procurávamos activamente atacar o inimigo, cuidando de perservar as nossas forças com vista a uma longa resistência. Em toda a parte, onde o inimigo punha os pés encontrava pela frente as “milicias de guerrilha”. Estas, em coordenação com a população, destruiam estradas e pontes, provocavam o vazio quando o inimigo se aproximava, flagelavam-no, cansavam-no...

Nos fins de 1947, os franceses tentaram uma grande operação contra o Viet Bac, visando aniquilar as nossas forças regulares bem como a direcção da resistência, desfechar um severo golpe na base nacional da resistência e terminar rapidamente a guerra. Pela acção das tropas regulares e pelas múltiplas escaramuças das tropas regionais e das milícias de guerrilha ao longo dos eixos que o inimigo seguia, a populações do Viet Bac e as suas, forças armadas, com a ajuda coordenada dos outros teatros de operações no país, derrotaram no essencial esta ofensiva.

A fisionomia da guerra começou a mudar a nosso favor. De uma guerra-relâmpago, o inimigo foi obrigado, a passar para uma guerra prolongada, a virar-se para as suas rectaguardas no Norte, Centro e Sul para as consolidar, tentando alimentar a guerra, com a guerra, fazer combater os vietnamitas pelos vietnamitas. Decidimos penetrar, em profundidade nessas rectaguardas para para fazer aí uma “guerra de guerrilha”, de modo vigoroso e generalizado. Dispersando uma parte das tropas regulares sob a forma de “companhias independentes” e do “batalhão agrupado”, pudemos dar um forte impulso ao desenvolvimento das milícias de guerrilha e das tropas regionais nas rectaguardas do inimigo. Ao mesmo tempo, criámos unidades móveis para fazer progredir a guerra móvel. As forças armadas populares compreendiam assim três categorias de tropas.

A vit6ria da batalha da fronteira no Outono-Inverno de 1950, marcou o rápido crescimento dessas três categorias, e em primeiro lugar das tropas regulares. Com uma organização de maior envergadura e um equipamento e armamento melhorados, o nosso exército montou pela primeira vez uma grande ofensiva, no decurso da qual aniquilou uma parte importante das aguerridas forças móveis do inimigo, rompeu o seu dispositivo de defesa na fronteira e libertou um vasto território. A guerra do povo desenvolveu-se passando da guerrilha à “guerra regular”. Depois da fundação da República Popular da China, a vitória da batalha da fronteira pôs termo ao cerco da revolução vietnamita pelo imperialismo; estava aberta a via para as comunicações, entre o nosso país e os países socialistas.

O segundo congresso do Partido, reunido, no início de 1951, adoptou resoluções sobre vários problemas fundamentais da revolução vietnamita sobre a reforma agrária, mobilizou as largas massas de trabalhadores camponeses, movidas por um novo impeto revolucionário para derrotarem os imperialistas e feudais.

Desse modo, foi possivel mobilizar as forças humanas e materiais a favor da resistência e da edificação das forças armadas. A guerra do povo adquiriu novas forças que lhe permitiram acabar com os agressores franceses, apesar de estes terem recebido uma ajuda importante do imperialismo americano a partir de 1950.

As nossas tropas regulares desencadearam sucessivamente ofensivas e contra-ofensivas de grande envergadura, particularmente no Bac Bo, principal teatro de operações. A guerrilha, conheceu também um avanço vigoroso e generalizado. Nas rectaguardas inimigas, a população, apoiada pelas milícias de guerrilha e pelas tropas regionais, combinou a “luta politica” com a “luta armada”, empreendeu numerosas “sublevações armadas” que permitiram liquidar os conselhos de notáveis colaboradores e os traidores, arrasar os quartéis a fim de edificar o poder popular, fazer das rectaguardas inimigas zonas de frente. A guerra de guerrilha conheceu um novo avanço, combinado com a guerra regular, sobretudo no decorrer das grandes campanhas. Enquanto o movimento revolucionário nas zonas rurais recebia um forte impulso, a luta da população das cidades continuava a desenvolver-se.

Nos finais de 1953 e princípios de 1954, desencadeou-se à escala de todo o país, nas direcções estratégicas importantes, a grande contra-ofensiva estratégica. “A guerra regular e a guerra de guerrilha, estreitamente articuladas, foram ambas impulsionadas”. As nossas forças armadas e o nosso povo alcançaram grandes vitórias em todos os teatros de operações. Particularmente em Dien Bien Phu, aniquilámos uma parte muito importante das aguerridas forças móveis estratégicas, de que o adversário dispunha na Indochina. A brilhante vitória de Dien Bien Phu, batalha histórica com grande significado estratégico, e as alcançadas nos outros teatros de operações, desferiram um golpe, decisivo na vontade agressiva do inimigo, mudaram a fisionomia da guerra e levaram a resistência à vitória.

A experiência da Revolução de Agosto e da resistência anti-francesa permitem constatar que, no que respeita às forças comprometidas na insurreição e na guerra revolucionária, se na insurreição de Agosto eram essencialmente constituídas pelo exército politico das massas e suas amplas forças armadas, na guerra do povo contra os imperialistas franceses foram “as forças armadas populares apoiando-se nas forças políticas do bloco da grande união nacional e em coordenação com elas”. Isto porque a insurreição, é geralmente o levantamento das massas, enquanto que, a guerra geralmente o confronto entre dois exércitos. Evidentemente, a guerra do povo, comporta também levantamentos de massas e na insurreição de todo o povo, assistem-se a participações dos exércitos dos dois lados.

Na resistência anti-francesa, o nosso povo soube aliar as forças armadas, às forças políticas, com base nestas últimas. O núcIeo da resistência eram as três categorias de forgas armadas. “A luta armada era a forma essencial de luta, combinando-se, a luta armada com a luta política e o combate com a sublevação”.

O nosso Partido empenhava-se na edificação das “forças armadas populares”. Apoiando-se nas forças políticas do povo, a partir da base, de aliança dos operários e camponeses, dirigida pela classe operária, as nossas forças armadas, nascidas durante o periodo pré-insurreccional, deram um salto em frente durante o primeiro ano do poder popular e depois forjaram-se e desenvolveram-se rapidamente durante a longa resistência. O exército de libertação, converteu-se no Exército Popular do Vietnam, o exército regular do nosso Estado. As formações de autodefesa e de guerrilha desenvolviam-se incessantemente. “As três categorias de forças armadas populares”: tropas regulares, tropas regionais e milicias de guerrilha reforçavam-se continuamente.

As forças regulares, forças essenciais, operavam nos pontos importantes. A sua tarefa era aniquilar as forças regulares do inimigo, sobretudo as forças móveis estratégicas, infligir-lhes severos golpes, libertar o território e unir os seus esforços com a guerrilha para modificar a fisionomia da guerra. Eram estas forças que se encarregavam dos golpes de significado estratégico para destruir a vontade de agressão do inimigo e fazer triunfar a resistência. As forças regulares criavam, por outro lado, condições para o desenvolvimento da guerrilha e aceleravam a luta política e as sublevações armadas de massas, bem como o trabalho de agitação e de persuasão junto das tropas e dos funcionários inimigos.

Na resistência anti-francesa, as nossas forças regulares, que no início, eram compostas por pequenos destacamentos, evoluiram tornando-se forças móveis estratégicas que incluíam grupos aguerridos cada vez melhor equipados e treinados, com um espírito e uma força de combate elevados, capazes de aniquilar vários batalhões de regimentos inimigos numa batalha. Entrando em acção pela primeira vez durante a batalha da fronteira sino-vietnamita (1950), e depois nas de Hoa Binh, do Noroeste, etc., os nossos agrupamentos móveis cooperavam estreitamente com as forças armadas regionais, tendo as três categorias de tropas desempenhado um grande papel e contribuindo para o progresso da resistência.

A batalha de Dien Bien Phu marcou um passo importante no desenvolvimento das forças móveis estratégicas. Enquanto as forças armadas e o povo alcançavam grandes vitórias em direcções importantes, os aguerridos agrupamentos móveis, reforçados com unidades técnicas e com o apoio popular, aniquilaram em Dien Bien Phu o mais poderoso campo fortificado inimigo na Indochina.

As forças regionais, edificadas para se poderem adaptar às condições e tarefas concretas de cada teatro de operações, formavam o núcleo da “luta armada local”. Constituídas por fortes unidades, tão depressa operavam agrupadas como dispersas, em coordenação estreita com as milícias populares e com as forças regulares, para aniquilar o inimigo ou manter e desenvolver a guerrilha, agir em coordenação com a luta politica e a sublevação das massas, derrotar as tentativas de concentração e aliciamento da população, protegendo-a bem como ao poder revolucionário e entre as três categorias de tropas, entre o exército do povo e as forças armadas de massa, ligam-se estreitamente à evolução da resistência desde a “guerrilha” à “guerra regular” e à sua estreita coordenação.

A experiência da resistência antifrancesa mostra que “a coordenação de acção entre as tropas regulares, tropas regionais e milícias de guerrilha, entre a guerra regular e a guerra de guerrilha” constitui um grande trunfo da guerra popular para mobilizar o povo, para pôr em acção o poder de uma guerra justa, de uma guerra de libertação no nosso próprio território. Esta coordenação impediu que os exércitos profissionais de agressão, apesar dos seus grandes efectivos e equipamento moderno, fizessem uma guerra clássica que lhes teria permitido aplicar toda a sua potência de acordo com os seus pontos fortes. Os exércitos de agressão tiveram não somente que enfrentar o exército revolucionário, mas ainda todo um povo que lhes opôs resolutamente uma resistência em todos os campos. As suas tropas afundam-se no oceano da guerra do povo, numa guerra sem frente nem rectaguarda, em que a frente se encontra ao mesmo tempo em todo o lado e em lado nenhum. As contradições inerentes a qualquer guerra de agressão entre a dispersão e a concentração, entre a ocupação do terreno e a mobilidade, vão-se agudizando. As tropas de agressão, numerosas e dotadas de material moderno revelam-se inoperantes. Não só se mostram incapazes para aniquilar as forças armadas do povo; mas ainda são atacadas, cansadas, aniquiladas, e, por fim, vencidas.

