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3. Anarcafeminismo
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O movimento feminista foi influenciado pelo anarquismo e os anarquistas consideraram as feministas radicais, as mais próximas de suas ideias. Por isso, o corpo teórico chamado anarcafeminismo pode ser considerado como parte importante do movimento feminista radical. Anarquistas consideram todas as formas de governo (Estado) como autoritário e propriedade privada como tirania. Enquanto que as ideias anarquistas de Bakunin, Kropotkin e outros clássicos do anarquismo representaram alguma influência, a famosa anarquista estadunidense Emma Goldman foi particularmente influente no movimento feminista. Emma, nascida na Lituânia, migrou para os Estados Unidos em 1885 e ao trabalhar em várias fábricas de costura entrou em contato com ideias socialistas e anarquistas. Se tornou uma agitadora, porta-voz e militante de ideias anarquistas. No movimento feminista contemporâneo, as anarquistas circulam os escritos da Emma Goldman e suas ideias ainda são influentes. Anarcafeministas concordam que não há uma versão do anarquismo, mas dentro da tradição anarquista compartilham um entendimento comum, em:
Elas tinham como norte uma sociedade onde a liberdade humana fosse assegurada, mas acreditavam que a liberdade e comunidade vão juntos. Contudo, as comunidades devem ser estruturadas de tal forma que tornem a liberdade possível. Não deveria desenvolver hierarquias ou autoridade. Sua visão difere da tradição liberal e marxista, mas é mais próximo do que as feministas radicais lutam, que na prática que estão envolvidas. Os anarquistas acreditam que os meios devem ser coerentes com os fins, que no processo pelo qual a revolução está sendo trazida, as estruturas devem refletir a nova sociedade e as relações que têm de ser criadas. Por isso, o processo e a forma de organização são extremamente importantes.
De acordo com os anarquistas, a dominação e subordinação dependem de estruturas sociais hierárquicas que são reforçadas pelo Estado através da coerção econômica (que é através do controle da propriedade, etc.). A sua crítica à sociedade não é baseada nas classes e na exploração, ou na essência de classe do Estado, etc., mas foca na hierarquia e dominação. O Estado defende e apoia estas estruturas hierárquicas e tomada de decisões de forma centralizada são impostas àqueles subordinados na hierarquia. Então, para eles, estruturas sociais hierárquicas são as raízes da dominação e subordinação na sociedade. Isto leva à dominação ideológica também, porque a visão que é promovida e propagada é a visão oficial, daqueles que dominam, dentro da estrutura e em seu processo.
Anarquistas são críticos dos marxistas por que em sua visão, os revolucionários estão criando organizações hierárquicas (o Partido) que iriam trazer as mudanças. De acordo com eles, uma vez que a hierarquia é criada, é impossível para as pessoas no topo renunciarem ao seu poder. Portanto, eles acreditam que o processo pelo qual a mudança é procurada, é igualmente importante. "Em uma organização hierárquica, não podemos aprender a agir de forma não autoritária". Anarquistas enfatizam a "propaganda pela ação", onde ações, através de exemplos positivos encorajem pessoas a participar também. As anarcafeministas dão exemplos de grupos que criaram várias atividades comunitárias, como controlar uma estação de rádio ou uma cooperativa de comida nos Estados Unidos onde formas não autoritárias de controlar uma organização foram desenvolvidas. A ênfase central é dada em grupos pequenos, sem dominação e hierarquia. Mas o funcionamento destes grupos na prática, cria lideranças tirânicas ocultas (Joreen), o que levou a várias críticas a eles. Os problemas encontrados incluíam lideranças ocultas, ter "líderes" impostas pela mídia, super-representação de mulheres das camadas médias com muito tempo livre, ausência de grupos de tarefas nos quais as mulheres pudessem participar, a hostilidade em relação às que mostraram iniciativa e liderança.
Quando os comunistas levantam a questão que o Estado centralizado controlado pelos imperialistas precisa ser derrubado, eles admitem que seus esforços são pequenos em essência e que existe uma necessidade de coordenação com os demais, para estabelecer contato com outros. Mas não estão dispostos a considerar a necessidade de uma organização revolucionária centralizada para derrubar o Estado. Basicamente, conforme sua teoria, o Estado capitalista não é para ser derrubado, mas deve haver uma libertação dele. ("como proceder contra a estrutura patológica estatal, talvez a melhor palavra seja se libertar dele ao invés de derrubá-lo", de um manifesto anarcafeminista — Siren 1971). De suas análises é evidente que diferem fortemente da perspectiva revolucionária. Não acreditam em derrubar o Estado burguês imperialista como a questão central, e preferem gastar suas energias formando pequenos grupos envolvidos em atividades de cooperativas. Na época do capitalismo monopolista é uma ilusão pensar que estas atividades podem se expandir e crescer e gradualmente envolver a totalidade da sociedade. Apenas era tolerado em uma sociedade muito desenvolvida como a dos EUA como uma excentricidade, uma planta exótica. Tais grupos tendem a ser cooptados pelo sistema desta forma. Feministas radicais acharam estas ideias adaptáveis a suas visões e foram bastante influenciadas pelas ideias anarquistas de organização ou houve uma convergência das visões anarquistas de organização com as visões do feminismo radical. Outro aspecto das ideias anarcafeministas é sua preocupação com a ecologia e nós consideramos que o ecofeminismo também cresceu das visões anarcafeministas. De tal modo, os anarquistas nos países ocidentais são bastante ativos na questão ambiental.
Inclusão | 30/09/2019 |