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Os dois apelos seguintes são dirigidos às respectivas organizações internacionais e estão publicadas já na imprensa operária comunista, socialista, camponesa e outra, europeia e balcânica, simpatizante da insurreição popular na Bulgária.
O Secretariado da Federação Internacional Sindical de Amesterdão.
O Bureau Executivo da Internacional Sindical Vermelha em Moscovo.
Caros camaradas,
O governo usurpador, estabelecido pelo golpe de estado de 9 de Julho na Bulgária, forma, para se consolidar, uma monstruosa campanha reaccionária contra todo o povo trabalhador e nomeadamente contra o movimento operário do país.
Esta campanha atingiu o seu ponto culminante no dia 12 de Setembro de 1923, no momento em que, sob o pretexto forjado com todos os pormenores de que os comunistas fomentariam um golpe de Estado para o dia 17 de Setembro, o governo deteve mais de dois mil militantes operários e camponeses e tentou deter outros tantos que tinham conseguido esconder-se depois das primeiras prisões, fechou os clubes operários, fez dissolver as organizações operárias e interditou a imprensa operária.
A greve de protesto de vinte e quatro horas, desencadeada nesta ocasião, foi manchada pelo sangue, e as reuniões e meetings de protesto foram objecto da mesma brutalidade por parte das autoridades. Todas as vias de luta legal e de auto-de-defesa das massas operárias foram barradas, e usou-se a violência brutal nas cidades e aldeias do país inteiro.
Assim foi provocada, e se converteu em necessidade, tanto a insurreição de Setembro do povo trabalhador contra o governo usurpador e tirana, como o substituir este por um verdadeiro governo popular operário e camponês.
Apesar da rara unanimidade e do entusiasmo extraordinariamente grande do povo sublevado, apesar do ardor ímpar em lutar até ao fim pela sua liberdade, este foi vencido pelos bandos governamentais, sobretudo devido à insuficiência do seu armamento, enquanto o governo dispunha de artilharia e metralhadoras em quantidade e se servia dos dez mil oficiais e soldados russos de Wrangel, que se encontravam em território búlgaro, bem como de uma parte da organização macedónica armada.
Esmagando assim a insurreição popular, o governo vinga-se agora de forma bárbara ao virar-se contra a população desarmada. Cerca de quinze mil operários e camponeses enchem as prisões. Os detidos são ignominiosamente maltratados. Alguns são até fuzilados sem processo. As famílias de muitos dos insurrectos são exterminados, nem mesmo se poupando os velhos, as mulheres e as crianças. Vilas inteiras são bombardeadas pela artilharia e incendiadas. A população que fugiu para os montes balcânicos, na tentativa de se salvar das ferozes ligas governamentais, experimenta o fogo da artilharia e os tiros das metralhadoras. Todos os ferroviários, assim como outros operários e empregados, membros dos nossos sindicatos, são despedidos, proibidos de trabalhar e votados à fome, assim como as suas famílias.
As atrocidades e os crimes monstruosos do governo dos banqueiros e dos generais escapam a qualquer descrição. Para tentar justificar as suas crueldades e crimes, o governo espalha hoje as mais fantásticas mentiras, segundo as quais o povo insurgido teria cometido assassínios, actos de violência e de pilhagem durante o levantamento. A verdade é muito diferente. As autoridades revolucionárias não cometeram assassínios, actos de violência e pilhagem e nem mesmo actos de vingança pessoal. Nem um cabelo caiu das cabeças do pequeno número de prisioneiros inimigos da insurreição e representantes do poder governamental; os bancos e os bens do Estado, assim como todos os outros bens foram cuidadosamente poupados, e o mesmo se passou em relação à vida dos oficiais de Wrangel capturados, magnanimemente poupada, porque o povo que lutava pela sua liberdade queria evitar qualquer mancha à sua causa sagrada.
Em nome de todo o proletariado búlgaro e de milhares de vítimas dos carrascos dirigentes, dirigimos à Federação Internacional Sindical de Amesterdão e à Internacional Sindical Vermelha de Moscovo, assim como a todas as organizações sindicais filiadas em Inglaterra e em França, na Alemanha e na Áustria, na Bélgica, na Suíça e na Checoslováquia, nos países Escandinavos e na Rússia, na Jugoslávia, na Grécia e na Roménia, como em todos os outros países, um apelo muito sentido e ardente, para que elevem a sua voz de protesto contra o vandalismo sem precedentes do governo contra-revolucionário e fascista búlgaro, para que ajudem, tanto quanto possam, o proletariado búlgaro nestes momentos tão duros para ele e para os milhares de operários e camponeses sublevados que procuram refúgio na Jugoslávia, na Roménia, na Grécia e na Turquia.
Estamos certos de que todos os sindicatos operários, independentemente das suas tendências políticas, não tardarão em manifestar a sua solidariedade proletária internacional para com os irmãos da Bulgária que suportam actualmente as atrocidades do mais feroz terror branco, e lhes prestarão rapidamente todo o seu apoio moral e material.
Fortalecido por este precioso apoio, o proletariado búlgaro defender-se-á mais facilmente dos duros golpes vibrados pela burguesia possuída de raiva, curará mais depressa as feridas causadas pela derrota, reapoderar-se-á e reduzirá o árduo caminho da sua vitória definitiva sobre a reacção e o capitalismo.
Dia 5 de Outubro de 1923.
O Secretário da União Geral dos Sindicatos Operários da Bulgária,
G. Dimitrov
| Inclusão | 15/04/2015 |