Assim, como um exército do povo cujos efectivos eram inferiores aos do inimigo, em coordenacão com as amplas forças armadas de massa, o nosso povo conduziu uma “resistência de todo o povo, em todos os plano”, conjugando estreitamente a guerrilha com a gerra regular, e venceu o exército de agressão dos imperialistas franceses constituído por cerca de meio milhão de homens e dispondo de meios modernos.

Esta primeira vitória da guerra de libertação nacional num pais colonizado mostra que “na época actual, uma pequena nação, com um território nacional pouco extenso, uma população pouco numerosa e uma economia pouco desenvolvida, está perfeitamente em condições, fazendo a guerra revolucionária, de vencer a guerra de agressão colonialista de tipo antigo dos imperialistas”.

O Vietnam do Norte, inteiramente libertado, e com as estruturas completas de um Estado independente, passou ao estádio da revolução, socialista e da edificação socialista na paz, enquanto que o nosso povo prossegue na via da revolução, nacional democrática popular em todo o país, porque o Sul ainda se encontra sob o jugo do imperialismo americano e dos seus lacaios.

Depois de ter realizado a reforma agrária e a restauração da economia nacional, o povo do Norte empenhou-se nas transformações e na edi-ficação socialista, na revolução mais profunda e mais radical da nossa história. Através da realização do essencial das transformações socialistas, a exploração do homem pelo homem está abolida, instauraram-se novas relações de produção, estabeleceu-se a propriedade socialista dos meios de produção. Edificam-se progressivamente as bases materiais e técnicas do socialismo. A unidade política e moral do povo está mais do que nunca, consolidada. A dedicação à pátria e ao socialismo, a consciência colectiva do homem novo, socialista, elevam-se incessantemente. Na edificação e no combate, o nosso povo contou por outro lado, com o apoio crescente dos países irmãos do campo socialista.

O novo desenvolvimento das forças armadas populares enquadra-se no desenvolvimento histórico da sociedade no Norte. É a organização militar para a defesa nacional do povo de um Estado independente que constrói o socialismo na paz. A sua função é servir de instrumento ao Estado da ditadura do proletariado, para defender o Norte socialista e cumprir a sua tarefa em relação à revolução, em todo o país, mantendo-se pronto para fazer fracassar todos os desígnios, do imperialismo, americano.

Edificar o exército e consolidar a defesa nacional na paz e nas condições do regime socialista problema novo para o nosso Partido e para o nosso povo. O nosso povo adquiriu em séculos passados, experiência na edifição do exército e na consolidação da defesa nacional de uma nação independente na paz, mas nas condições do regime feudal. Depois da fundação do Partido, o nosso povo lutou sem descanso, durante decénios. Acumulámos uma experiência ímpar na edificação das forças armadas com vista à insurreição, para a conquista do poder quando o país se encontrava ainda sob o jugo dos imperialistas e feudais, e depois com vista a uma longa guerra de libertação na base de um regime de democracia popular cada-vez mais sólido.

Hoje, o nosso Partido e o nosso povo resolveram um problema novo.

Em tempo de paz, a tarefa principal do nosso povo, consiste em concentrar todos os seus esforços para edificar o pais e a economia socialista. Uma das questões fundamentais é também “resolver de maneira acertada as relações entre a economia e a defesa nacional”. Só uma economia sólida permite uma defesa nacional poderosa. Em contrapartida, só uma poderosa defesa nacional pode proteger eficazmente o trabalho pacífico do povo nessa edificação, pode garantir a segurança da Pátria. As relações entre a economia e a defesa nacional devem ser resolvidas em função da situação de um país ainda dividido; perante o prosseguimento da agressão inimiga contra o Sul, o Norte deve-se tornar uma base sólida para a revolução em todo o país o mais depressa possível, pois o nosso país, um pequeno Estado, tem que se preparar para vencer um agressor poderoso, o imperialismo americano. Assim, na edificação da economia é necessário ter em conta as exigências da consolidação da defesa nacional, não somente na orientação e tarefas do plano económico geral e na repartição das grandes regiões económicas... mas também nos diferentes ramos, como a indústria, a agricultura, as comunicações e transportes e ainda as actividades culturais e sociais; ao mesmo tempo, teremos que estar prontos em termos de organização para convertermos a economia do tempo de paz numa economia de guerra.

O nosso Partido mantém firmemente a «concepção da guerra do povo, da defesa nacional por todo o povo», promovendo o armamento de todo o povo nas «novas condições», edificando um exército popular poderoso ao mesmo tempo que arma por toda a parte as massas revolucionárias e reforça as três categorias de forças armadas populares. Com forças armadas de massa amplamente distribuídas e integradas na produção e, por outro lado, com um exército popular bem treinado e com grande poder de combate, dispomos simultaneamente de uma poderosa defesa nacional e de uma mão-de-obra suficiente para a produção. Esta política de defesa nacional é a única justa para um pequeno país como o nosso que em tempo de paz tem que se esforçar no desenvolvimento económico e em tempo de guerra tem que enfrentar vitoriosamente poderosos inimigos imperialistas.

Temos que estar perfeitamente conscientes de que em tais condições há que aliar a economia à defesa nacional. Isto traduz a grande vigilância do nosso povo, consciente da necessidade de salvaguardar a independência e a soberania do Norte socialista e de estar pronto, mesmo em tempo de paz, a derrotar qualquer propósito agressivo do inimigo; ao mesmo tempo, o nosso povo está animado por uma elevada determinação de libertação do país e prepara-se para isso.

O nosso Partido preconizou nessas condições «a edificação de um poderoso exército popular que se deve tornar regular e moderno, o desenvolvimento generalizado das milícias populares e de autodefesa e a edificação de poderosas forças de reserva».

Desmobilizámos uma parte do exército a fim de ser reintegrado na produção e esforçámo-nos por consolidar o exército permanente com efectivos apropriados e dotado de grandes qualidades de combate. Numerosas unidades do exército devem participar directamente na edificação da economia, mantendo-se ao mesmo tempo prontas para o combate. Em vez do regime voluntário, o Estado instituiu o serviço militar obrigatório a fim de criar numerosas forças de reserva. Os militares desmobilizados mas aptos são admitidos no quadro dos oficiais e soldados de reserva. Também reajustámos e consolidámos as organizações de milícias populares e de autodefesa, impulsionámos a criação das comunas, aldeias e bairros de resistência e reforçámos a defesa da ordem e a segurança. Proporcionámos aos jovens um treino militar geral e encorajámos a prática da educação física e dos desportos, em nome da defesa nacional e da edificação das «forças armadas de segurança popular».

Em relação ao reforço das forças armadas populares e ao papel do exército popular, as resoluções do III Congresso do Partido, em 1960, indicavam:

«O exército popular é a força essencial do Estado para a defesa da independência nacional e do trabalho pacífico do povo norte vietnamita, devendo ao mesma tempo ser o apoio firme à luta pela reunificação do país. Importa reforçar a defesa nacional, edificar o exército permanente no sentido de um exército regular e moderno, consolidar as forças armadas de segurança popular e ao mesmo tempo velar pela consolidação e desenvolvimento das milícias de autodefesa e pela edificação das forças de reserva».

Apoiando-se nas realizações da revolução socialista e da edificação do socialismo em todos os domínios, as forças armadas populares desenvolveram-se rapidamente.

O exército do povo, exército revolucionário, de um Estado socialista, é um exército moderno que compreende diferentes forças e armas: exército, aviação e marinha; o exército compreende infantaria, artilharia, blindados, engenharia, transmissões, unidades antiguerra química, transportes... Instituíram-se regulamentos fixando os diversos regimes de um exército regular; reforçou-se a combatividade e a disciplina do exército. As «tropas regulares» são constituídas por grandes unidades poderosas dotadas de armas e material cada vez mais moderno, com uma crescente mobilidade, uma coordenação cada vez mais estreita entre as diferentes armas e um grande poder de combate. As «tropas regionais», consolidadas e melhor equipadas, vêem a sua capacidade de combater aumentar. Apoiando-se no patriotismo do povo e na sua dedicação ao socialismo e graças ao serviço militar obrigatório, às numerosas forças de reserva e às importantes forças das milícias populares e de autodefesa, o exército popular pode em qualquer momento aumentar os seus efectivos.

As «milícias populares» também se desenvolvem vigorosamente na base das novas relações de produção socialista no campo e nas cidades. São as forças armadas de massa largamente organizadas entre o povo trabalhador nas condições do socialismo. As «milícias populares» e os «guerrilheiros» constituem a organização armada dos camponeses das cooperativas. «A autodefesa e a autodefesa de choque» constituem a organização armada dos operários nas fábricas, empresas, minas, obras, quintas do Estado, dos empregados e quadros nos serviços públicos, e do povo trabalhador nos bairros. As milícias populares de autodefesa e as forças de reserva, animadas por uma elevada consciência política, com um certo nível de instrução geral, bem organizadas, equipadas com armas diversificadas algumas das quais modernas e bem treinadas nos métodos de combate adequados, podem combater localmente ou servir para completar as forças permanentes.

Em 1965, perante o perigo de um fracasso total da «guerra especial» no Sul do nosso país, os imperialistas americanos lançaram a aviação contra o Norte, ao mesmo tempo que introduziram o seu corpo expedicionário no Sul para uma agressão directa. Começava a resistência da população do Norte contra a guerra de destruição sistemática feita pelos americanos. Foi uma faceta da resistência nacional anti-americana em todo o país e, ao mesmo tempo, foi uma guerra de defesa da nossa Pátria socialista contra a aviação inimiga.

Os americanos mobilizaram uma importante e moderna força aeronaval. Largaram sobre o Norte milhões de toneladas de bombas, praticando crimes inqualificáveis contra o nosso povo. De escalada em escalada, atacaram diferentes regiões, acabando por se lançar contra Hanoi, o coração do nosso país. Contando com o seu enorme poderio militar, pensavam poder subjugar o nosso povo. Enganaram-se redondamente. Com a força da sua tradição de luta indomável contra a agressão estrangeira, o nosso povo nunca se curvou perante nenhum agressor. Respondendo ao apelo do presidente Ho Chi Minh «nada é mais precioso do que a independência e a liberdade», o exército e a população do Norte socialista lançaram-se numa guerra do povo terra-ar decidida e eficaz.

É um tipo de guerra do povo totalmente novo: «o povo inteiro combate as forças aéreas e navais inimigas, dedica-se aos trabalhos de defesa e protecção, assegura os transportes, participa ao mesmo tempo no combate e na produção, defende a retaguarda ao mesmo tempo que serve a frente». Esse é um novo desenvolvimento da guerra do povo no nosso país. Conduzimos a guerra do povo na base de um regime socialista que está a dar os primeiros passos, no momento em que o nosso povo dispõe de um Estado independente e bem estruturado, que passou por dez anos de consolidação e desenvolvimento na paz e que beneficia de uma considerável ajuda dos países irmãos.

Na resistência antifrancesa, tínhamos mobilizado todo o povo para combater o agressor, essencialmente as suas forças terrestres, e vencemos este exército de agressão equipado com armas relativamente modernas. Hoje, mobilizamos de novo todo o povo para combater o agressor, essencialmente as suas forças aéreas, uma das armas mais modernas dos imperialistas americanos.

O nosso Partido «mobilizou as forças de todo o povo, colocou o país em estado de guerra para dar um forte impulso à guerra do povo». Rapidamente «multiplicou as forças armadas populares», «deu uma nova orientação à economia», dispersou as indústrias centrais desenvolvendo a economia regional, fez evacuar os habitantes das regiões mais povoadas e dos lugares particularmente visados pelo inimigo, combinou o combate com a produção, deu um forte impulso à produção durante a própria guerra. O nosso Partido precisou que em qualquer circunstância «devemos continuar a fazer progredir o Norte para o socialismo» para reforçar a resistência em todos os domínios, fazer com que o Norte desempenhe o seu papel na revolução em todo o país e ao mesmo tempo preparar a edificação futura do país. A tripla revolução recebeu um forte impulso. As relações de produção socialistas consolidam-se cada vez mais; a unidade política e moral do povo reforça-se constantemente; a base material e técnica do socialismo reforça-se a pouco e pouco. O nosso Partido e o nosso povo esforçam-se para que o socialismo demonstre na prática a sua superioridade em todos os planos, a fim de cumprir todas as tarefas impostas pela guerra do povo contra a guerra de destruição americana.

O desenvolvimento das forças de todo o povo combatendo o agressor, o desenvolvimento da organização militar, o papel do exército popular e das forças armadas de massa neste período encontram-se ligados às características da guerra do povo terra-ar nas condições do regime socialista e também às características da resistência do nosso povo em todo o país contra a agressão americana.

Conseguimos em primeiro lugar um desenvolvimento considerável num curto lapso de tempo de forças de «DCA — Aviação» do exército popular, das forças antiaérias do exército regular e das tropas regionais. São estas as forças que servem de ossatura na guerra do povo terra-ar, beneficiando da acção coordenada das amplas forças de milícia popular. A nossa «DCA— Aviação» possui peças de artilharia de diferentes calibres, foguetes, aviões a jacto, meios técnicos modernos, constituindo forças móveis ou fixas capazes de aniquilar os aviões inimigos e de defender os principais objectivos visados. Nos nós de comunicação importantes, junto dos centros industriais e das grandes cidades, desenrolaram-se batalhas de bastante grande envergadura conduzidas pelos agrupamentos mistos compreendendo várias armas da nossa «DCA — Aviação» em coordenação com as unidades de infantaria e tropas regionais e com a ajuda da população. A DCA e a jovem aviação alcançaram grandes sucessos. Foi uma nova forma de combate regular do nosso exército na guerra do povo terra-ar.

Os transportes militares também se desenvolveram rapidamente. Os transportes do exército compreendem várias armas modernas: comboio, engenharia, DCA, infantaria... Debaixo de bombardeamentos encarniçados, as unidades de transporte militar, em coordenação com os transportes civis, bateram-se com heroísmo e engenho e asseguraram o tráfego em todas as circunstâncias, cumprindo as suas tarefas em todas as vias do país, da retaguarda à frente.

As «grandes unidades de infantaria do exército», reforçadas com armas técnicas, fizeram progressos notáveis em modernização, reforçando o seu poder de combate e estão prontas a combater o agressor em qualquer lugar e a derrotar todas as suas investidas. As «tropas regionais» tiveram um rápido avanço, um novo desenvolvimento em todos os planos de organização, equipamento e capacidade de combate. Numerosas províncias possuem unidades de artilharia antiaérea, unidades de artilharia terrestre que abateram aviões inimigos e afundaram navios de guerra, bem como unidades de sapadores que deram grande contribuição aos transportes.

Apoiando-se no patriotismo e na dedicação do povo à causa do socialismo, bem como no regime do serviço militar obrigatório, conseguimos cumprir a tarefa de «mobilização em tempo de guerra» e alargámos rapidamente as forças armadas populares a partir da base das forças de reserva organizadas no tempo de paz. Numerosos jovens, elite das cooperativas, das fábricas, dos serviços públicos, das escolas... tomaram o caminho da frente nas fileiras do exército popular e nas brigadas de choque da juventude, bateram-se com valentia e trabalharam com abnegação em todos os teatros de guerra, respondendo ao apelo da Pátria para defender o Norte socialista e para cumprirem o seu dever para com a resistência nacional.

Organizadas e edificadas em tempo de paz, as forças armadas das massas sofreram um rápido desenvolvimento quantitativo e qualitativo em tempo de guerra. O seu equipamento foi aumentado e aperfeiçoado. Em numerosas aldeias, as milícias organizaram-se em unidades capazes de utilizar espingardas, armas automáticas, armas de pequenos calibres da DCA, obuses e canhões..., e em grupos especializados: sapadores, observadores, socorristas... Em muitos lugares constituiram-se forças móveis para operar em todo o território de uma comuna. Muitas fábricas e empresas dispõem de importantes forças de autodefesa organizadas de modo preciso e racional e possibilitando aliar a produção ao combate; utilizam diversas armas, incluindo armas modernas.

«As milícias populares e as formações de autodefesa» tiveram um papel muito importante. Aplicando as palavras de ordem «a charrua numa mão e a espingarda na outra», «o martelo numa mão e a espingarda na outra», velhos e jovens, homens e mulheres, no campo e nas cidades, do delta à região alta, participaram activamente no combate contra a aviação inimiga, tecendo em toda a parte uma rede de fogo de baixa altura para proteger directamente a população e a produção; em estreita coordenação com a DCA e a aviação, criaram uma rede de fogo móvel e flexível a vários níveis, cobrindo o território e estando centrada nos pontos-chave; esta rede de fogo abateu um grande número de aparelhos americanos a diversas altitudes, em diferentes terrenos e em diversas circunstâncias. Os milicianos abateram com armas de infantaria numerosos jactos americanos e aprisionaram numerosos pilotos. A caça aos aviões inimigos voando a baixa altitude por unidades de milícia popular e de autodefesa é uma nova forma de guerrilha na guerra do povo terra-ar.

As unidades de milícia capturaram igualmente ou aniquilaram numerosos comandos inimigos e destruíram ou despoletaram dezenas de milhar de bombas e minas. No quadro do regime socialista, as forças armadas das massas provaram novas e consideráveis capacidades de combate.

Bastava o fato de as milícias populares terem abatido aviões a jacto dos imperialistas americanos com metralhadoras e espingardas para fornecer já elementos de resposta à questão de como pode um pequeno país, com uma economia subdesenvolvida e um exército pouco equipado, vencer uma grande potência imperialista dotada de um exército numeroso e dispondo de um equipamento e de meios modernos.

O papel das milícias populares e de autodefesa manifestou-se ainda em numerosas outras tarefas nas outras frentes da guerra do povo: os transportes, a defesa antiaérea popular e a manutenção, em coordenação com as forças armadas de segurança popular e com as forças da ordem e segurança pública; a edificação de aldeias de resistência para proteger a produção local, a vida e os bens da população; o papel central na produção, etc., contribuindo grandemente para a derrota total das manobras do inimigo na sua guerra de destruição sistemática.

«As forças armadas de segurança popular», criadas nos anos de paz, amadureceram rapidamente e desempenharam um grande papel na guerra. Os seus quadros e combatentes, com uma vigilância constante, asseguraram a guarda da linha provisória de demarcação militar, das fronteiras, das ilhas, mantiveram a ordem e a segurança no país, abateram aviões, aprisionaram pilotos, aniquilaram e capturaram numerosos grupos de bandidos e de comandos, etc.

O nosso povo participou activamente no combate, consagrou milhões de jornadas de trabalho à construção das estradas, à instalação das posições de combate, ao socorro aos feridos, ao abastecimento das tropas, à ajuda ao exército sob variadas formas; empenhou-se no desenvolvimento da economia, da cultura, da educação e dos serviços sanitários e estabilizou a vida apesar da encarniçada guerra.

O heroísmo revolucionário do nosso exército e do nosso povo traduz-se ao mesmo tempo no combate e nos esforços de apoio ao combate, para assegurar as comunicações e os transportes e a defesa antiaérea popular, bem como o trabalho de produção e de construção da vida nova.

A guerra americana de destruição sistemática foi uma dura prova para o nosso regime socialista e para a organização militar. Coordenando a acção com os seus compatriotas e com as FAPL do Sul e contando com a ajuda considerável dos países irmãos do campo socialista, as forças armadas e a população do Norte alcançaram grandes vitórias. O agressor foi vencido, as suas manobras fracassaram. Foram abatidos mais de 3000 aparelhos modernos de mais de 40 tipos diferentes, dos quais alguns eram de invenção recente e tinham sido utilizados pela primeira vez no Vietnam. Numerosos pilotos condecorados da força aérea americana foram postos fora de combate ou feitos prisioneiros. O Norte socialista portou-se como um baluarte sólido, não cessou de se consolidar tanto no plano económico como no militar, de cumprir plenamente o seu papel de base revolucionária de todo o país, de prosseguir na sua tarefa gloriosa em relação à grande frente. Em ligação com as forças armadas e com a população de todo o país, conduziu a resistência nacional com um sucesso cada vez maior.

A vitória da guerra do povo sobre a guerra de destruição sistemática no Norte socialista é uma vitória de todo o nosso povo; e tem um grande significado não só para o nosso povo mas também no plano internacional. É a vitória da linha política e militar, da linha de resistência antiameri-cana, pela salvação nacional e pela edificação do socialismo, da linha política internacional correcta, independente e plena de iniciativa do nosso Partido.

Ao contrário da Insurreição Geral de Agosto e da resistência antifrancesa, é a primeira vez que o nosso Partido dirige o povo numa vitoriosa «guerra do povo terra-ar na base do regime socialista, apoiando-se no poder da união de todo o povo para o combate, tendo como espinha dorsal um exército regular e moderno composto por tropas regulares e tropas regionais em coordenação com as milícias populares de autodefesa, essas forças armadas de massa poderosas e omnipresentes, tirando o melhor partido de todas as espécies de armas mais ou menos modernas, para derrotar a guerra aérea de agressão do imperialismo americano». A nossa população e as suas forças armadas, em condições e circunstâncias novas, levaram a um nível superior a arte de «combater o grande com o pequeno», «o grande número com o pequeno número», de «vencer o moderno com o menos moderno».

O primeiro problema que se põe a uma guerra patriótica é incontestavelmente o de «fazer o país passar da paz à guerra». As tarefas mais importantes são «a mobilização de todo o povo» a fim de aumentar as forças armadas populares, e «a mudança de orientação da economia», a organização de uma «economia de guerra» com vista a satisfazer as necessidades da resistência e da vida da população. O sucesso desta passagem depende acima de tudo da solução acertada para as relações entre a economia e a defesa nacional e dos preparativos em todos os domínios, inclusivamente em tempo de paz, tanto à escala nacional como em cada região. Reforçar a retaguarda nos planos económico, político, material e moral é uma garantia fundamental para assegurar o abastecimento da frente em homens e material. Uma retaguarda sólida e poderosa é incontestavelmente um dos mais importantes factores de vitória da guerra em geral e da guerra patriótica em particular.

No plano da organização militar, as forças armadas populares, pelo fato de terem sido organizadas, edificadas e preparadas em tempo de paz, aproveitaram condições favoráveis oferecidas em todos os domínios por um Estado independente e soberano, por um regime socialista progressivamente consolidado, e adquiriram no decurso da guerra patriótica pela salvaguarda da Pátria socialista, um nível de desenvolvimento mais elevado do que no decurso da insurreição e da guerra de libertação.

Inicialmente, o nosso povo ergueu-se para o combate com as suas mãos nuas. Foi preciso nessa altura despertar nas massas a consciência revolucionária e mobilizá-las, criar as forças políticas e, sobre esta base, edificar forças armadas revolucionárias e, em primeiro lugar, as forças armadas de massa. A partir destas últimas constituiu-se gradualmente o exército revolucionário e, a partir dos sucessos da insurreição e da guerra revolucionária, elevámos pouco a pouco o nível das forças armadas. Era preciso que passássemos da luta política à luta armada, aliando estas duas formas de luta, que passássemos da guerra de guerrilha à guerra regular, aliando estas duas formas de guerra. Na insurreição e na guerra de libertação, ligámos sempre estreitamente a luta política à luta armada, as sublevações aos ataques, o aniquilamento do inimigo à conquista do poder para o povo, etc.

Na guerra patriótica de salvaguarda da Pátria socialista face à aviação inimiga, o nosso povo dispunha desde o início de um exército permanente, regular e moderno bastante poderoso, compreendendo tropas regulares e tropas regionais edificadas em tempo de paz e que rapidamente se alargaram quando a guerra eclodiu. Dispúnhamos por outro lado das forças armadas de massa compostas por milhões de milicianos populares e de elementos da autodefesa organizados, equipados e instruídos, tanto no campo como nas cidades. A edificação das forças armadas revolucionárias apoiou-se no patriotismo e na dedicação ao socialismo e igualmente nas políticas concretas e nos regulamentos postos em prática peio poder popular.

Pelo fato de existirem um exército popular regular e moderno e forças armadas de massa poderosas e bem distribuídas, «o combate regular e a guerrilha aparecem, simultaneamente, desde o início, estreitamente ligados». Desta vez a guerra fez ressaltar «o papel muito importante do exército popular», da guerra regular. As unidades da defesa aérea e da aviação das forças armadas regulares, travaram grandes batalhas com «o inimigo, abateram numerosos aparelhos inimigos e derrotaram todas as suas escaladas. As tropas regionais alargadas, com as suas novas capacidades de combate, foram o núcleo da guerra do povo nas regiões. «As milícias populares e as formações de autodefesa desempenharam também um papel muito importante» no combate, bem como nas comunicações e transportes, na defesa antiaérea popular e no serviço da frente...

É certo que nos combates terrestres todas as armas do exército popular, bem como as forças armadas de massa, desenvolveram plenamente as suas capacidades de combate e coordenaram eficazmente as suas acções para vencer o inimigo.

O nosso povo estava naturalmente em condições para aplicar a experiência das insurreições e guerras de libertação passadas à guerra patriótica, para desenvolver a capacidade de todo o povo, de toda a nação, de todo o país, a fim de atingir um poderio global máximo. Isto porque a guerra pela defesa da Pátria, no nosso país, é uma guerra de todo o povo e a todos os níveis, tal como a guerra de libertação; por outro lado, durante a guerra de libertação, quando dispúnhamos já de uma base revolucionária, de uma zona libertada cada vez mais vasta, apareciam e desenvolviam-se os elementos de uma guerra para a defesa da Pátria.

A grande vitória da nossa população e das suas forças armadas no Norte socialista prova que

«um país, mesmo pequeno, com uma economia subdesenvolvida e um exército dotado de um equipamento e de técnicas pouco modernas, se possuir uma linha revolucionária justa, se estiver firmemente determinado a combater pela independência e pela liberdade da Pátria, se se souber apoiar no poder de todo o povo tendo o exército popular e as forças armadas de massa como espinha dorsal, e se souber ganhar a simpatia e o apoio internacionais, está perfeitamente em condições para pôr em prática a guerra do povo a fim de vencer a guerra de destruição sistemática conduzida pelas modernas forças aéreas do imperialismo americano».

A vitória da população do Norte e a da população e das forças armadas do Sul provam de maneira eloquente a capacidade da guerra popular para vencer qualquer agressor.

A nossa resistência nacional antiamericana assumiu a forma de uma guerra de libertação no Sul e de uma guerra de salvaguarda do regime socialista no Norte. A nossa prática e a nossa rica experiência ajudam-nos a resolver correctamente o problema da edificação das forças armadas e da consolidação da defesa nacional por todo o povo para no imediato defender o Norte e levar a resistência à vitória final e, a longo prazo, defender eficazmente a independência da nossa Pátria.

A guerra revolucionária do nosso povo no Sul começou há mais de dez anos. É uma «guerra de libertação» conduzida contra a guerra de agressão neocolonialista do imperialismo americano, que visa libertar o Sul, cumprir as tarefas da revolução nacional democrática popular em todo o país, contribuir para a salvagurada do Norte socialista e progredir rumo à reunificação pacífica do país. A luta dos nossos compatriotas e dos nossos combatentes no Sul contra um inimigo novo, o imperialismo americano, e contra uma nova forma de guerra de agressão, a guerra de agressão neocolonialista, desenrola-se nas condições em que o nosso povo fez triunfar a Revolução de Agosto em todo o país, levou a resistência até à vitória e libertou metade do país, após o que o Norte libertado se entregou à revolução socialista e à construção do socialismo e se tornou a base sólida da revolução em todo o país e um membro do bloco socialista. Além disso, a nossa revolução beneficia da ajuda crescente dos países irmãos do campo socialista e desenrola-se numa conjuntura internacional cada vez mais favorável—na cena internacional, as forças revolucionárias são claramente superiores às forças reaccionárias e encontram-se numa posição de ofensiva contínua contra o imperialismo e a sua cabeça, o imperialismo americano.

Por estas razões, a guerra revolucionária no Sul desenvolveu-se de novo até um nível muito elevado e dispõe de uma força nova e considerável. O desenvolvimento das forças armadas populares de libertação do Sul está intimamente ligado a todas as características da guerra revolucionária no Vietnam do Sul ao longo das suas diferentes fases (sublevações em cadeia, guerra do povo contra a «guerra especial», contra a «guerra local», contra a «guerra vietnamizada»).

A população, nos anos 59-60, insurgiu-se, lançando-se em sucessivas sublevações em numerosas e vastas regiões rurais. As forças empenhadas nestas sublevações eram o exército político das massas apoiado pelas unidades armadas de autodefesa, que ainda eram pouco significativas. Este exército político, edificado à custa de grandes esforços na altura do movimento revolucionário anterior à insurreição geral de 1945, desenvolveu-se rapidamente durante a Revolução de Agosto e a resistência antifrancesa e forjou-se nas novas provas da luta encarniçada contra a administração de Ngo Dinh Diem; além disso, está animada por uma moral muito elevada, por um poderoso ímpeto e adquiriu uma experiência muito rica. Aproveitando o momento em que a administração fantoche, minada por profundas contradições, revelou as suas debilidades, a população ergueu-se com valentia em diversas regiões, desencadeando insurreições parciais, com coordenação entre as forças políticas e as forças armadas, «desempenhando as primeiras o papel essencial». A grande força das sublevações em cadeia minou a base do poder fantoche em numerosas regiões, apesar de a administração central de Saigão dispor ainda de um exército constituído por várias centenas de milhar de homens e ter organizado uma repressão feroz. A política de dominação através dos meios clássicos do neocolonialismo fracassou.

Quando o imperialismo americano desencadeou a «guerra especial» para prosseguir na sua agressão, as sublevações em cadeia da população sul-vietnarnita evoluíram para «guerra de libertação». Dominando as leis da revolução e da guerra revolucionária sul-vietnamita, e descobrindo prontamente as da guerra de agressão neocolonialista americana, a população do Vietnam do Sul, sob a direcção da FNL, reforçou a posição ofensiva do movimento, «pôs em acção o poder global das forças políticas e das forças armadas e relançou a luta política a par com a luta armada. Atacou o inimigo nos planos militar e político e levou a agitação junto dos seus homens nas três zonas estratégicas: regiões montanhosas, delta e cidades».

Saídas do numeroso e poderoso exército político das massas revolucionárias, as forças armadas populares de libertação rapidamente adquiriram maturidade. Foram criadas primeiro as tropas de libertação locais e depois as unidades do exército regular. Foram organizadas por toda a parte milícias de guerrilha e de autodefesa. As três categorias de tropas das forças armadas de libertação foram tomando forma gradualmente.

O armamento utilizado era na sua maioria tomado ao inimigo ou fabricado com os meios que havia à mão, pelo que era medíocre.

«A guerra do povo nas diversas regiões» desenvolveu-se vigorosamente em vastas zonas rurais. O exército e a população aliaram estreitamente a luta política à luta armada, desencadearam ofensivas e sublevações, intensificaram «a guerrilha e as insurreições parciais». Cansaram e aniquilaram numerosas forças vivas do exército fantoche, neutralizaram as suas tácticas de «helitransporte» e de «movimentação com veículos blindados», conquistaram o direito de soberania na base, destruiram dois terços do sistema das «aldeias estratégicas» e abalaram fortemente a administração fantoche central. A luta política desenvolve-se nas cidades, coordenando as suas actividades com as do movimento revolucionário nos campos. O numeroso «exército político» e as «vastas forças armadas de massa» cumpriram plenamente o seu papel. O próprio inimigo reconheceu que os «Viet Cong» são «mestres em guerrilha».

A fisionomia da guerra altera-se progressivamente a nosso favor. Dilacerado por contradições internas cada vez mais agudas, o adversário afunda-se cada vez mais num impasse. Os americanos tiveram que assassinar o seu fantoche Ngo Dinh Diem e «trocar de cavalo a meio do rio».

A guerra do povo sofreu um novo impulso quando as forças regulares móveis do exército de libertação apareceram nas batalhas com forte concentração de tropas, aniquilando unidades regulares inimigas inteiras em Binh Gia, Dong Xoai e Ba Gia. A guerra revolucionária adquiriu um novo poder de ofensiva.

A coordenação estreita das forças políticas com as forças armadas, das forças armadas de massa com o Exército de Libertação criou uma situação nova: o conjunto do exército e da administração fantoche viram-se ameaçados de derrocada total, apesar dos seus efectivos terem sido elevados para 500 000 homens, enquanto que as unidades regulares do Exército de Libertação não estavam ainda muito desenvolvidas nem em número nem em capacidade de combate para se envolver em batalhas que exigissem grande concentração de tropas. Tal fato ficou a dever-se ao poder das forças políticas e armadas locais, ao forte avanço do movimento político e das sublevações de massas, ao vigoroso surto da guerrilha; as tropas regulares, recentemente aparecidas nos campos de batalha, adquiriram um grande prestígio, uma posição sólida e um forte poder ofensivo para ameaçar, dominar e aniquilar o inimigo, atacar golpe a golpe e alcançar vitórias sucessivas.

Perante a falência da «guerra especial», o imperialismo americano viu-se na obrigação de despachar para o Vietnam do Sul um importante corpo expedicionário em auxílio das tropas fantoches.

Assim, nas condições e circunstâncias novas dos anos 1960-1965, a guerra revolucionária no Sul passou da luta política à luta armada, conjugando estas duas formas de luta; de insurreição armada passou a guerra de libertação, combinando-as; da guerrilha passou às grandes batalhas, articulando-as. As forças populares de libertação do Sul desenvolveram-se igualmente segundo o mesmo processo: as forças armadas organizaram-se a partir das forças políticas e as três categorias de tropas em combate foram criadas progressivamente a partir das formações armadas de autodefesa da insurreição. «Tropas regulares e tropas regionais» constituem o Exército de Libertação do Sul; «as formações de guerrilha e de autodefesa» formam as forças armadas de massa.

Apoiando-se nas forças políticas e actuando em coordenação com elas, as forças armadas populares de libertação do Sul tiveram um grande papel estratégico nas «insurreições parciais» das massas que derrubaram o poder fantoche na base e conquistaram a soberania para o povo, bem como nas «ofensivas militares» que desintegraram os diferentes tipos de tropas fantoches comandadas por «conselheiros» americanos.

Quando os agressores americanos introduziram massivamente o seu corpo expedicionário no Sul e lançaram a sua aviação contra o Norte, empreendendo a «guerra local» mais importante e mais feroz da história das suas agressões, o nosso povo e as suas forças armadas revolucionárias encontraram-se perante uma prova sem precedentes. O imperialismo americano, chefe de fila dos imperialismos, possui o mais poderoso potencial económico e militar do mundo capitalista e um exército considerável, equipado e armado com o que há de mais moderno. Para agredir o Sul do nosso país, o imperialismo americano mobilizou progressivamente mais de um milhão de soldados americanos, saigoneses e dos países satélites, dos quais mais de quinhentos mil eram americanos. Despendeu centenas de milhares de dólares, largou mais de uma dezena de milhão de toneladas de bombas e de obuses e usou quase todas as armas e engenhos de guerra mais modernos, apenas com excepção da arma nuclear.

Respondendo ao apelo sagrado do presidente Ho Chi Minh, o nosso povo, fiel às tradições nacionais de valentia indomável, ergueu-se de Norte a Sul do país, unido e resoluto para o combate pela salvação nacional e pelo cumprimento das suas nobres obrigações internacionais.

O nosso povo e as suas forças armadas souberam analisar os desígnios do imperialismo americano e a relação de forças em presença. Analisámos os pontos fortes do inimigo, as suas fraquezas, dificuldades e contradições; tínhamos clara consciência das nossas vantagens e dificuldades, do nosso poder e posição de força.

Nesta base, em união com todo o povo, tomámos a firme resolução de vencer totalmente os agressores americanos, de prosseguir a nossa estratégia ofensiva, de enfrentar o seu exército de agressão numeroso e bem equipado.

A nossa resistência tornou-se a ponta de lança da luta dos povos do mundo contra o imperialismo americano agressor. Os povos dos países socialistas, os povos progressistas do mundo reforçam a sua união connosco na luta contra o inimigo comum. A simpatia, o apoio e a ajuda considerável da humanidade progressista são um dos factores determinantes da vitória da nossa resistência.

No campo de batalha sul-vietnamita, os agressores americanos, apoiando-se em duas forças estratégicas, o corpo expedicionário americano e o exército fantoche, dos quais o primeiro constitui a força essencial, desencadearam contra-ofensivas massivas contra as forças armadas revolucionárias, em particular contra as unidades regulares do exército de libertação, na esperança de as aniquilar. Prosseguiram ao mesmo tempo com o seu cruel «programa de pacificação» a fim de submeterem e controlarem a população. Aplicaram aquilo a que chamam «a guerra nas duas frentes, militar e política», uma guerra total associando as práticas militares brutais à burla económica e política e aos pérfidos processos de guerra psicológica.

Explorando a sua posição de iniciativa vitoriosa, os nossos compatriotas e combatentes do Sul continuam a «intensificar a luta armada e a luta política» para fazer fracassar as manobras do imperialismo americano. As forças populares de libertação multiplicaram as «batalhas com aplicação de fortes concentrações de tropas e as actividades de guerrilha», atacaram as tropas americanas e as tropas fantoches e satélites, combinando as grandes batalhas com os combates de pequena e média envergadura, aniquilando numerosas forças vivas e uma grande quantidade de meios de guerra inimigos e apoiando eficazmente a luta política e as sublevações populares.

Com efectivos mais fracos e pior equipados que os do inimigo, o exército de libertação infligiu logo de entrada ao corpo expedicionário americano golpes demolidores em Van Tuong (Trung Bo central), nos Altos Planaltos, no Nam Bo oriental e nas províncias de Quang Tri e de Thua Thien. Desenrolaram-se sucessivamente em todos os teatros de operações actuações de cada vez maior envergadura das unidades regulares do exército de libertação e vagas de guerrilha das forças armadas regionais. Produziu-se um poderoso movimento político nas cidades, nomeadamente em Da Nang e Hue. Perdendo rapidamente a sua agressividade inicial, o corpo expedicionário americano viu-se sucessivamente castigado com golpes inesperados e sofreu derrota sobre derrota.

A contra-ofensiva lançada com duzentos mil homens durante a estação seca de 1965-66 foi esmagada; fracassou a estratégia que consistia em «procurar e destruir», em «quebrar a espinha dorsal ao Vietcong» e fracassou também o «programa de pacificação». As tropas de libertação abriram a frente de Tri-Thien e continuaram a atacar em força nos diferentes teatros de operações. A contra-ofensiva com quatrocentos mil homens, durante a estação seca de 1966-67, foi também esmagada; os objectivos estratégicos, «dois braços de tenaz», «procurar e destruir» e «pacificar», fracassaram igualmente.

No momento em que fracassava a escalada americana levada ao mais alto nível contra as duas zonas Norte e Sul do nosso país, «a ofensiva generalizada da primavera de 1968» levada a cabo pelo exército e pela população sul-vietnamitas eclodiu como um raio que abalou o Vietnam do Sul e os próprios Estados Unidos. Este ataque-surpresa estratégico, conduzido de maneira original e criadora pelas forças armadas de libertação em coordenação com as sublevações de massas, desferiu um golpe decisivo na estratégia da «guerra local» e provocou uma viragem histórica no conflito.

Na guerra do povo conduzida contra a «guerra local», as forças armadas populares de libertação viram-se obrigadas a intensificar a luta militar e a coordená-la com a luta política para vencer militarmente o imperialismo americano, pelo que tiveram um novo desenvolvimento quantitativo e qualitativo. Do mesmo modo, progrediram do ponto de vista da organização, do equipamento e da arte de combater.

As «tropas regulares» do exército de libertação adquiriram novas armas e organizaram-se em agrupamentos móveis cada vez mais poderosos. As «tropas regionais» foram alargadas e reforçadas. As «milícias de guerrilha e formações de autodefesa desenvolveram-se com vigor em todos os teatros de operações. Surgiram unidades de elite. Um sensível melhoramento do armamento e equipamento das forças armadas permitiu às três categorias aniquilar a níveis diferentes não somente a infantaria inimiga mas também os tanques e os blindados e mesmo abater aviões. A experiência adquirida no combate foi estudada em cada etapa. A determinação e a fé na vitória dos quadros e combatentes não deixou de se reforçar no combate. As capacidades de organização e de direcção dos quadros e o poder de combate das forças armadas experimentaram cada dia novos progressos. O exército, a população e as três categorias de tropas das forças armadas de libertação foram galvanizadas por um movimento de emulação no combate contra os americanos e no esmagamento dos soldados fantoches, o que permitia a obtenção do título de «combatente valoroso».

Com um dispositivo estratégico muito eficaz de guerra do povo e beneficiando da força global resultante da coordenação entre a luta armada e a luta política, o exército de libertação do Sul, altamente qualificado e dotado de efectivos adequados, e as numerosas forças armadas de massas, em coordenação com o poderoso e inumerável exército político do povo desferiram golpes mortais e venceram passo a passo o corpo expedicionário americano, o exército fantoche e as tropas dos países satélites.

No campo de batalha, as forças regulares do exército de libertação sabem concentrar as suas forças de maneira adequada, aniquilar com efectivos reduzidos um inimigo numericamente superior e aplicar em combate as diferentes armas, quer em coordenação quer separadamente.

As tropas regionais multiplicam métodos de combate utilizando efectivos limitados mas aguerridos para alcançarem grandes vitórias. As FAPL do Vietnam do Sul desferiram golpes decisivos nos americanos, aniquilando um grande número de forças vivas e de meios de guerra modernos, em particular órgãos de comando, oficiais, pessoal técnico, aviões de todos os tipos e equipamentos técnicos ultramodernos. Apoiadas pelas forças regionais, as milícias de guerrilha e de autodefesa levaram a guerra de guerrilha a um nível superior utilizando ao mesmo tempo armas rudimentares, armas modernas e mesmo ultramodernas e formas de combate muito diversificadas. Foram inventados e aplicados métodos de combate de guerra popular criadores, originais e de grande eficácia: combater com forças concentradas, praticar a guerrilha, atacar as retaguardas do inimigo, as vias de comunicação e as cidades, aliar o combate ao trabalho de agitação e de persuasão no seio do inimigo, etc.

Tanto no conjunto do território como ao nível de cada região, realiza-se uma coordenação entre as forças móveis e as forças locais, articuladas num «dispositivo estratégico» eficaz, ao mesmo tempo sólido e com mobilidade, sobretudo nos sectores cruciais das três zonas estratégicas. As forças armadas locais compreendem as unidades de forças regionais e as milícias de guerrilha e de autodefesa apoiadas solidamente nas forças políticas locais e em estreita cooperação com elas, tanto no campo como na cidade. Obrigam as tropas americanas, fantoches e satélites a dispersarem-se ao máximo, fixam-nas em todos os teatros de operações, cercam-nas, atacam, cansam, aniquilam e destroem em toda a parte os seus meios de guerra. Ao mesmo tempo, as tropas móveis, pondo em campo efectivos cada vez mais importantes nos diferentes teatros de guerra, desferem golpes severos no inimigo, aniquilando as suas forças vivas a todos os níveis.

A guerra do povo esquartejou o inimigo, cercou-o e dividiu-o, flagelou-o e aniquilou-o. O corpo expedicionário americano, as tropas fantoches e os mercenários dos países satélites, com mais de um milhão de homens e um equipamento técnico ultramoderno não conseguiram sequer chegar a fazer aquilo que deles se poderia esperar. O inimigo encontra-se numa situação tal que os seus consideráveis efectivos parecem reduzidos, que a sua força se torna fraqueza. Se toma a ofensiva, não consegue atingir o alvo; enquanto que as FAPL cada vez que atacam o destroem progressivamente. As suas tropas estão dispersas e a sua capacidade de ofensiva está em constante regressão, o que o reduz a pouco e pouco a uma posição defensiva. Quer acabar rapidamente com a guerra mas é obrigado a prolongá-la. O exército de agressão, numeroso e moderno, afunda-se cada vez mais na passividade, sofre perdas cada vez mais pesadas, é progressivamente derrotado pela guerra revolucionária levada até um alto nível de desenvolvimento.

Entretanto, as ultramodernas forças aeronavais inimigas sofreram golpes severos infligidos pela guerra terra-ar conduzida pelo exército e pela população do Norte. Enfrentando o aparelho militar gigantesco do imperialismo americano, alcançámos grandes vitórias. Fizemos fracassar a maior guerra de agressão local dos americanos na mesma altura em que avançavam numa escalada ao mais alto nível nas duas zonas do nosso país.

Tendo falhado a estratégia de «guerra local», a administração Johnson teve que retroceder na escalada, cessar incondicionalmente os bombardeamentos no Norte, pôr-se na defensiva no Sul e «desamericanizar» a guerra para procurar sair do impasse.

Nixon mudou de estratégia, «vietnamizando» a guerra de agressão e prolongando-a com o objectivo de manter a dominação neocolonialista americana no Vietnam do Sul.

A estratégia de «vietnamização da guerra» não é mais do que uma guerra de agressão neocolonialista prosseguida sob uma nova forma, é a aplicação da doutrina Nixon ao Sul do nosso país. Esta doutrina reaccionária é a nova estratégia global do imperialismo americano nos anos setenta, altura em que sofria derrota sobre derrota no Vietnam e a relação mundial de forças mudava em seu desfavor. Visa manter o papel de polícia internacional do imperialismo americano, prosseguir com novos métodos e manobras a implantação do neocolonialismo no mundo, apoiando-se no poderio dos Estados Unidos, explorando de preferência os recursos em homens e bens dos países satélites.

Para realizar a «vietnamização», o imperialismo americano e os seus lacaios concentram esforços para pôr em execução um feroz programa de pacificação, considerado um processo estratégico essencial para submeter a população do Sul. O desígnio maquiavélico dos imperialistas americanos é utilizar vietnamitas no combate contra os vietnamitas, alimentar a guerra pela guerra, utilizar a carne para canhão fornecida pelos seus lacaios com as armas e dólares americanos de acordo com os seus sórdidos interesses. Empenham-se em fazer do exército mercenário de Saigão um exército moderno, uma força estratégica essencial ao Sul, uma força de choque na Indochina, chamada a substituir progressivamente as tropas americanas no combate terrestre. Do mesmo modo, a administração Nixon agrediu o neutral Cambodja, intensificou a guerra no Laos e estendeu a sua guerra de agressão a toda a Indochina. Esforça-se por «Khmerizar» e por «laocizar» a guerra, por reforçar a aliança militar entre os seus lacaios de Saigão e de Phnom Penh, entre os reaccionários tailandeses e os lacaios do Laos e do Cambodja, realizando de fato uma aliança regional entre as forças dos países satélites e lançando os indochineses contra os indochineses, os asiáticos contra os asiáticos.

No seu ímpeto vitorioso e sob a direcção da Frente Nacional de Libertação e do Governo Revolucionário Provisório da República do Vietnam do Sul, a população do Sul e as suas forças armadas, dominando as características e as leis da guerra na sua nova fase de desenvolvimento, continuam a reforçar a posição ofensiva estratégica da guerra do povo para derrotar a vietnamização. «Nas três zonas estratégicas, esforçam-se por estimular e combinar estreitamente a luta armada e a luta política, as ofensivas e as sublevações, ao mesmo tempo que intensificam a agitação no seio das tropas inimigas», com o fim de desagregar e aniquilar o adversário, de conquistar o poder para o povo, de alargar a zona libertada e de vencer o inimigo.

O nosso povo e as suas forças armadas têm coordenado estreitamente a sua resistência com a luta revolucionária dos povos irmãos do Laos e do Cambodja, a fim de fazer fracassar a doutrina Nixon na Indochina. A posição ofensiva da guerra revolucionária no Sul desenvolveu-se até ter o carácter de ofensiva dos povos dos países indochineses combatendo lado a lado o inimigo comum. A guerra patriótica do povo do Laos registou novas e importantes vitórias. A revolução no Cambodja deu um salto em frente.

Pondo em causa a pouco e pouco o plano de Nixon, o exército de libertação do Sul, com efectivos apropriados e aguerridos, reforçou grandemente a sua capacidade de combate, respondendo às novas exigências da guerra revolucionária; o seu armamento e equipamento são cada vez mais modernos: desenvolvem rapidamente as armas técnicas, melhoram as suas capacidades de combate aplicando efectivos importantes e coordenando as diferentes armas. As vitórias que alcançou no início de 1969 infligiram pesadas perdas às tropas americanas e desferiram um golpe severo em Nixon mal entrou na Casa Branca. Depois de 1970, época em que Nixon ordenou a invasão do Cambodja e do Laos, as forças armadas revolucionárias dos três países, lado a lado nos vários teatros de guerra, desencadearam com poderosas unidades regulares numerosas batalhas de aniquilamento, alcançando grandes vitórias. Se bem que as tropas fantoches tenham beneficiado de um poderoso apoio aéreo e logístico dos americanos que, além disso, aumentaram consideravelmente o seu equipamento, sofreram golpe a golpe pesadas derrotas. Não foram só as tropas de Vienciana e de Phnom Penh as únicas duramente castigadas, também as de Saigão, espinha dorsal da vietnamização, brigada de choque da doutrina Nixon na Indochina, foram derrotadas. As grandes vitórias alcançadas pelas forças armadas e pela população dos três países indochineses, e, em particular a da estrada n.° 9, ao Sul do Laos, que teve um particular significado estratégico, abriram uma perspectiva real de vencer militarmente a estratégia da «vietnamização» e de derrotar a doutrina Nixon na Indochina.

Apesar dos esforços desenvolvidos pelo inimigo no sentido de engrossar as tropas reaccionárias e as outras forças de opressão, de criar um sistema compacto de quartéis e de pontos de apoio a fim de controlar a população e de realizar a «pacificação» brutal das zonas rurais, apesar de tudo isso, o papel da «guerra do povo e das forças regionais nas regiões» adquiriu cada vez mais importância.

Em vastas regiões rurais, os nossos compatriotas e combatentes do Sul aliaram estreitamente a luta armada à luta política e fizeram convergir os três pontos de ataque(10) para derrotarem o «plano de pacificação». Animadas pelas vitórias das tropas regulares, as milícias de guerrilha, em coordenação com as tropas regionais que serviam de espinha dorsal, aplicaram esta directiva: que os quadros se unam à população, que a população se agarre à terra, que os guerrilheiros não larguem o inimigo. Elevaram a guerra de guerrilha, a guerra do povo na base, a um nível superior, dizimaram as forças armadas reaccionárias regionais e destruíram numerosos quartéis. Em coordenação estreita com a luta política e com as insurreições para a conquista da soberania popular, eliminaram os torcionários, romperam o cerco inimigo, desagregaram as forças de «defesa civil» e destruíram a administração fantoche de base.

As forças revolucionárias de massas foram mantidas, consolidadas e desenvolvidas. A guerra do povo nos campos deteve e fez recuar o «plano de pacificação» do inimigo, ao qual foi infligida uma importante derrota. Enquanto as tropas regulares de libertação operam com sucesso e a guerra do povo nos campos não cessa de se intensificar, a «luta política» da população urbana conhece um grande avanço, alarga-se e toma novas e muito variadas formas.

Durante os últimos três anos, o exército e a população do Sul obtiveram numerosas e grandes vitórias. Em 1971, ano durante o qual os imperialistas americanos e os seus lacaios esperavam cumprir a parte essencial do plano de «vietnamização da guerra», ano em que a administração Nixon desenvolveu grandes esforços em muitos domínios no campo de batalha, foi também o ano no qual sofreram as mais pesadas derrotas. A estratégia de «vietnamização» sofre um rude golpe. Esta situação provou que a «vietnamização» bem como a «doutrina Nixon» encerravam numerosas contradições internas insolúveis e fraquezas insuperáveis. A grande ilusão em que Nixon se embala consiste, «no plano político», em querer, sob a insígnia neocolonialista enganadora da independência e da liberdade, superar a contradição fundamental que nos opõe aos agressores americanos, no momento em que todo o nosso povo reforça a sua união para resistir à agressão, no próprio momento em que esta contradição se agudiza.

Nixon conta com os seus lacaios, que perderam todo o sentimento nacional, para «fazer combater os vietnamitas pelos vietnamitas» em benefício dos objectivos de agressão dos americanos. «No plano militar», depois das derrotas sofridas por mais de um milhão de soldados americanos e fantoches — o que levou à retirada forçada e progressiva da maior parte das tropas americanas — Nixon quer transformar a fraqueza em força, a derrota em vitória, quer utilizar os fantoches para que combatam em lugar dos americanos. Ao chocar com a luta heróica do nosso povo, com as suas gloriosas tradições de luta indomável contra o agressor estrangeiro e com a sua posição de força, de vitória e de iniciativa, a estratégia de vietnamização, principal aplicação prática, estava votada a uma derrota certa. O nosso povo, no Norte e no Sul, estreitamente unido ao povo Laociano e Khmer, povos irmãos, com o prosseguimento e a intensificação da resistência, fará fracassar a estratégia de vietnamização e a doutrina Nixon na Indochina ie alcançará a vitória total.

Na guerra revolucionária ao Sul, o nosso povo, de um modo geral, aplicou globalmente a soma de experiências da revolução vietnamita no decurso dos últimos decénios: na luta militar e política, na insurreição armada e na guerra revolucionária, bem como na organização militar. Dominando perfeitamente as leis da revolução e os métodos de acção revolucionária, bem como as leis do neocolonialismo e da guerra de agressão neocolonial do imperialismo americano, os nossos compatriotas e combatentes no Sul desenvolveram estas experiências em condições novas.

Na guerra revolucionária do Vietnam do Sul, o nosso povo desenvolveu a força global resultante da «coordenação estreita entre as forças políticas e as forças armadas, fazendo paralelamente a luta armada e a luta política, combinando a insurreição com a guerra e inversamente» para alcançar a vitória.

De acordo com as circunstâncias, em cada etapa do desenvolvimento da guerra, a população do Sul e as suas forças armadas, combinando de maneira flexível e criadora as forças armadas com as forças políticas, fizeram fracassar sucessivamente todas as formas de guerra de agressão neocolonialista, mesmo quando o imperialismo levou a sua guerra de agressão ao nível mais elevado.

A nossa resistência anti-americana realizou a um nível elevado a mobilização e o armamento de todo o povo. Apoiando-se na força de uma linha correcta de revolução nacional democrática popular no Sul e na superioridade do regime socialista do Norte, o nosso povo dotou-se de forças políticas temperadas por numerosos anos de luta, cada vez melhor organizadas e mais consideráveis; sobre esta base, edificou forças armadas populares cada vez mais poderosas, compreendendo vastas forças armadas de massa rigorosamente organizadas e um exército revolucionário cada vez mais regular e moderno. Cada uma destas forças desempenha um papel diferente em campos de batalha diferentes, ao longo das diferentes etapas do desenvolvimento da resistência. Mas, de um modo geral, «na guerra revolucionária do Sul, forças armadas e forças políticas desempenham ambas um papel estratégico fundamental e decisivo»; nas forças armadas populares de libertação do Sul, «o exército de libertação compreende tropas regulares e tropas regionais, do mesmo modo que as forças armadas de massa compreendem as milícias de guerrilha e de autodefesa e todas estas forças desempenham um considerável papel estratégico cada vez mais importante com o desenvolvimento da guerra».

A derrota no Vietnam e na Indochina é o maior fracasso na história das guerras de agressão desencadeadas pelo imperialismo americano. A grande vitória do nosso povo na luta patriótica contra os agressores americanos demonstra que «na nossa época, um pequeno povo está perfeitamente em condições de vencer a guerra de agressão neocolonialista das potências imperialistas, incluindo o imperialismo americano, se mobilizar todas as suas forças, coordenar estreitamente a acção das forças políticas e das forças armadas, bem como o exército revolucionário com as forças armadas de massas, se fizer paralelamente a luta política e a luta armada, a insurreição armada e a guerra revolucionária».

Fazendo uma retrospectiva da luta revolucionária e do desenvolvimento da insurreição armada, da guerra revolucionária e das forças armadas populares no nosso país durante mais de quarenta anos, sentimo-nos orgulhosos do nosso Partido, do venerado presidente Ho Chi Minh, do nosso povo e da nossa nação. Na sua história quadrimilenária, o nosso povo nunca tinha conduzido insurreições nem guerras durante um período tão longo; nunca tinha em alguns decénios vencido três agressores ferozes, incluindo o imperialismo americano, o cruel e pérfido polícia internacional, que dispõe do maior potencial económico e militar do mundo capitalista.

Para levar à vitória a insurreição de todo o povo e a guerra do povo, o nosso Partido, ao mesmo tempo que fazia um trabalho de propaganda, educação e organização no seio do povo e de edificação das forças políticas de massa, de uma necessidade fundamental em todas as fases da luta revolucionária, atribuiu uma grande importância à edificação das forças armadas populares e resolveu de modo satisfatório outra questão essencial, a questão da organização militar.

Os nossos antepassados, aplicando a ideia «todo o país conjuga as suas forças», tinham levado à prática o princípio «todo o povo é soldado». Hoje, o nosso Partido parte da linha da «união de todo o povo» para organizar: «todo o povo combate o agressor», «todo o país combate o agressor, e para fazer de «cada aldeia e cada comuna uma fortaleza, de cada caminho uma frente», para fazer dos «trinta e um milhões dos nossos compatriotas trinta e um milhões de valorosos combatentes».

O nosso Partido empreendeu o armamento de todo o povo e edificou o exército popular ao mesmo tempo que armava as massas revolucionárias em situações e condições concretas de luta diferentes quanto ao inimigo e às suas formas de guerra de agressão, quanto aos nossos métodos de utilização da violência revolucionária, quanto à conjuntura nacional e mundial e quanto à relação das forças concretas em presença.

Nascidas das forças políticas das massas, de pequenas formações de autodefesa e de grupos clandestinos armados, as forças armadas do nosso povo tornaram-se uma força armada revolucionária poderosa, possuindo uma gloriosa história e tradições de invencibilidade e de fidelidade ao Partido e ao povo. Esta força armada revolucionária compreendia ao mesmo tempo o aguerrido exército popular, dotado de um equipamento cada vez mais moderno, com o exército, a aviação e a marinha, e amplas e poderosas forças armadas de massa organizadas em toda a parte e dotadas de numerosos tipos de armas, algumas das quais modernas.

As forças armadas do nosso povo, ao longo da sua historia de edificação e de combate, perante diferentes condições e situações de luta, adoptaram diversas formas concretas de organização, com posições e funções diferentes e com um grau de desenvolvimento cada vez mais elevado, mas empregando sempre «duas componentes fundamentais associadas»:

A prática das insurreições e das guerras no nosso país demonstrou que «armar todo o povo» é armar as largas massas e, por outro lado, edificar o «exército popular». O exército popular tem vantagens que as forças armadas populares não têm e vice-versa. É uma força organizada com precisão, com uma disciplina rigorosa, cuidadosamente treinada, provida de um equipamento técnico relativamente avançado, com um comando e uma direcção centralizados e unificados, com grande capacidade de combate e sempre preparada para combater. As «forças armadas de massas» são as forças mais estreitamente ligadas às massas, cujo grande poder desenvolvem directamente, utilizam armas variadas e aplicam diversos métodos de combate, em toda a parte e em qualquer momento.

Coordenar a edificação do exército popular com o armamento das massas revolucionárias é aliar a criação das «forças que servem de espinha dorsal com a de largas forças, a criação das forças móveis e a das forças locais» para derrotar exércitos de agressão numerosos e de um equipamento moderno, de uma grande mobilidade e de um grande poder de fogo.

É preciso edificar as forças centrais e as forças móveis, tanto à escala nacional como à escala local, tendo que se criar forças locais em toda a parte nas três zonas estratégicas: região montanhosa e delta, campo e cidades.

As forças móveis que funcionam como estruturas à escala nacional são as «tropas regulares», enquanto que à escala local, tal função é desempenhada pelas «tropas regionais». As forças amplas são as «milícias populares e de autodefesa».

Também as forças armadas populares são formadas por «três categorias de tropas»: tropas regulares, tropas regionais e milícias populares e de autodefesa. As tropas regulares e regionais formam o exército popular. As milícias populares e de autodefesa constituem as forças armadas de massa.

À escala nacional, as tropas regulares são forças móveis e as tropas regionais, milícias populares e de autodefesa são forças locais. As tropas regionais e as milícias populares e de autodefesa constituem as «forças armadas populares regionais». Em cada localidade, as tropas regionais são forças móveis e as milícias populares e de autodefesa são forças locais. A relação entre as tropas regionais e as milícias populares e de autodefesa nas localidades reflecte a relação entre o exército popular e as forças armadas de massa à escala nacional.

A coordenação entre o exército popular e as forças armadas de massa, e vice-versa, constitui a forma de organização mais adequada das forças armadas para aumentar a força de todo o povo, de todo o país, de toda a nação. Se, para nós, a coordenação das forças políticas com as forças armadas, da luta política com a luta armada e da insurreição: armada com a guerra revolucionária constituem a forma fundamental da violência revolucionária, a coordenação do exército revolucionário com as forças armadas das massas é a mais adequada «organização militar» para ligar estreitamente as forças armadas às forças políticas, a luta armada ã luta política e para aplicar os métodos de insurreição e cie guerra bem como a arte militar da insurreição de todo o povo e da guerra do povo.

A prática e a experiência permitem-nos concluir que «a coordenação do exército revolucionário com as forças armadas de massa, e vice-versa, e a edificação de três categorias de tropas das forças armadas populares constituem leis sobre a organização e utilização das forças armadas populares para aumentar o poderio de todo o povo, de toda a nação, de todo o país na insurreição de todo o povo, tanto na guerra do povo como na defesa nacional por todo o povo, na guerra de libertação bem como na guerra de defesa da pátria por um povo de pequena dimensão que tem que resistir à dominação e à guerra de agressão por parte de grandes potências imperialistas».

A iniciativa do nosso Partido e do nosso povo quanto ao armamento das massas revolucionárias e à edificação do exército popular foi inspirada na tese marxista-leninista sobre a organização militar do proletariado e constitui o prosseguimento e desenvolvimento dos ensinamentos dos nossos antepassados sobre a edificação das forças armadas. O nosso Partido aliou estreitamente a teoria de vanguarda da ciência militar do proletariado com as tradições originais do nosso povo o aplicou judiciosamente estas teorias e ensinamentos na prática da luta do nosso povo nas novas condições e situações históricas da nossa época.

O novo e importante desenvolvimento da insurreição armada e da guerra revolucionária bem como da organização militar no nosso país sob a direcção do Partido é lógico e necessário no contexto da história e das tradições de luta do nosso povo e numa época em que a classe operária vietnamita se tornou o seu autêntico representante. O nosso povo, sob a direcção do Partido e do presidente Ho Chi Minh, perpetuou e enriqueceu as heróicas tradições de luta da nação vietnamita contra a agressão estrangeira. Sob a direcção do Partido, a insurreição de todo o povo e a guerra do povo constituem o culminar da insurreição armada e da guerra revolucionária no nosso país. É a insurreição de todo o povo e a guerra do povo vietnamita na nova época, a época de Ho Chi Minh.

As vitórias sucessivas alcançadas pelo nosso povo contra três imperialismos provam o «grande poder da guerra do povo» dirigida pela classe operária e por um Partido marxista-leninista. Na nova etapa da história da humanidade, essas vitórias provam «o poder invencível das forças armadas populares», organização militar de um tipo novo da classe operária, das massas trabalhadoras e dos povos oprimidos em luta pela sua própria libertação e pela construção do novo regime social.

Com a considerável força da insurreição e da guerra nacional, do exército nacional e do povo em armas, os nossos antepassados conseguiram brilhantemente levar a bom termo a reconquista e a salvaguarda da independência do país e venceram inimigos que, sendo mais fortes, possuíam no entanto o mesmo regime social feudal e tinham o mesmo nível de desenvolvimento das forças produtivas e as mesmas bases materiais e técnicas. Actualmente, com a nova força da insurreição de todo o povo e da guerra do povo dirigidas pela ciasse operária, com as forças de todo o povo unidas sob a bandeira do Partido, do exército popular e das forças armadas de massa, o nosso Partido e o nosso povo cumpriram brilhantemente a sua grandiosa missão histórica: com a força de todo o povo de um pequeno país com um potencial económico e bases materiais e técnicas inferiores às do adversário, utilizar a superioridade do novo regime social para vencer os exércitos de agressão de grandes países imperialistas, exércitos mais numerosos e dotados de armas e meios de guerra mais modernos.

Para resolver esta questão com uma importância estratégica de primeiro plano, o nosso Partido «aplicou, com todo o conhecimento de causa o toda a correcção, uma relação dialéctica entre a organização das forças e as bases materiais e técnicas, entre o homem e a arma», como analisámos anteriormente. A vitória pertence geralmente aos exércitos numericamente superiores e dotados de armas mais aperfeiçoadas, apoiando-se numa economia mais desenvolvida. As insurreições e guerras no nosso país caracterizavam-se sobretudo pelo fato do nosso povo alcançar a vitória combatendo «o grande com o pequeno», «o grande número com o pequeno número». Hoje, alcançamos ainda a vitória sobre inimigos providos de armas ultramodernas e com uma economia mais desenvolvida, apesar de apenas termos armas de qualidade inferior. O segredo deste brilhante sucesso deve-se ao fato de o nosso Partido ter sabido ligar o homem à arma, sendo o homem o factor determinante e a arma um factor muito importante. O homem vietnamita, o combatente vietnamita, tem na nova época um novo grau de consciência política, uma grande combatividade e o novo regime social, regime de democracia popular e socialistas tem uma poderosa vitalidade e uma clara superioridade sob todos os pontos de vista.

O novo tipo de organização militar tem uma capacidade de mobilização de largas massas superior à de qualquer período anterior da história nacional. A aliança do exército com as forças armadas de massa conheceu um novo desenvolvimento. A arte militar das forças armadas populares tem um conteúdo radicalmente revolucionário, um poderoso espírito de ofensiva e métodos de combate engenhosos e originais. Estes elementos novos constituem precisamente uma base para o acréscimo do poder de todo o povo e das forças armadas populares, mesmo quando dispõem apenas de armas e equipamentos medíocres, de tal modo que numa sublevação nacional geral as forças armadas de todo o povo possuem um poder esmagador, capaz de vencer o imperialismo americano, inimigo dotado de tropas mais numerosas e de equipamentos ultramodernos.

Nunca tilnha sido lançado contra o nosso país um exército de agressão com um milhão de homens e com equipamentos modernos como o corpo expedicionário americano e as tropas mercenárias de Saigão. Nunca o nosso povo enfrentara um inimigo com tão enorme potencial económico e militar como o do imperialismo americano. Mas o nosso exército e o nosso povo alcançaram grandes vitórias, continuam a alcançar outras ailnda mais importantes e marcham, sem sombra de dúvida, para a vitória total.

A vitória militar do nosso povo, das nossas forças armadas populares, fez fracassar a tese militar burguesa sobre o papel determinante da arma e da técnica na guerra. Confirma a tese militar do proletariado sobre o papel decisivo do homem e das massas populares, comprova a clara superioridade da ciência militar proletária sobre a ciência militar burguesa.

Já lá vai a época em que os grandes países imperialistas, com a sua força militar, impunham o que queriam e submetiam os pequenos povos.

A grande vitória do povo vietnamita, uma pequena nação, com um pequeno território nacional, população pouco numerosa e uma economia subdesenvolvida, sobre os imperialistas, dotados de um potencial económico e militar enorme, com tropas numerosas e equipamentos técnicos modernos, demonstra o grande poder dos povos, incluindo os povos pequenos, empenhados numa linha justa de combate e as limitadas possibilidades dos grandes países imperialistas nas suas injustas guerras de agressão.

Ficou bem claro que

«na nossa época, um país, ainda que pequeno mas unido e resoluto, com uma linha revolucionária justa e sabendo exortar todo o povo para a insurreição, para a guerra e para a participação na edificação e na consolidação da defesa nacional, contando ainda com o apoio e ajuda internacionais, está perfeitamente em condições de derrubar a dominação colonialista e de vencer as guerras de agressão dos grandes países imperialistas, incluindo o imperialismo americano, seu chefe de fila».


Notas:

(1) A expressão é do presidente Ho Chi Minh. (retornar ao texto)

(2) Comunicado do Comité Central, Janeiro de 1931. (retornar ao texto)

(3) “Documentos militares do Partido 1930-1945”. Maison des éditions Quan doi nhan dan (Exército popular), 1969. pp. 113-120. (retornar ao texto)

(4) Constituidos a partir da Insurreição de Nam Ky, em Novembro de 1940. (retornar ao texto)

(5) “Relatório politico” – “III Congresso nacional do Partido dos Trabalhadores do Vietnam”- Edições em línguas estrangeiras, Hanói, 1911, tomo I, pp..178-179. (retornar ao texto)

(6) J. Staline: As questões do leninismo”. Edições em línguas estrangeiras, Moscovo, 1949, p. 88. (retornar ao texto)

(7) V. I. Lenine: “Revoltas no exército e na marinha”. Obras, Éditions Sociales, Paris, tomo XVIII, p. 236. (retornar ao texto)

(8) F. Engels: lntrodução a “A luta de classes em França. 1848-1850» de K. Marx, Éditions Sociales, Paris, 1948, pp. 31.-32,. (retornar ao texto)

(9) Directiva do Partido em 22/12/1946: “todo o povo faz a resistência”. (retornar ao texto)

(10) Acção militar, luta política e trabalho de explicação e de persuasão no seio das tropas adversárias. (retornar ao texto)

Inclusão 31/01/2013
Última alteração 16/04/2014